Atualmente, é a Lei 5.889 de 1973               responsável por regular o trabalho rural. Para o que não               está previsto naquela lei, aplica-se a Consolidação das               Leis Trabalhistas (CLT), de 1943. A ideia é rever alguns               aspectos das duas e elaborar uma espécie de “CLT rural”,               específica para o setor.
Para tanto, a Frente Parlamentar da               Agropecuária (FPA) contratou um escritório de advocacia               que fará um levantamento das propostas de interesse do               setor e sugerirá novos projetos, a partir de uma ampla               consulta dos diversos setores agropecuários do país.
Depois que isso for feito, será definida               a estratégia política para que ela avance no Congresso.               Podem ser vários projetos esparsos ou todos reunidos em um               só texto. Alguns pontos já são dados como certos, como a               possibilidade de várias horas extras e a sobreposição dos               acordos entre empregadores e empregados sobre a               legislação.
Fala-se também em ajustes no regramento               sobre a terceirização do trabalhador rural. Atualmente, a               lei que rege essa forma de contratação impede que pessoas               físicas ou jurídicas terceirizem funções relacionadas às               suas atividades-fim. Na agricultura, essa vedação impede               as contratações extras durante as colheitas, quando é               necessário um número muito maior de trabalhadores do que o               existente nas propriedades rurais.
Outro alvo é a Norma Regulamentadora de               Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária,               Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura,               conhecida como NR-31. Expedida pelo Ministério do Trabalho               mediante uma portaria em março de 2005, ela traz               definições específicas sobre as condições de trabalho. Os               ruralistas a consideram exagerada e inaplicável. Querem               modificá-la. Desejam também que uma nova legislação               transfira ao Legislativo a competência para elaborar               normas desse tipo, cabendo ao Executivo apenas sua               fiscalização.
“Há muitos itens que, se retirados, não               farão falta nem aos trabalhadores. Mas da forma como foi               elaborada, a NR 31 não foi feita para beneficiar os               trabalhadores, mas para punir o empregador. Com o               trabalho, não vamos criticar ninguém. Só queremos mostrar               que é impossível cumprir todas as 252 exigências”, disse               na semana passada a presidente da Confederação da               Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia               Abreu (PSD-TO).
O vice-presidente da Comissão de               Agricultura da Câmara dos Deputados, deputado Moreira               Mendes (PSD-RO) disse que a ideia não é retirar direitos,               mas flexibilizar alguns pontos. “Precisa ter uma               legislação nova que, sem suprimir direitos garantidos pela               CLT, possa resolver os problemas que a atual legislação               tem nos causado”, afirmou.