Em meio a tantas tragédias que vem acontecendo no mundo todo, neste início de 2010, associadas à dinâmica externa da Terra, ora ?embaladas? pelas fortes chuvas, com deslizamentos de terras e enchentes ora pelos efeitos das baixas temperaturas registradas no hemisfério Norte, cuja estação do ano é o inverno... Eis que fenômenos endógenos (do interior da Terra) se manifestam em várias partes do planeta, inclusive, em nosso país, conforme mencionei em postagem anterior, com tremores de terra registrados na região Nordeste.
Todavia, a maior de todas, a mais devastadora surgiu na segunda semana de janeiro e arrasou o Haiti, país da América Central Insular, ?penitenciado? por sua localização geográfica, seja por estar no caminho dos furacões e tempestades tropicais que abatem a América Central e trechos da América do Norte (México e EUA) seja por estar próximo da borda de uma placa tectônica e, com isso, ser uma região envolvida por atividades sísmicas.
E se não bastasse estas características de sua dinâmica ambiental, externas e/ou internas, para piorar, o país enfrenta uma situação caótica e bastante preocupante em virtude de uma história política marcada por ditaduras e um agravante quadro sócio-econômico que o assolou, de tal forma, que foi capaz de lhe conceder o título de o país mais pobre do continente americano.
O forte terremoto no Haiti, de magnitude 7,0 graus na escala Richter, ocorreu no último dia 12de janeiro, às 16:53h (hora local), com epicentro a 16 Km ao sudoeste da capital, Porto Príncipe, e a 10 Km de profundidade. Foi o segundo maior terremoto que a ilha Hispaniola (onde se localizam o Haiti e a República Dominicana) sofreu nos últimos dois séculos e meio (o primeiro foi em 1751).
Sua proximidade à capital do Haiti agravou mais ainda a situação, pois atingiu uma área populosa e pobre. Inclusive, em termos de moradias (construções), mas até os prédios públicos e a sede da ONU foram destruídos parcialmente ou totalmente.
De acordo, com as notícias vinculadas ao fenômeno e divulgadas nas mídias, logo após o grande tremor de terra, dois fortes abalos ocorreram, cujas magnitudes foram, respectivamente, 5,9 e 5,5 graus na escala Richter. Posteriormente, mais de 30 abalos se sucederam no período das 10 horas subsequentes.
Calcula-se que o número de mortos supere 140 mil mortos. Até o momento já foram enterrados, em covas coletivas, cerca de 70 mil vítimas.
De acordo com o geofísico João Willy Rosa da Universidade de Brasília (UnB), o referido terremoto liberou uma energia equivalente a 18 bilhões de toneladas de TNT, semelhante à explosão de mais de 30 bombas atômicas (Globo.com).
Ilha Hispaniola (Haiti e República Dominicana) - América Central Insular
Imagem capturada na Internet
Disposição mundial das placas tectônicas - Imagem capturada na Internet (Google)
Detalhe da Placa do Caribe, sobre a qual se encontra o Haiti
Imagem reproduzida no Adobe Photoshop
A ilha Hispaniola é o ponto de convergência, isto é, de encontro entre as Placas do Caribe com a Norte-Americana, cujo movimento se dá por deslizamento lateral (a placa da América do Norte se movimenta em direção leste-oeste, enquanto a placa do Caribe se movimenta em direção oposta). O ritmo médio do deslizamento lateral entre as placas tem sido na ordem de 8 milímetros por ano.
Movimento das Placas por deslizamento lateral
Imagem capturada na Internet (Apolo11.com)
Além deste movimento entre as duas placas, há um sistema de falhas no país, composto pela falha Setentrional, ao norte, e pela falha Enriquillo-Plaintain Cargen, ao sul do Haiti. Esta última se estende da República Dominicana à Jamaica e foi a responsável, direta, pelo terremoto no Haiti, ocorrido no dia 12 de janeiro.
A falha Enriquillo-Plaintain Cargen é, em grande parte do seu comprimento, firmemente travada e, ao mesmo tempo, submetida a uma forte tensão. Por isso, segundo os especialistas, fratura-se substancialmente mais ou menos a cada século.
Segundo dados da Faculdade de Geociências da Universidade do Texas (EUA), o padrão de rupturas na referida falha segue uma progressão no sentido leste-oeste, com registros de terremotos em 1751 na Ilha Hispaniola (República Dominicana) e, em 1907, em Kingston, capital da Jamaica.
O epicentro do terremoto do Haiti, situado a 15 Km da capital do Haiti (Porto Príncipe) e a 10 Km de profundidade se situou a apenas 3 Km da referida falha.
Registro das ondas sísmicas - Terremoto - Haiti 12/01/2010
Embora, terremotos de origem tectônica sejam difíceis de serem previstos, em março de 2008, durante a 18ª Conferência de Geologia Caribenha, realizada em Santo Domingo, na República Dominicana, o pesquisador Paul Mann, do Instituto de Geofísica da Universidade do Texas (EUA) e mais quatro especialistas apresentaram um relatório acerca de um estudo realizado ao longo da linha da falha Enriquillo-Plantain Garden.
De acordo com os dados obtidos na pesquisa - realizada em 2004 e publicada no Journal of Geophysical Research, estes afirmaram que a referida falha, localizada ao sul da ilha, poderia representar um grande risco sísmico.
Além destes dados, Mann e sua equipe constataram que há um grande risco de novos tremores de terra ao longo da zona de falha Setentrional, que percorre o Vale do Cibao, no norte da República Dominicana. Ou seja, a região apresenta uma grande atividade sísmica, podendo ser considerada "uma das área sísmicas mais ativas do mundo" ? de acordo com Jian Lin (Instituto de Geologia de Massachusetts/EUA) e um dos geólogos da equipe de pesquisa de Paul Mann.
Imagens de Porto Príncipe (Haiti) após o terremoto (12/01/2010) - Todas capturadas na Internet
Fonte: Google
Fonte: Abril.com
. Ambientebrasil
. Estadão.com.br
. G1 - Globo.com
. Veja.com