Brasil e Colômbia compartilham uma fronteira que, ao longo de 1,6 mil quilômetros, é uma das mais inóspitas do continente. Não apenas pelos milhares de quilômetros de selva amazônica que separam as principais cidades dos dois países, mas porque a maneira mais comum de cruzar de um lado a outro é navegando por rios controlados por guerrilheiros, narcotraficantes e paramilitares.
Efeitos do conflito colombiano são sentidos nos países vizinhos. Estima-se que 250 mil colombianos já fugiram da Colômbia para a Venezuela e o Equador, e que outras 20 mil pessoas vivam só na região da Amazônia legal, em situação de vulnerabilidade.
Visto como um país que colabora no campo da segurança e da solidariedade aos refugiados, o Brasil mantém entretanto uma cautelosa distância em relação à Colômbia.
Sobre quase toda a política externa colombiana paira a imagem dos Estados Unidos, a potência militar aliada do governo colombiano no plano de combate às drogas. Este pode ser um problema no relacionamento da Colômbia com países como a Venezuela, governada por um feroz crítico das políticas de Washington, o presidente Hugo Chávez.
Não é o caso do Brasil, que não é percebido como uma nação capaz ou mesmo desejosa de desafiar os Estados Unidos. A crítica de analistas e acadêmicos colombianos é que, por outro lado, Brasília se mantém demasiadamente afastada de Bogotá - um fato mais fácil de perceber que de corrigir.
Se os dois países devem estreitar as relações para melhorar o combate ao narcotráfico - no qual o Brasil tem um papel mais que secundário -, há pouco consenso sobre que papel caberia a Brasília em questões como a libertação de reféns da guerrilha ou a mediação de conflitos entre a Colômbia e seus vizinhos.
O olhar do povo
Cansados do conflito político que já levou 3 milhões de pessoas a deixaram suas casas, colombianos vêem o Brasil como um lugar pacífico, onde gostariam de retomar sua vida, mas ainda de difícil acesso.
No Brasil, não se vêem os problemas que temos aqui: fome, violência, desemprego.
Álvaro Trujillo, deslocado
A ONU estima que até 20 mil colombianos já tenham sido "expulsos" para o Brasil por causa da violência e das extorsões praticadas pelas guerrilhas marxistas e por grupos paramilitares. Mas a barreira do idioma e a inóspita selva amazônica, que dificulta a travessia a pé, têm contido o fluxo de colombianos.
Muita gente que foi para o Brasil diz que quem chega lá encontra emprego facilmente.
Luiz Alberto Ruiz, vendedor de revista
Talvez pelo desconhecimento gerado pela distância, o Brasil aparece como uma espécie de esperança ou sonho distante no imaginário dos vizinhos imersos em crise.
Para os mais pobres, o crescimento econômico e a imagem de país amigável fazem do Brasil um lugar que oferece promessas de emprego e de uma vida melhor.
As relações econômicas
Números
? População: 45 milhões
? PIB: US$ 374 bilhões
? Quanto o Brasil exporta para o país: US$ 2,3 bilhões
? Quanto o Brasil importa do país: US$ 426 milhões
? Saldo comercial com Brasil: US$ -1,9 bilhões
A balança comercial do Brasil com a Colômbia é um exemplo da disparidade que caracteriza a relação econômica entre o maior país do continente e seus vizinhos.
Exportador de produtos manufaturados - sobretudo aviões - para a Colômbia, o Brasil importa principalmente itens básicos, como óleo bruto de petróleo, resíduos de alumínio, ferroníquel e outras matérias-primas.
O governo brasileiro ressalta que a desvantagem comercial é compensada pelos investimentos de empresas brasileiras no país vizinho, que já são históricos. A Petrobras iniciou na Colômbia sua atuação internacional ? hoje, mais de 50 postos de gasolina com a bandeira verde-amarela estão espalhados pelo país. Há também projetos na área de exploração.
No ano passado, o grupo Votorantim comprou a maior siderúrgica colombiana, a Acería Paz de Rio, e junto com o grupo Gerdau se tornou detentor de 60% do setor siderúrgico colombiano.
Agora, o presidente Álvaro Uribe quer convencer a Companhia Vale do Rio Doce a investir cerca de US$ 6 de bilhões em uma unidade de alumina ? a matéria-prima do alumínio ?, uma geradora de energia e um porto no mercado vizinho.
Observadores econômicos em Bogotá dizem que o aumento dos investimentos brasileiros se deve a bons resultados da política de segurança do presidente Álvaro Uribe, que reduziu o temor de companhias estrangeiras de se fixar no país em conflito.
Entretanto, críticos de Uribe dizem que a Colômbia, como vários outros países da América Latina, apenas embarcou na bonança que impulsiona os exportadores de produtos básicos.
BBC BRASIL
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