Ministra admitiu hipótese de as duas disciplinas passarem a semestrais, por opção da escola. Associações avisam que não aceitam redução horária nem fusão das áreas.
Os professores de História e Geografia temem que o Governo esteja a preparar a fusão entre as duas disciplinas, no 2.º e 3.º ciclos, podendo vir a ser escolhido o mesmo docente para leccionar as duas áreas. Uma hipótese que, avisam, não aceitarão.
Em causa está o facto de terça- -feira, no Parlamento, a ministra da Educação, Isabel Alçada, ter dado estas disciplinas como exemplos de áreas curriculares que poderão passar a ser semestrais, por opção das escolas, no âmbito da revisão curricular no 2.º e 3.º ciclos.
À partida, as presidentes das associações de professores de Geografia (APG) e de História (APH) não rejeitam por completo a hipótese das cadeiras semestrais. "Desde que isso não implique uma redução da carga horária total, não será necessariamente negativo", admitiu ao DN Emília Sande Lemos, da APG, ressalvando falar "a título pessoal, porque a associação vai ainda debater" essa matéria.
"Por exemplo, numa escola com quatro turmas pode haver algum benefício em dar Geografia a duas turmas no primeiro semestre e História a outras duas, invertendo a ordem no segundo semestre", ilustrou. "Permitiria reduzir a carga de turmas ao professor."
No entanto, a professora de Geografia avisou que "em circunstância alguma" esse passo poderá conduzir a uma "desvalorização" destas duas disciplinas, lembrando que, "apesar de a História e Geografia serem muito diferentes, ciclicamente fala-se na sua fusão".
Também Raquel Pereira Henriques, da APH, revelou desconfiança sobre o alcance das palavras da ministra. "A verdade é que, sempre que se fala na redução da carga horária no 3.º ciclo e secundário, surgem a História e a Geografia."
A agravar a preocupação da APH está o facto de nos últimos anos terem surgido alterações à formação de professores, "que já permitem fazer um 2.º ciclo de Bolonha [mestrado] e sair habilitado a leccionar as duas disciplinas, apesar de estas serem completamente distintas, tanto nos conteúdos como na filosofia de ensino".
Quanto ao possível formato semestral, a professora não o excluiu, mas considerou "preocupante" que este possa ser definido pela escola pelo carácter "aleatório" que dará aos currículos.
Raquel Pereira Henriques lamentou que a APH "ainda não tenha sido informada ou consultada" sobre a reforma curricular, apesar de ter pedido uma audiência em Janeiro.
Outra possibilidade anunciada por Isabel Alçada - neste caso muito menos controversa - foi a eliminação da disciplina não curricular de Área Projecto, libertando tempo para aulas suplementares e de recuperação para os alunos.
O Ministério ressalva que a revisão dos currículos está ainda "em análise e será debatida". Diário de Notícias online 1/4/2010