Uma coisa leva a outra.
Depois de ter falado sobre como dar uma lição de moral na prepotência gringa, acabei me lembrando de um outro personagem que também não era do tipo de deixar barato para quem quer que fosse: João Saldanha.
Gostava de escutar os comentários do João nos intervalos e após o término das partidas de futebol. Ele possuía um estilo único, ácido e objetivo, usando uma linguagem simples e direta, como num papo entre amigos, que fugia do eruditismo cheio de pompa e circunstância de certos narradores com um esnobismo carregado de exagero e artificialidade.
Também era fã de suas declarações sobre os mais variados temas, que ultrapassavam os limites dos campos de futebol. João Saldanha falava com propriedade sobre qualquer coisa, com a propriedade de um profundo conhecedor daquilo que se discutia.
No livro ?João Saldanha - Sobre Nuvens de Fantasia?, que integra a coleção chamada ?Perfis do Rio?, editada numa parceria entre a RioArte e a Relume-Dumará, que homenageia personalidades marcantes do cotidiano do Rio de Janeiro (não necessariamente cariocas), o jornalista João Máximo mostra o seu amigo e xará exatamente da forma que eu o via: um sujeito com a mente fervilhante que guardava dentro de si um enorme coração.
Leia a apresentação do livro que você vai entender o que quero dizer.
Em um papo com São Pedro imaginado por João Máximo, João Saldanha, já entrando no céu, diz de si mesmo:
? Fui contrabandista de armas aos seis anos de idade, líder estudantil aos 20 anos, dono de cartório aos 33, membro do Partido Comunista Brasileiro a vida toda. Também fui jogador e técnico de futebol, campeão de basquete, jornalista, comentarista de rádio e televisão, analista de escola de samba, escritor, co-autor de enciclopédia, ator de cinema, candidato a vice-prefeito. Participei da Grande Marcha com Mao Tsé-Tung, desembarquei na Normandia com Montgomery. Casei-me cinco vezes. Briguei muito e nunca levei a pior. Assisti a todas as Copas do Mundo... Isso dizem que eu fui: um grande personagem. Contraditório como costumam ser alguns deles. Lúcido e confuso ao mesmo tempo. Inteligente e ingênuo. Gentil e explosivo. Justo e absurdo. O melhor dos amigos e o pior inimigo. Um apaixonado pela verdade caminhando sobre nuvens e fantasia. É o que dizem. Parece que vivi várias vidas, sempre entre a lenda e a realidade. Muito querido, reconheço, mas desconfio de que bem mais como mito do que como ser humano.
Fantasioso ou não, este não deixa de ser um retrato de um cara de caráter e personalidade, João Saldanha, o mais carioca de todos os gaúchos, que, falecido em 1990, durante a Copa da Itália, faz muita falta ao Brasil.
Em um trecho do livro constam duas passagens referentes a uma viagem de João Saldanha à Europa, em 1969, período em que ainda era o técnico da seleção brasileira.
Numa delas, um repórter da TV alemã, deixando de lado o futebol, pergunta:
? O que o senhor me diz da matança de índios no Brasil?
Resposta:
? Em 469 anos de nossa História, matamos menos gente do que vocês em dez minutos de uma guerra.
Logo a seguir, quando de sua escala na Inglaterra, num debate televisivo com Sir Alf Ramsey, treinador britânico que vinha alardeando sobre os perigos que a sua equipe poderia encontrar na Copa do México, diz o seguinte:
? Não confio nos árbitros de vocês.
? E por que não? ? indagou Saldanha.
? Por que não são honestos.
? E os ingleses, são?
? Certamente.
? Ora, Ramsey, se os ingleses são tão honestos, a que se deve a fama da Scotland Yard?
Boa, João!
Juro que não queria falar sobre futebol, mas depois da melancólica eliminação da seleção brasileira e da humilhante desclassificação da Argentina, acabei me lembrado de uma história que agora compartilho com vocês. Há tempos, lá pelos idos...
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