Estive ocupada com o planejamento da escola, com os cuidados da minha mãe, inclusive, a levei a duas consultas médicas e dormi em sua casa.
Não pude acompanhar todas as sessões da plenária do Senado dos dia 05 e 06, mas o pouco que consegui assistir posso afirmar que, infelizmente, me causou ojeriza.
O pior de tudo é observar as manobras que estão sendo realizadas de forma explícita e/ou implícita, as quais indubitavelmente levarão a um resultado já bastante conhecido pela sociedade brasileira.
O Presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), alegando falta de provas, arquivou três denúncias e uma representação contra José Sarney, assim como uma representação contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
As três denúncias arquivadas dizem respeito ao crédito consignado (onde há participação direta do neto de Sarney, José Adriano Cordeiro Sarney) e as outras duas ligadas à Fundação José Sarney (uma delas referente à mentira dita pelo presidente do Senado quanto a sua responsabilidade na gestão da Fundação).
A quarta ação arquivada foi uma representação do PSOL contra o presidente do Senado em razão da edição e publicação de atos secretos.
Outro fato que foi noticiado na mídia, foi o encontro - sem divulgação na agenda oficial - do senador Fernando Collor (PTB-AL) com o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, um dia depois da discussão entre o Collor e o senador Pedro Simon (PMDB-RS) na sessão da plenária do dia. Especulações quanto à influência e participação do nosso presidente no grupo dos aliados de José Sarney.
Estas e tantas outras atitudes e parcerias nos leva a acreditar, mais uma vez, que as acusações que incidem sobre o presidente do Senado José Sarney resultarão em N A D A, bem aos moldes das tradicionais "pizzas" que tanto marcaram e marcam os processos de denúncias contra os nossos políticos, membros ativos e representantes, eleitos, pela sociedade brasileira.
A fala do presidente do Senado, José Sarney, mostrou bem claro a situação do chamado "rabo preso" dos políticos ao afirmar que todos, ali presentes (os senadores) eram iguais. Nenhum era maior do que o outro e, por isso, não podiam exigir a sua renúncia da presidência do Senado.
Este rebateu a quase totalidade das acusações feitas contra ele, inclusive, fazendo uso de tecnologia moderna, com apresentações em Power Point, mas ficou claro que todos os seus argumentos não eram condizentes com a realidade.
Ele negou ter praticado nepotismo, mas admitiu que teve influência na contratação da sobrinha Vera Portela Macieira Borges, funcionária do Ministério da Agricultura, que foi requisitada pela Presidência do Senado e cedida ao gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS), em Campo Grande (Mato Grosso do Sul).
As demais nomeações, Sarney alegou que estas foram contratações para gabinetes e, por isso, a responsabilidade não cabia a ele e, sim, aos respectivos senadores.
Outras denúncias desmentidas por Sarney foram comprovaram na hora por alguns senadores, como por exemplo, o caso de Rodrigo Cruz, que foi funcionário da Diretoria Geral da Casa. Sarney alegou que não o conhecia e foi mostrado e passado de mão em mão, um notebook com a imagem de José Sarney - como padrinho - na cerimônia de casamento deste com uma filha do ex-senador Agaciel Maia.
Em seu pronunciamento e de outros senadores, tanto do grupo de oposição quanto dos aliados, ficou envidenciado que as práticas destes não são tão transparentes assim.
As sessões estão sendo marcadas por acusações e rebates, simultâneos, baseados por atos secretos ou não cometidos por muitos deles, extrapolando o ponto central da plenária.
Eu mesma estava super interessada no pronunciamento do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), que se mostrou moderado em suas palavras, tal como deveria ser o clima dos discursos na plenária.
Apelou que a compreensão prevalecesse e que ele mesmo tinha dificuldades para punir qualquer colega no plenário. Por sua vez, este se mostrou a favor da renúncia de Sarney, visto que deixou claro que prevalecesse os fatos contra este.
Só que para minha surpresa, ao final de seu pronunciamento, este tomou a posição dianteira e afirmou que sabia que tinha problemas no Imposto de Renda.
Mais uma vez, na plenária do Senado, prevaleceu o clima de "lavação de roupa suja". Desta vez foi entre os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). Este último defendia o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) quanto à acusação que este manteve um servidor "fantasma" lotado em seu gabinete, enquanto este (Carlos Alberto Nina Neto, filho do amigo e seu subchefe de gabinete, Carlos Homero Nina) fazia Mestrado em Barcelona.
A discussão entre Renan Calheiros e Tasso Jereissati foi de baixo nível. Foram ofensas pessoais, acusações quanto a supostas irregularidades, uso de dinheiro público e a influência de terceiros.
O senador Tasso Jereissati solicitou ao o Presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), uma representação contra Renan Calheiros por quebra de decoro parlamentar, pois este lhe chamou - aos gritos e fora de alcance do microfone - de "Seu coronel de merda!".
Diante do clima insustentável, o Presidente do Conselho de Ética concedeu uma pausa de dois minutos na plenária.
É triste assistir e ver como são conduzidas as discussões no Senado. Como eles perdem tempo, esquecendo das prioridades a serem debatidas e decidas no plenário. Quantos privilégios, estes detêm e usam em proveitos próprios e individualistas. O quanto de dinheiro rola por detrás das cortinas da política, sustentadas por irregularidades, falcatruas e desvios de dinheiro público.
Muitos argumentos são utilizados baseados nos programas que deram certos, como se estes foram realizados sob a forma de favor ao povo. Nada mais do que obrigação!
Realmente, concordo com o presidente do Senado - José Sarney - todos são iguais, mas discordo que em razão desta dura e triste realidade (criada por culpa do povo, vamos assim admitir) deve ser mantida.
Cada qual, na sua hora. Agora é a vez de José Sarney. A ele cabem todas as acusações, não há como negar ou minimizar os seus atos baseando-se em seus programas ou medidas tomadas por ocasião da presidência do Brasil, bem como nas práticas irregulares de outros parlamentares desonestos.