Como Mexico No Hay Dos
Geografia

Como Mexico No Hay Dos




Tenho falado tanto sobre a América Latina nos últimos tempos, mas acabei me lembrando que o México foi o centro das minhas atenções por apenas três vezes.

A primeira foi sobre a bela cantora mexicana, Julieta Venegas. Depois foi a vez de comentar a respeito da "maldição" do  Mal de Montezuma. Por último, dei as caras depois de assistir a uma partida de futebol em que o narrador Galvão Bueno (sempre ele) gritou em alto e em bom som que o México se situava na América Central, o que foi mais do que suficiente para que eu prestasse uma singela homenagem ao locutor global, em que fazia questão de bradar em um tom mais elevado ainda contra tamanha incorreção geográfica, mostrando que, na verdade, o México fica na América do Norte.

Hoje, especificamente, não vou falar sobre história, cultura ou curiosidades a respeito deste país. Apesar de considerar que existem muito mais semelhanças do que diferenças entre o Brasil e o nosso irmão do norte, vou meio que desprezar essa certa afinidade e fazer diferente.


Remexendo no baú da memória e vasculhando as minhas quinquilharias, dei de cara com um livro do Fernando Sabino (1923-2004) chamado ?De cabeça Para Baixo?.


Tudo bem que não é das melhores obras de um de nossos maiores escritores, mas creio também que o livro não busca tal pretensão.


Trata-se de um apanhado, em forma de relatos de viagens, em que o autor narra suas experiências, das mais diversas e pitorescas, pelos mais diferentes países do mundo, num período compreendido entre 1959 e 1986, na maioria das vezes tendo como parceira a sua ?companheira de existência?, sua mulher, Lygia Marina.

Eu poderia ter escolhido qualquer um dos destinos de Sabino para ilustrar esta postagem. Decidi pelo México meramente por questões de simpatia e afinidade, sem falar que é uma das partes do livro que considero mais interessante.

 Celebração do Dia dos Mortos

Para vocês terem uma ideia de como as características culturais e os costumes de um determinado povo podem nos causar profunda estranheza, por mais que achemos o contrário, extraí um trecho da crônica sobre o México, cujo registro data de 1976, para vocês se divertirem com a maestria de Fernando Sabino em contar uma boa história de algo extremamente pessoal, que poderia soar totalmente desinteressante para quem não partilhou de sua jornada por terras estrangeiras.

Desfile em homenagem aos zumbis, realizado no último sábado, 30/07, na Cidade do México

Antes, vamos à sinopse do livro.

Fernando Sabino retoma uma antiga tradição em língua portuguesa, que remonta aos tempos dos grandes navegantes ou da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto e se insere na própria origem da História do Brasil ? não fora a Carta de Pero Vaz de caminha um dos mais preciosos exemplos: a da literatura de viagens.

Não se trata, pois, de meras impressões do exterior, com roteiros turísticos e sugestões ao viajante.

Desde a sua descoberta da Europa em 1959 até se ver de cabeça para baixo no Extremo Oriente, o autor relata o melhor de suas andanças, tropelias e trapalhadas por este mundo afora em quase trinta anos. E o faz na linguagem ágil, viva e quase sempre hilariante que o consagrou como um dos prosadores mais lidos e admirados entre nós.

Aqui o vemos em Bruxelas, Paris, Lisboa, Londres, em vários e divertidos reencontros com Otto Lara Resende, seu companheiro de encontro marcado desde a juventude. Ou em Teerã, Hannover, Argel, numa seqüência de aventuras cinematográficas com seus companheiros de filmagens. Ou redescobrindo a alegria de ver as pessoas e lugares pela primeira vez, com a sua companheira de existência.

Em Cuba, ao tempo da vitória da revolução de Fidel castro, ou nos Estados Unidos, México, Peru, Portugal, Espanha, França, Alemanha, Inglaterra, Grécia, Suécia, Dinamarca, Marrocos, Argélia, Irã, Japão, Hong Kong, Bangkok, Cingapura ? aonde quer que o tenha levado o seu desejo de partir, soube ele recolher a experiência humana que faz deste livro, a um tempo leve e denso, uma experiência inesquecível também para o leitor.


Agora, vamos o trecho de Como Mexico No Hay Dos.

Uma Embaixada é como um hotel de luxo. Por supuesto! Nosso Embaixador, Lauro Escorel, meu amigo há trinta anos, houve por bem nos acolher em sua casa. Estamos sendo tratados a vela de libra.

Outro velho amigo é o Edgar Kersting, da Varig. Resolvi fazer-lhe uma visita. Já fui lá da outra vez que estive aqui, mas não lembrava onde fica. E saí perguntando a um e outro pela rua onde encontrar a Calle Benavente.

? Por supuesto ? responde o mexicano, sem entender meu castelhano.

É uma expressão que serve para tudo: quer dizer certamente, e certamente não quer dizer nada. Posso sair respondendo por supuesto a torto e a direito que dá certo, carajo! ? outra expressão muito usada e que, esta sim, quer dizer alguma coisa.

Mas da Calle Benavente mesmo, nada. Como aqui costumam homenagear escritores e artistas, imaginei que se tratasse do escritor espanhol Jacinto Benavente. Tive de telefonar de novo para descobrir que eu deveria estar procurando era a Calle Viena, 20.

Preciso aprender um pouco sobre este país. Por supuesto! Para isso, comprei um livro chamado Como Mexico No Hay Dos. (Dizem que o resto do mundo, quando o mexicano afirma isso, costuma acrescentar: gracias a Dios.)

Pois este livro tem uma epígrafe de um ?periodista brasileño?, que não é outro senão o Arnaldo Pedroso d?Horta, tirada do livro que escreveu sobre o México. Por causa desse livro ele foi proibido de voltar aqui enquanto viveu.

Diz que o mexicano, ?para dominar um velho complexo de inferioridade, trata de afirmar sua superioridade nacional?: qualquer cidadão que a gente encontra não se interessa em saber como é o nosso país, mas pergunta logo: ?Que le parece México?? e fica de olhos brilhando a esperar que respondamos o que ele quer ouvir, isto é, que não existe outro país como este, o México é único.

(SABINO, Fernando. De Cabeça Para Baixo, p. 97 e 98, 4ª edição, Record.)




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