Geografia
Vamos pesquisar a doutrinação ideológica nas universidades? Eu topo trabalhar de graça
Uma pesquisa realizada pelo CNT/Sensus, e complementada por levantamento feito em 130 livros e apostilas de história e de geografia, demonstrou cabalmente a prática da doutrinação ideológica no ensino médio brasileiro. Diante das evidências de doutrinação que existem também para o ensino superior, nada melhor do que fazer uma pesquisa semelhante em nossas universidades. Já existe até uma experiência internacional que podemos tomar por base.
No final de novembro de 2004, com efeito, divulgaram-se os resultados de uma pesquisa elaborada pelo American Council of Trustees and Alumni ? ACTA para avaliar a politização e partidarização do ensino superior nos EUA. A pesquisa foi aplicada nos 25 ?colleges? e 25 universidades que ocupam as melhores posições na classificação do U.S. News & World Report, sendo que, devido a sobreposições nos rankings dos dois tipos de instituições de ensino, a amostra incluiu ao todo 26 universidades. O número de estudantes entrevistados foi de 658, e os dados produzidos apresentam uma margem de erro de 4% para mais ou para menos. Resumidamente, os resultados foram os seguintes:
49% dos estudantes afirmaram que os professores frequentemente inserem comentários políticos em seus cursos, mesmo quando eles não têm nada a ver com o assunto tratado;
29% sentem que devem concordar com a visão política do professor para conseguir boas notas;
48% relataram que as exposições feitas pelos professores sobre temas políticos ?parecem totalmente unilaterais?;
46% disseram que os professores ?usam a sala de aula para apresentar visões políticas pessoais?, embora a maior parte dos entrevistados estudasse em áreas que não têm a política como objeto, tais como Biologia, Engenharia e Psicologia;
A pesquisa, realizada pouco antes e depois de uma eleição presidencial, apurou que 68% dos estudantes afirmam que seus professores fizeram comentários negativos sobre o presidente George W. Bush em sala de aula, ao passo que 62% relataram que os professores elogiaram o senador John Kerry, candidato oposicionista;
42% acusaram as leituras designadas para as disciplinas de apresentar apenas um tipo de interpretação para temas controversos;
Seria extremamente oportuno que uma pesquisa desse tipo fosse realizada nas universidades brasileiras, pois é bastante provável que a politização e partidarização se mostrassem ainda maiores do que no caso norte-americano. Provavelmente, é a hegemonia esquerdista existente nos meios universitários brasileiros que explica a inexistência de pesquisas semelhantes à do ACTA sendo feitas por aqui, visto que a homogeneidade das formas de pensar reduz o interesse de questionar condutas a elas relacionadas. Deve explicar também a razão de a universidade brasileira, que não se preocupa em discutir se há unilateralismo e partidarização nos conteúdos das aulas, vir se dedicando a policiar a imprensa com pesquisas e publicações que cobram pluralismo dos grandes jornais, embora certas análises produzidas com base nessas pesquisas sejam claramente favoráveis ao PT e, portanto, partidárias (Diniz Filho, 2013).
Alguém se interessa?
Para que uma pesquisa desse tipo seja realizada no Brasil, falta quem se disponha a financiar. Um tempo atrás, tratei dessa possibilidade com o grupo de discussão do site Escola Sem Partido, e até elaborei uma proposta preliminar de questionário tomando a pesquisa do ACTA como modelo. O custo estimado era de R$ 200 mil, mas não apareceu nenhuma entidade interessada em bancar. E eu mesmo não iria ganhar nada, visto que trabalhei no questionário só para que se pudesse montar um projeto de pesquisa.
Acho que eu devia me dedicar a escrever livros didáticos de ensino médio pautados pela geocrítica e pelo socioconstrutivismo (os dois termos designam a mesma coisa, na verdade). Ao menos no Brasil, não há jeito melhor do que esse para ganhar dinheiro com geografia...
Postagens relacionadas:
- Sim, a escola varre as milhões de vítimas do socialismo para debaixo do tapete
- Hobsbawn merece as críticas que recebeu
- - - - - - - - - - -
DINIZ FILHO, L. L. Por uma crítica da geografia crítica. Ponta Grossa: Editora da UEPG, 2013.
-
Associação Dos Professores Mente Ao Negar Doutrinação Esquerdista Nas Escolas
Primeiro, vejamos algumas informações publicadas no site do jornal Gazeta do Povo:Sindicato de professores diz que vai reagir a "projeto antidoutrinação" A APP-Sindicato, que representa os professores da rede estadual de ensino [do Paraná],...
-
Miguel Nagib: "professor Não Tem Direito De 'fazer A Cabeça' De Aluno"
Faço uma breve pausa na discussão inciada no post anterior a este para dar destaque à publicação de um texto do advogado e coordenador do site Escola Sem Partido sobre os problemas éticos e legais envolvidos na prática da doutrinação ideológica...
-
Sim, A Universidade Justifica A Violência!
Respondo agora a um comentário sobre o texto Legitimação do vandalismo nas universidades. O autor nega o problema da doutrinação ideológica no ensino dizendo o que segue: Calma, professor!Do jeito que o senhor fala as pessoas vão realmente acreditar...
-
O Perfil Ideológico Dos Professores
Trabalho com o conceito de que ideologias são concepções de mundo carregadas de valores e que visam orientar politicamente as ações e a organização da sociedade. Os geógrafos, embora se orgulhem de proclamar que a geografia é uma ciência integradora...
-
Petismo Controla As Escolas E Não Fica Só Na Mentira
Já escrevi textos comparando os discursos do PT aos métodos de propaganda nazistas, na medida em que uns e outros seguem a estratégia de mentir repetida e descaradamente até que a mentira se torne verdade. E também tenho procurado mostrar que a hegemonia...
Geografia