Em sentido horário: jacaré-açu, macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta, pirarucu e peixe-boi
Os motivos que levaram à biodiversidade amazônica são um dos principais temas de pesquisa dos cientistas. "A teoria dos refúgios certamente é um deles", diz Ângelo Machado, zoólogo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Fundação Biodiversitas. Hoje, os diferentes tipos de ambientes existentes na Amazônia (como várzeas, igapós e campinaranas, entre outros) contribuem para essa biodiversidade. "Existem na floresta ilhas de cerrado com uma diversidade completamente diferente", exemplifica Aziz Ab?Sáber, geógrafo da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores da teoria dos refúgios. No entanto, não se conhecem ainda todos os fatores responsáveis pela biodiversidade, como reconhece o biólogo Adalberto Val, do Inpa.
Os números impressionam: são cerca de 50 mil espécies de plantas, sendo 5000 de árvores (na América do Norte, são 650); 3000 espécies de peixes (segundo Val, esse número pode chegar a 5000); 353 de mamíferos, das quais 62 de primatas. "Estima-se que a Amazônia tenha 10 milhões de insetos diferentes", diz Ângelo Machado.
Há aproximadamente 50 mil espécies vegetais na Amazônia
No entanto, menos de 10% dessa biodiversidade é conhecida. "Recentemente, foi encontrada uma nova espécie de macaco", conta Adalberto Val. "Se descobriram um macaco, que é um bicho grande e fácil de ser visto, imagine o número de insetos e organismos microscópicos que ainda desconhecemos." E muito dessa riqueza biológica desaparecerá antes que se possa conhecê-la.
A extinção de uma espécie afeta toda a rede em que ela se insere. Insetos, aves e outros animais são responsáveis por funções que garantem a manutenção do equilíbrio ecológico, como a polinização e o transporte de sementes. Quando uma espécie desaparece subitamente, pode não haver um substituto para suas funções.
Fazer uma lista das espécies ameaçadas de extinção na Amazônia é uma tarefa mais difícil do que se pode imaginar. Como em torno de 80% da floresta permanece virgem, não é seguro fazer estimativas apenas a partir das áreas onde geralmente se realizam pesquisas. "O peixe pirarucu estava sendo dado como em extinção, mas foi encontrado em abundância em regiões menos exploradas da floresta", ilustra Val.
Renata Ramalho
Ciência Hoje/RJ
Revista Ciência Hoje