Maracanã, a minha segunda casa - Parte II
Geografia

Maracanã, a minha segunda casa - Parte II




Desde que comecei a me interessar por futebol, já vi pisar no solo sagrado do Maracanã craques e pernas de pau. Equipes incríveis e times de dar raiva. Conquistas heroicas e derrotas humilhantes, sem falar nos shows, como Frank Sinatra, Kiss e Sting, ou mesmo a chegada de Papai Noel, no início de dezembro. E sempre com casa cheia. Público abaixo dos 100 mil era raridade.


Tive a honra de assistir a um jogo do Flamengo contra a Seleção Brasileira (2 a 0 pra gente), disputado no longínquo ano de 1976. A partida foi um amistoso em homenagem à precoce morte do Geraldo, contemporâneo do Zico (mais do que uma promessa, o Geraldo já era uma realidade, a certeza de mais um craque criado na Gávea) e até hoje ficou marcado na lembrança o estádio inteiro gritando Mengo, com toda força, contra o Brasil.




Vi de perto nomes como Pelé vestindo o manto sagrado (num jogo beneficente disputado entre Flamengo e Atlético-MG, em 1979), Maradona (pelo Boca e pela Argentina), Sócrates, Falcão, Adriano e Romário. Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior. Andrade, Adílio, Tita, Nunes, Lico e, o maior de todos, Zico.





Eu já era Flamengo, mas o meu ídolo de infância jogava pelo Fluminense, Rivelino, com sua canhota poderosa e lançamentos precisos para o veloz ponta direita tricolor apelidado de Búfalo Gil.





Depois, teve um tio que tentou fazer a minha cabeça e me levava, junto com um outro primo, para assistir aos jogos do Vasco. Não deu, não nasci pra ser vice, mas foi legal testemunhar um dos gols mais bonitos do Roberto Dinamite, em 1976, dando um lençol no zagueiro Osmar e concretizando uma incrível virada contra o Botafogo, no finzinho do jogo.



Esse mesmo Vasco foi o responsável pela minha primeira grande decepção in loco no Maracanã. O ano foi 1977 e os cruzmaltinos se sagraram campeões cariocas daquele ano, nos derrotando numa disputa de pênaltis.

Tudo bem, faz parte da vida. A volta rubro-negra seria triunfante. E assim foi.

No ano seguinte eu também estava lá e vi o gol de cabeça de Rondinelli, aos 41 minutos do segundo tempo, depois que o Galo cobrou o córner de forma magistral.



A partir dali, sabia o que viria a seguir, um período repleto de glórias. Ganhamos em 1979 (com dois campeonatos estaduais sendo disputados no mesmo ano) e do primeiro Brasileiro, em 1980, nunca se esquece, sempre com o Nunes, o "artilheiro das grandes decisões" dando início à sua sina de matador. Em 1981, o ano mais glorioso de toda a história rubro-negra, também foi hora de acertar as contas atrasadas. O antológico 6 a 0 da vingança, contra o Botafogo, lavou a nossa alma.









Faturamos, de novo, o Carioca. Veio a decisão da Libertadores e o primeiro jogo da final, contra o Cobreloa, do Chile, é que foi realizado no estádio. A conquista do Mundial foi no Japão, mas parecia que estava acontecendo em nossa casa, tamanho foi o passeio nos ingleses do Liverpool. E, considerando a diferença de horário, naquela madrugada distante de 13 de dezembro de 1981, o Rio viveu um clima festivo de Copa do Mundo, com milhares de pessoas saindo às ruas para comemorar.














Em 1982 e 1983, campeões nacionais de novo. E eu sempre lá. Não me recordo do motivo de não ter ido à decisão contra o Internacional, na disputa do polêmico título de 1987 (finalmente reconhecido pela CBF). Me redimi em 1992, no penta, contra o Botafogo.







Eis que veio uma sucessão de fracassos, campanhas vergonhosas e de lutas contra o rebaixamento, mas ainda assim íamos beliscando um Carioca daqui e outro dali, até ultrapassarmos os tricolores e nos tornarmos os detentores da hegemonia do futebol do Rio de Janeiro.

O fim da Era Zico também representou o meu afastamento do estádio. Voltei em 2001, nas duas partidas realizadas contra o Vasco, pelo estadual daquele ano. Eu, calejado e conhecedor dos atalhos do Maracanã, não imaginei que fosse viver em mais uma entre tantas finais assistidas a uma das maiores emoções de toda a minha vida. Eu estava atrás do gol, acima da Torcida Jovem, e com um campo de profundidade, vi com os meus próprios olhos algo inacreditável. Um lance de falta cobrada por um gringo desafiar as leis da Física e fazer a bola tomar uma curva e entrar no único lugar que o goleiro Helton não poderia alcançar, no ângulo.





Lembro muito bem que eu e mais dois desconhecidos nos demos as mãos para fazer uma corrente pra dar sorte. E deu. Bola na rede, muita comemoração, choro e abraços nos amigos de arquibancada.



É, meus senhores, o gol de Petkovic, aos 43 minutos do segundo tempo certamente vai fazer parte daquele filme da minha vida que, segundo dizem, passa nos últimos instantes de nossa vida.


O Maraca é nosso!






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