DÚVIDA
O surgimento de nosso satélite ainda não é unanimidade
Há 4,5 bilhões de anos, nascia um astro. A estreia foi digna da grandeza que ele ganharia mais tarde. Houve uma explosão enorme, muito barulho e poeira. A Terra, sua mãe, era uma jovem de 50 milhões de anos. Um dia, a efervescência que tomava conta de seu interior rompeu sua superfície e o fenômeno lançou um trilhão de toneladas de pedras derretidas e em forma de vapor no espaço. Esses detritos orbitaram em torno do planeta, se aglutinaram e formaram o que chamamos de Lua. Eis a nova teoria para o surgimento do nosso único satélite natural, capitaneada pelo geofísico Rob de Meijer e pelo geólogo Wim van Westrenen, da Universidade Livre de Amsterdã. A versão mais aceita até hoje é umpouco diferente. Muitos cientistas concordam que um corpo celeste do tamanho de Marte teria se chocado com a Terra há mais de quatro bilhões de anos. Tal impacto teria sido 100 milhões de vezes mais poderoso do que o do meteorito que acabou com os dinossauros 65 milhões de anos atrás. O calor gerado pelo choque teria vaporizado uma grande parte da crosta e do manto terrestre ? as camadas mais superficiais da Terra.
E, aí sim, lançado a poeira que em menos de um século teria se convertido na Lua. O conceito da nova teoria de De Meijer é controverso. Ele afirma que partes da crosta afundaram através do manto, quase líquido naqueles tempos, e formaram uma camada entre ele e o núcleo do planeta. Essa mistura tornou-se rica em urânio, plutônio e tório ? formando o que os cientistas chamam de georreator. Quando um desses reatores naturais chegou a um ponto crítico, a temperatura local subiu rapidamente para 13 mil graus Celsius. A atividade gerou uma explosão que teria ejetado o manto e a crosta para os ares. Só aí todo esse material teria chegado ao espaço para formar a Lua. A hipótese da fissão, como é chamada, tem sido estudada há 150 anos. Um de seus mais célebres defensores foi George Darwin, filho de Charles Darwin, autor da histórica obra ?A Origem das Espécies?. Em 1930, porém, chegou-se à conclusão de que a pressão dentro do globo era insuficiente para gerar uma explosão capaz de criar um corpo como a Lua. De Meijer agora contraria tal afirmação. Resta saber se ele conseguirá reunir provas concretas para confirmar sua teoria e reescrever o caso de reconhecimento de maternidade mais antigo da história.