O domínio britânico e a luta pela independência da Irlanda do Norte são temas recorrentes no Geografia e tal.
E se um assunto tão polêmico, que envolve interesses nem tão escusos e invade o campo da religiosidade, afeta diretamente a vida de tantas pessoas, é mais do que normal que as mais diferentes manifestações artísticas e culturais retratem o cotidiano das ruas da dividida Belfast em suas representações, como, aliás, já foi mostrado aqui com o filme Em Nome do Pai.
Em matéria de música, se o bom e velho rock?n?roll está associado ao mais puro espírito de rebeldia e contestação, nada mais apropriado do que letras ácidas e um som pesado para expressar a dura realidade daqueles afetados por desavenças históricas.
Hoje vou mostrar duas canções, de duas bandas da República da Irlanda, o Eire (tão irlandeses quanto seus vizinhos do norte), que tem como pano de fundo essa turbulenta relação entre ingleses e os habitantes do Ulster.
A primeira, do U2, é a mais do que conhecida Sunday Bloody Sunday, do disco War, de 1983, que descreve o episódio conhecido como ?Domingo Sangrento?, ocorrido no dia 30 de janeiro de 1972, em Derry, na Irlanda do Norte, quando tropas britânicas atiraram e mataram 14 pessoas, ferindo outras 26, todas desarmadas, que participavam de uma manifestação pacífica em respeito aos Direitos Civis.
A outra música é Zombie, da banda The Cranberries, do álbum No Need to Argue, de 1994, que aborda a morte de duas crianças em um bombardeio do IRA em Warrington, na Inglaterra, em 1993.
Longe de ser uma variação sobre o mesmo tema, as ações do IRA e a repressão das forças militares britânicas podem ser interpretadas de maneiras distintas e até vistas como as duas faces da mesma moeda, mas, em ambos os casos, a preocupação maior diz respeito às vítimas inocentes desse conflito que, por mais que se fale sobre acordos de paz e deposição de armas, não terá um fim definitivo enquanto a Irlanda do Norte não conseguir sua autonomia total.