Quando se fala sobre fuga de cérebros, este é um fenômeno que prejudica enormemente os países em desenvolvimento, que não conseguem competir com as vantagens - como salários atrativos, farto orçamento e condições favoráveis para a realização de pesquisas -, que as nações ricas proporcionam para atrair profissionais altamente qualificados.
A outra face da moeda mostra que qualquer país em processo de crescimento deve investir maciçamente em educação para formar quadros que supram suas necessidades, seja lá em que nível for.
Um exemplo que me vem à mente diz respeito à China, quando abriu a sua economia ao capital externo. Os investimentos estrangeiros foram muito bem vindos, desde que as transnacionais interessadas em explorar o florescente potencial do mercado chinês (não pense só na mão de obra barata e abundante) se associassem a empresas locais e, acima de tudo, transferissem conhecimento. O resto já se sabe. Quem não vai querer atuar em um país com uma classe média, ávida para consumir, composta por quase 400 milhões de pessoas?
Confesso que fiquei surpreso com a polêmica envolvendo a contratação de médicos cubanos para trabalharem no Brasil. Assim como sou totalmente simpático à vinda desses profissionais, que tem uma visão da função social de seu nobre ofício bem diferente da maioria de nossos doutores, sou extremamente favorável que todo e qualquer estrangeiro que possa nos trazer algum tipo de contribuição e ensinamento deve, sim, ser bem recebido.
Muitos se esquecem que o Brasil foi feito por gente de todos os lugares. Mesmo que uma parcela de nossa sociedade beire o ataque de nervos com a presença de qualquer governo comprometido com as causas sociais e não admita fazer nenhum tipo de concessão para a erradicação da pobreza, não há como negar que o Brasil possui uma forte vocação humanitária.
O que não dá é para adotar um discurso xenófobo, de que a presença de imigrantes inibiria as oportunidades para os brasileiros. O que fecha as portas não é em nada diferente daquilo que provoca o aumento galopante da violência urbana: o descaso com a educação e a falta de perspectivas para uma população que ainda sofre com essa gritante concentração de renda.
Sejamos francos, o Brasil é uma potência regional e estamos em ascensão. A nossa política externa é mais firme e não temos nos submetido mais às imposições dos países centrais. Em qualquer mesa de negociação, tratamos e exigimos tratamento de igual para igual. Basta acompanhar os noticiários com um pouquinho de discernimento para se perceber que aqueles que acostumados a subjugar mudaram a forma de tratamento para quem era motivo de chacota como o "eterno país do futuro".
E como toda economia que se consolida e caminha para a maturidade política, é mais do que natural que, da mesma forma que muitos compatriotas estejam retornando de lugares como uma Europa em crise, isso também motive a atração de pessoas das mais diferentes partes do mundo, com qualificação ou não, como profissionais gabaritados, refugiados políticos ou simplesmente gente que busca uma vida melhor, sejam eles japoneses, bolivianos, alemães, indianos ou haitianos.
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