Por envolver seres humanos, as relações entre aluno x professor e vice-versa, sempre se mostraram desiguais até mesmo no âmbito de uma mesma Instituição de Ensino.
E, neste contexto, os conflitos podem ser gerados, o insucesso tanto profissional quanto de aprendiz pode ser verificado (apesar que o professor também ser um aprendiz...) e, infelizmente, suas sequelas podem permanecer para o resto da vida.
Indubitavelmente, o interior de um escola reflete a realidade externa, ou seja, da (s) comunidade (s) que a rodeia. E, hoje, é notório uma forte tendência à inversão de valores (humanos, éticos, morais etc) na sociedade.
Valores estes, que a escola ? enquanto instituição cultural e social ? deve priorizar, incentivar e/ou resgatar, antes que o próprio indivíduo conceba e encerre a sua vida sob e para si mesmo, ignorando ou subestimando as pessoas ao seu redor.
Torna-se primordial que haja um consenso e que ambas as partes, envolvidas, apresentem compromisso com a Educação, seja como agente mediador (o professor) seja como agente construtor do seu próprio conhecimento (o aluno).
E mais, ainda, que se respeite a hierarquia existente dentro da Unidade Escolar ou, mais especificamente, no âmbito da sala de aula.
Anteontem, no primeiro dia de aula da rede municipal do Rio de Janeiro, durante a minha aula, um aluno interrompeu-me várias vezes, provocando alguns colegas, com a intenção de atrapalhar a minha explanação. Eu o adverti todas às vezes.
Ao término da aula, o mesmo me desrespeitou novamente e, ainda, se justificou tomando por base o fato do meu tempo de aula já ter terminado (mas, eu ainda me encontrava dentro da sala). Eu o encaminhei à Secretaria, logo em seguida.
Vale ressaltar, aqui, que eu já conversei muito com o referido aluno, assim como os demais alunos indisciplinados da turma. Muitas vezes, acredito que - na opinião deles - os meus conselhos e tentativas de conscientização nunca fizeram efeito e, pelo contrário, tornaram-se discursos "chatos".
Pois bem, a falta de respeito é algo que incidi ? de uma forma geral ? nestas relações, sobretudo, nas estabelecidas entre aluno x professor. Não vou ser hipócrita ao ponto de negar que o mesmo não possa ocorrer numa relação inversa (professor x aluno). Infelizmente, há casos isolados, os quais ? inclusive ? contradizem com o nosso papel de educadores, mas graças a Deus, estes são fatos isolados.
A indisciplina, por sua vez, vem tomando proporções assustadoras, onde a presença dos responsáveis ou da ronda escolar ou, ainda, o encaminhamento ao Conselho Tutelar acabam sendo necessários e imprescindíveis.
Para piorar, muitas das vezes, presenciamos a omissão ou conivência de certos responsáveis perante a indisciplina e o desrespeito praticados pelos seus respectivos filhos.
Antigamente, o professor tinha apoio maior e respeito dos responsáveis, mas com o transcorrer dos anos, a autoridade deste se perdeu e os pais - ignorando o assunto a ser tratado pelo professor, não o escuta, saindo sempre em defesa dos filhos, mesmo estando estes completamente errados.
Imagem capturada na Internet (Fonte: Google)
Por vezes, também, ouvimos desabafos de alguns pais, que alegam não aguentarem mais a responsabilidade sobre os filhos, pois eles recebem a mesma forma de tratamento destes(desobediência, desrespeito etc.).
Embora, ao longo dos anos, as estatísticas evidenciem o aumento de professores com estresse, síndrome do pânico, estado depressivo constante ou até a chamada fobia escolar, o maior prejudicado ainda é o próprio estudante.
E, nesta conjuntura, é lamentável que outros alunos acabem sendo prejudicados direta e/ou indiretamente pelas atitudes descompromissadas dos respectivos alunos indisciplinados.
Sob este contexto e fazendo questão de mencioná-lo, destaco a opinião formada de um estudante que, em defesa dos alunos com dificuldades de aprendizagem, enfatizou a atenção desmedida dos professores aos discentes indisciplinados em prejuízo aos primeiros, que carecem de uma maior aplicação.
A referida opinião foi expressa sob a forma de produção de texto, durante uma Atividade Dirigida desenvolvida em sala de aula, no final do bimestre passado, acerca de uma breve análise do desempenho e rendimento escolar do aluno na minha matéria.
E foi justamente a produção do aluno Anderson Ricardo Silva Barreto (7º ano) que mais me chamou a atenção. Em um trecho desta, o referido aluno afirma: ?Sei que a nota influência em grande parte o resultado final, por isso, procuro ter uma boa conduta e também ajudar meus ?colegas?, porque noto que a grande maioria tem muita dificuldade em aprender. Eu acho que os professores deviam prestar mais atenção em determinados alunos e se importarem menos com os ?bagunceiros?". (Este me autorizou a publicar o trecho de sua produção).
Para maiores esclarecimentos, a turma a que ele se refere apresenta um número significativo de alunos muito indisciplinados, descompromissados com o seu próprio processo escolar e infrequentes. Todos eles, em algum dia, já foram encaminhados à Secretaria da escola pelos professores, seja por indisciplina seja por desrespeito às regras da escola ou à autoridade do professor.
Tanto à Direção quanto à Coordenação e a grande maioria dos professores tomaram ciência do texto, que serviu de base para análise e discussão, inclusive, com a referida turma através da minha intervenção.
Ontem mesmo, a Diretora Geral - Profª Ângela Gaetta ? fez questão de ir à sala para parabenizar o aluno, autor do texto, por sua postura perante os colegas e por sua opinião declarada acerca da situação vigente em sua turma.
Realmente, ele fez e faz uma diferença imensa no contexto da escola, como um todo e, mais especificamente, em sua turma (1706).