Geografia

Nos bastidores da Segunda Guerra Mundial

O Big Three na Conferência de Yalta, em 1945

O que começou com uma simples brincadeira, misturando datas e personagens, me deu a ideia de escrever algumas linhas sobre duas coisas que, por mais que possam parecer diametralmente opostas, guardam entre si uma ligação que é capaz de interferir e moldar o pensamento e o comportamento de toda uma sociedade.

A primeira questão, diz respeito a certos questionamentos que envolvem a história oficial, tão amplamente divulgada e digerida por todos nós. O outro aspecto é algo mais relacionado à atualidade. Ou seja, esse costume detestável que temos de rotular as pessoas por aquilo que possuem, aparentam ou fazem, coisa que, convenhamos, não é o suficiente para definir o caráter de quem quer que seja.

Tudo começou quando me recordei de uma imagem que sempre me provocou uma certa inquietação: a foto de Churchill, Roosevelt e Stálin, na Conferência de Yalta, em 1945.

Antes de qualquer alongamento, é de extrema importância destacar que, dadas as circunstâncias do momento, não seria de se estranhar que as expressões faciais do triunvirato transmitissem mesmo uma clara sensação de que, derrotado o Eixo, a partilha do mundo entre os três estadistas podia ser encarada como um farto e saboroso banquete regado a vareneky, uma massa recheada típica da Ucrânia, e generosas doses de horilka, uma espécie de vodka ucraniana, muito mais forte do que a russa.

Até aí tudo bem, mas, curioso que sou, fui procurar se existia alguma razão obscura para o ar de fina ironia que teimosamente insistia em enxergar no registro do encontro do "Big Three".

Desconfiado com a versão há tempos assimilada, fui me aprofundar melhor sobre o assunto. Encontrei e confrontei diferentes fontes para me certificar da veracidade das informações coletadas.

A bem da verdade, a constatação de que os principais nomes envolvidos no teatro da Segunda Guerra Mundial não eram exatamente, digamos assim, exemplos de conduta a serem seguidos por todos aqueles cuja sobrevivência dependia diretamente de suas decisões, sinceramente, não chegou a me causar nenhum tipo de espanto. Já sabia que os três senhores acima mencionados, cada qual à sua maneira, tinham uma certa queda pelos prazeres mundanos que a vida proporciona.

Franklin Delano Roosevelt

Antes que se pense sobre a batida (e chata) questão do politicamente correto de nossos dias, o patrulhamento de outrora se manifestava de outras formas. Tirando Stálin, um dos responsáveis pelo que se entende hoje como a figura de um marqueteiro político, seus aliados circunstanciais não se preocupavam nem um pouco em ser vistos em público com um cigarro numa mão e um copo na outra. Os tempos mudam. E os hábitos também.

Josef Vissarionovitch Stálin

Sir Winston Leonard Spencer-Churchill

Uma de "minhas descobertas", fato totalmente desconhecido do grande público, nos remete ao minucioso trabalho de pesquisa conduzido por um historiador acima de qualquer suspeita, que prefere manter seu nome no anonimato, receoso de sofrer represálias pela divulgação de tais informações. O estudioso levantou a lebre de que a grande razão do maior conflito que a humanidade já presenciou se deu por um simples capricho envolvendo os egos dos principais líderes daquela época. E tudo pelos ânimos alterados depois da sucessiva ingestão de vodkas, whiskies e, pasmem, até uma genuína caninha do interior de Minas Gerais.

Getúlio Dornelles Vargas

E como tanta mistura assim não podia dar em boa coisa, é evidente que o Brasil não podia ficar de fora dessa. Ainda que as intenções brasileiras quanto aos atributos das potências de então iam muito além de um charminho para conquistar uma vaga cativa no Conselho de Segurança das Nações Unidas - até porque a ONU ainda não havia sido criada -, não é novidade que Getúlio Vargas flertava com o nazismo de Hitler e arrastava uma asinha por Marlene Dietrich, ao mesmo tempo que, mulherengo contumaz, mantinha um affair nada secreto com a vedete Virgínia Lane.

Marlene Dietrich

Gegê e Virgínia Lane

Segundo relatam os documentos guardados a sete chaves pelo avô de Edward Snowden, investigado e chantageado pela Agência de Segurança Nacional (NSA), sem antes tentar dar um jeitinho que não provocasse um certo desagrado à Grande Alemanha, o que balançou o pai dos pobres foi, na verdade, uma proposta da qual não se conhece inteiramente o teor, mas considerada irrecusável, sedutora até, que teve como interlocutora ninguém menos do que Carmen Miranda e confirmada pelo presidente Franklin Delano Roosevelt em sua visita à capital potiguar, no dia 28 de janeiro de 1943.

Em Natal, Getúlio e Roosevelt

Dizem as más línguas que o ponto central da questão diplomática entre as duas maiores nações do continente envolvia o nome de Rita Hayworth, a bela e cobiçada estrela de Hollywood, o que contradiz o pensamento corrente de que o Brasil tenha cedido aos encantos dos gringos para que em Natal, uma cidade de localização estratégica no cenário de guerra do Atlântico Sul, fosse instalada uma base militar estadunidense em função da oferta de uma usina siderúrgica tinindo de nova. Entre a cruz e a espada, coube a Getúlio o bom senso de optar por estabelecer uma política de parceria mútua, que, capitaneados por Walt Disney, contou com a vital participação do Pato Donald e do Zé Carioca como legítimos representantes do que viera a ser denominado como política da boa vizinhança.

Pato Donald e Zé Carioca

Carmen Miranda

Rita Hayworth

Antes disso, reza a lenda que um dos fatores que conduziu o mundo à guerra se deve ao fato de que Adolf Hitler, ferrenho defensor da moral e dos bons costumes, tinha verdadeira repulsa aos "maus hábitos" de seus contemporâneos. Descartado de qualquer regabofe por seus devaneios fora de hora, Adolfinho, como era chamado nos bastidores, sofria calado com as constantes chacotas de seus colegas, que teimavam em pegar no seu pé por seus trejeitos um tanto quanto exagerados.

Adolf Hitler

A sensação de se sentir preterido dos eventos sociais de maior envergadura, provocava uma frequente e assustadora alternância de humor no Führer. Ciente de que era fundamental manter as aparências, num de seus rompantes avassaladores, Hitler foi acometido por um tremendo ataque de piti, descontando sua cólera e abrindo a porta do armário em cima da pobre Polônia, que nada tinha a ver com o caso. Tudo isso contando com a compreensão e o apoio incondicional de sua sempre presente companheira, Eva Braun, que também fazia das suas peraltices, como a inocente e arriscada mania de fumar às escondidas de seu marido temperamental.

Hitler e Eva Braun

Resultado, mesmo de cara limpa (observe o copo d'água na foto acima), o mais careta de todos agia de forma totalmente ensandecida, como se estivesse em total estado de embriaguez.

Dando um salto no tempo em direção aos últimos suspiros da guerra, mais precisamente ao encontro em Yalta, de acordo com os relatos do renomado pesquisador, segue uma passagem que revela o clima de alívio reinante entre os líderes mundiais de maior renome na primeira metade do século XX.

Stálin: "Vai uma talagada aí, brother Sam?"

Roosevelt: "Só se for agora, meu caro Joe!"

Sir Winston Churchill, com o tradicional charuto pendendo dos lábios, se meteu como se o convite fosse pra ele: "Manda logo duas doses, good fellowStálin!"

Pois é. E eu que pensava que aquelas fisionomias consistiam única e exclusivamente na percepção de que, naquela altura do campeonato, Hitler estava mesmo ferrado e o futuro da humanidade estava garantido pelo menos até o próximo capítulo. Santa ingenuidade a minha!

Moral da história:

Não leve tudo tão a sério, pois, no final, as coisas podem ser muito mais sérias do que você pode imaginar.

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