Além da xenofobia, outro tópico que me preocupa e vem sendo, constantemente, noticiado nos meios de comunicação diz respeito ao abuso em crianças, ou seja, a pedofilia.
Recentemente acompanhei uma reportagem na Rede Record de Televisão e fiquei horrorizada com os diversos casos relatados, principalmente, pela diferença de idade entre os pedófilos e as vítimas.
Procuro sempre conversar a respeito disso com a minha filha e não escondo nada sobre as notícias na TV. Embora, eu fique sempre chocada com as mesmas, não pretendo criá-la em um ?mundo de fadas?. É preciso mostrar a realidade e os fatos tais como eles acontecem em nossa sociedade.
Como sou professora e tenho muitos alunos (duas matriculas na rede pública municipal e estadual de ensino), considero de fundamental importância a nossa intervenção junto a estes quanto à informação e orientação.
Uma vez ao responder ao recado de uma ex-aluna em um conhecido site de relacionamentos, não pude deixar de ler a mensagem que estava logo abaixo da minha. Era de um homem adulto, cuja foto ? com certeza ? era fictícia, que alegava que gostou desta e queria saber mais a respeito dela.
No dia seguinte, eu a procurei e conversei a respeito, alertando-a quanto à pedofilia. Esta se mostrou surpresa e que desconhecia os perigos deste tipo de investida.
Daí a importância de mantermos sempre um diálogo aberto com os jovens, sejam nossos filhos ou não. A comunicação é fundamental, caracterizando-se como principal arma para protegê-los.
Devo admitir que eu não sei dizer ? ao certo - se os casos de pedofilia têm aumentado ou se as pessoas, agora, têm tido mais coragem para se expor e denunciar.
Notadamente, a Internet tem contribuído de forma efetiva para o agravamento da situação, possibilitando a concentração e a atuação dos pedófilos sob um mesmo ?canal? para atrair as vítimas. Além disso, no mundo virtual, qualquer um pode criar e assumir personalidade distinta, com foto fictícia e com linguagem refinada para aliciar facilmente crianças e pré-adolescentes.
A pedofilia é definida como atração ou desejo sexual de adultos ou adolescentes por crianças ou crianças pré-púberes (em idades próximas à puberdade/pré-adolescentes).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), ela é, ao mesmo tempo, uma doença, um distúrbio psicológico e desvio sexual (ou parafilia).
Os casos de pedofilia não são exclusivos a determinados segmentos da sociedade, ocorrendo em todas as classes sociais, raças e níveis educacionais.
Embora haja exceções, os crimes sexuais contra crianças são praticados, em geral, por pedófilos e estes, em sua grande maioria, são do sexo masculino. Contudo, há ocorrência entre o sexo feminino.
Necessariamente não precisa haver contato físico (relação sexual) entre ambas as partes para se configurar a pedofilia. O indivíduo pode simplesmente apresentar determinados comportamentos que venham alimentar seus fetiches, o seu desejo sexual, como por exemplo, portar fotografias ou vídeos de menores em cenas obscenas. Estes também são indícios de pedofilia.
Além disso, configura-se como pedofilia se o abusador tiver ? no mínimo ? 16 anos de idade e a diferença de idade dele para a vítima seja de, pelo menos, 5 anos.
Outra observação é que só é caracterizada pedofilia quando os crimes praticados forem contra menores de 14 anos.
Segundo o site ABC da Saúde, pode-se distinguir quatro faixas etárias dos abusadores sexuais, a saber:
1. Jovens até 18 anos, que aprendem sexo com suas vítimas;
2. Adultos de 35 a 45 anos, que molestam seus filhos ou os de seus amigos ou vizinhos;
3. Pessoas com idade superior à 55 anos, que sofreram algum estresse ou alguma perda por morte ou separação, ou mesmo com alguma doença que afete o Sistema Nervoso Central;
4. Aqueles que, independente da idade, sempre foram abusadores por toda uma vida.
Entre os crimes mais cometidos pelos pedófilos, temos:
- Atentado violento ao pudor;
- Estupro;
- Pornografia Infantil.
No mundo virtual, os pedófilos procuram aliciar suas vítimas através de diversos recursos ou programas disponíveis na Internet, tais como:
. Mensageiro Instantâneo (MSN): a comunicação instantânea entre pessoas, seja individualmente ou em grupo, é realizada através de textos digitados ou voz. Pode-se, ainda, promover a troca de vídeos e fotos;
. Chat: Canal bastante utilizado para bater papo e, principalmente, com desconhecidos. As salas de bate-papo são divididas por temas e por faixa etária, mas tal como se caracteriza o mundo virtual, é difícil garantir a veracidade das informações fornecidas pelos seus usuários.
. Blog e Fotolog: Tipo de registro como um diário, de acesso fácil na Internet, onde o usuário escreve suas idéias, problemas, angústias e desejos, podendo disponibilizar informações pessoais e fotos.
. E-mail: Trata-se do correio eletrônico, através do qual é permitido enviar e receber mensagens, imagens, fotos etc.
. Redes de Relacionamentos: Espaços virtuais onde se promove a reunião de indivíduos e comunidades com afinidades ou objetivos comuns, capazes de manter e ampliar os relacionamentos inter-pessoais.
Quanto às formas de se evitar o assédio de pedófilos, os principais sites que tratam sobre o assunto fazem recomendações que servem de suporte aos responsáveis. Vejamos algumas dicas disponibilizadas na rede e outras, como sugestões minhas para os pais:
- Mantenha sempre um diálogo aberto com os filhos;
- Fale sobre pedofilia e, em casos de reportagem, não a ignore, enfoque a situação a fim de gerar uma maior conscientização e a possibilidade de uma discussão em família;
- Pesquise e aprofunde os seus conhecimentos acerca do tema a fim de se sentir mais seguro na forma de intervir junto aos filhos;
- Oriente-o a respeito das formas de abordagem de um aliciador de crianças e adolescentes através de pedido de informações ou de oferta de brindes, presentes na rua;
- Observe qualquer comportamento estranho que o (a) filho (a) venha apresentando (mais introspectivo, choroso, rebelde, agressivo etc.);
- Observe se este apresenta arranhões, hematomas ou marcas no corpo de origem desconhecida e indague sobre a sua procedência;
- Evite deixar os filhos a sós com pessoas estranhas ( não esquecer, também, dos diversos casos já registrados entre indivíduos da mesma família);
- Observe ? na vizinhança ? qualquer movimento suspeito de crianças entrando e saindo de uma mesma residência.
No caso do Ambiente Virtual:
- Aprenda mais sobre a Internet, caso não a domine o suficiente;
- Dedique uma parte do tempo para navegar na Internet com seu (sua) filho (a);
- Oriente-o sobre a importância do uso responsável dos recursos on-line e dos perigos que estes escondem;
- Evite colocar o computador no quarto dos filhos (longe dos olhos dos pais);
- Se o computador estiver no quarto, estabeleça que eles mantenham a porta sempre aberta, principalmente, quando estiverem com acesso à rede (os responsáveis podem entrar para simples averiguação);
- Procure conhecer os amigos que seu filho possui no mundo virtual;
- Verifique, sempre que puder, os e-mails dos filhos;
- Instruí-lo a não postar fotos pela Internet;
- Caso ele as tenha, principalmente, como membro de site de relacionamentos, observe as fotografias que ele está disponibilizando em sua página (evitar a postagem de fotos com pose provocativa que pode incitar o pedófilo);
- Oriente-o a respeito das formas de abordagem de um aliciador de crianças e adolescentes na rede;
- Oriente-o a não divulgar dados pessoais (idade, endereço e telefone) em salas de bate-papo etc.;
- Instale dispositivos de bloqueio e controle a determinados sites;
- Oriente e não permita que os filhos marquem encontros com desconhecidos;
- Estabeleça regras e limites para o uso da Internet;
- Se possível, oriente-o a não utilizar ou a ter cuidados em Lan Houses, pois estas são os espaços de maior acessibilidade dos pedófilos, uma vez que o computador doméstico ou do trabalho pode ser facilmente identificado através do seu IP (endereço numérico que fica registrado em todos os sites visitados pela máquina, sendo um grande aliado na descoberta de pedófilos e criminosos virtuais).
Todo cuidado é pouco e o diálogo continua sendo a maior arma nesta batalha.