LIXOA Terra transformada em lixeira
Equipe Planeta
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Foto: Long Tran Hoang |
Mudança radical : Para resolver o problema do lixo, seja industrial ou doméstico, o ser humano precisa, antes de mais nada, mudar radicalmente os modos de produção e consumo. |
Desde o início da era industrial e da sociedade de consumo, a produção de dejetos não parou de crescer. A situação atual é preocupante, sobretudo nos países em via de desenvolvimento que apenas começam a desenvolver tecnologias de reciclagem.
Nos países europeus mais avançados, a produção de lixo doméstico passou de 200 kg por habitante/ano em 1960 para 540 kg em 2000, ou seja 1,5 kg por dia. O número impressiona, mas ainda assim é modesto se comparado aos 5 kg diários produzidos pelos norte-americanos: campeões mundiais de consumismo.
Quando multiplicada pelo número de habitantes, tais quantidades se tornam assustadoras. Como se livrar de todo esse lixo? Os países desenvolvidos, embora bem melhor equipados para a reciclagem, ainda estão longe de terem encontrado uma solução ideal. Nos países em desenvolvimento, a questão já atinge dimensões dramáticas. Além do aumento em si da quantidade de lixo devido ao incremento constante dos níveis de consumo, é preciso considerar o fato de que esse mesmo lixo se torna a cada dia menos orgânico e, portanto, menos degradável. Amontoado sobre o solo, na periferia das cidades, o lixo se infiltra no solo e polui os lençóis freáticos e/ou polui a atmosfera quando queimado.
O lixo doméstico e industrial tende a ser cada vez mais perigoso. Carburantes, produtos facilmente inflamáveis, irritantes, alérgenos, cancerígenos, corrosivos, infecciosos, tóxicos, perturbadores dos processos reprodutivos: este é apenas um elenco incompleto dos males que eles podem causar. Apesar desses perigos comprovados, sua produção não pára de crescer como um subproduto da industrialização e da urbanização. A título de exemplo, na nova China consumista os dejetos industriais aumentam 7% ao ano, e os dejetos domésticos 10%!
Com o advento da era industrial, a natureza dos dejetos tornou-se muito mais complexa: novos materiais são empregados e se observa uma enorme diversificação dos bens manufaturados fabricados com metais, plásticos, materiais compostos, materiais usados na eletrônica e na fabricação de eletrodomésticos, os quais contêm metais pesados e se degradam mal (muitas vezes não se degradam).
Com o advento da era industrial, a natureza dos dejetos tornou-se muito mais complexa: novos materiais são empregados e se observa uma enorme diversificação dos bens manufaturados fabricados com metais, plásticos, materiais compostos, materiais usados na eletrônica e na fabricação de eletrodomésticos, os quais contêm metais pesados e se degradam mal (muitas vezes não se degradam).
Apesar de toda a evolução da ciência e da tecnologia, os meios de eliminação dos dejetos permanecem os mesmos desde o alvorecer dos tempos históricos. Eles são estocados ou são incinerados. Nos centros de estocagem dos países desenvolvidos, os dejetos são separados segundo a sua natureza (perigosos, degradáveis, inertes, etc.). São recolhidos no interior de alvéolos mais ou menos impermeáveis, e são depois compactados. Os líquidos produzidos por essa compactação são drenados e tratados, enquanto os gases são eliminados ou, como no caso do metano, reaproveitados. Mas, apesar dos cuidados, o controle não é total. As perdas de gases são importantes e o tratamento dos líquidos é muito problemático, sem falar no mau cheiro que tais processos geram.
No caso dos dejetos incinerados, não existe triagem prévia, a não ser para os dejetos industriais perigosos. A queima ocorre a 1000ºC. A incineração diminui o volume dos dejetos, mas trata-se de um processo muito caro e que, além disso, concentra as substâncias poluidoras nas cinzas. Elas são, em seguida, enviadas para centros especiais de estocagem. E o que acontece é que tais centros se tornam rapidamente insuficientes, exigindo áreas cada vez mais extensas para a construção de novos centros.
Quais as soluções, então? Mudanças radicais nos nossos modos de produção e de consumo. Estaremos, no entanto, preparados para abdicar do consumismo perdulário a que nos acostumamos? ?
REVISTA PLANETA
EDIÇÃO 408