Cientistas devem aproximar-se da indústria, diz cientista
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Cientistas devem aproximar-se da indústria, diz cientista


 Inovação Tecnológica

 17/07/2009

Cientistas devem aproximar-se da indústria, diz cientista

Com agências Brasil e Fapesp


O professor Fernando Galembeck, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), defendeu a aproximação entre ciência e indústria durante a 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

"Não dá para pensar em pesquisa científica desvinculada do contexto", afirmou Galembeck. Segundo ele, as universidades, as empresas e os governos perdem oportunidades por falta de parcerias e de estratégias para desenvolvimento e inovação.



Investimento em pesquisa aplicada

O pesquisador acredita que o investimento em pesquisa aplicada deve ser prioridade nos planos de desenvolvimento de ciência e tecnologia. Para ele, a conexão entre instituições de pesquisa e a indústria poderia tornar o país mais competitivo e desenvolver áreas em que ainda há dependência de outros países, como fármacos, equipamentos para telecomunicações e tecnologias da informação.

"Existe a ideia de que a ciência não tem a aprender com as empresas, a ideia de que o fluxo é academia-atividade industrial. E não é bem assim. É um caminho de duas mãos", argumentou. De acordo com o pesquisador, muitas vezes, boas ideias surgem de problemas práticos encontrados nas empresas, "e não na leitura de papers [artigos científicos]".

Galembeck destacou que os produtos e processos industriais de maior rentabilidade atualmente no mercado são, geralmente, os mais novos. E os produtos mais novos são, na maioria das vezes, justamente aqueles com mais aporte recente de conhecimento.

"Podemos dizer que o interesse dos empresários e dos pesquisadores por aquilo que é novo é convergente. E é aí que entra o papel do Estado em fazer com que as ideias prosperem quando elas forem novas e positivas para o público e que sejam suprimidas quando forem negativas para a sociedade", afirmou.

Transição para era pós-petróleo

Galembeck acredita que o Brasil pode liderar a "transição global para uma era do pós-petróleo", mas ressalta que é necessário definir com clareza onde se quer investir conhecimento e recursos. "Muito dinheiro, discursos e boa vontade não criam realidades sem bons planos e estratégias", argumentou.

"Temos hoje, no Brasil, oportunidades enormes para inovar e transferir conhecimento da academia para o setor produtivo, a começar pelo papel de liderança que o país tem atualmente na transição global para a era do pós-petróleo, que será em grande parte substituído pela biomassa", disse.

Para demonstrar que o Brasil tem grande capacidade de transformar conhecimento em riqueza, citou o exemplo do setor dos biocombustíveis e o da indústria química nacional, esta última com faturamento de US$ 140 bilhões em 2008.

"O Brasil vive um momento sem precedentes [na área energética]. Com as recentes descobertas no pré-sal está caminhando para se tornar um dos maiores produtores de petróleo do mundo e também é um dos principais produtores das alternativas ao combustível fóssil. O Brasil é um atacante que chuta com a direita e com a esquerda", brincou.

No caso específico do etanol no Sudeste do país e suas mais de quatro décadas de pesquisa, uma boa referência para atestar essa liderança impulsionada pelo conhecimento é o fato de que, em 1970, todo o açúcar e álcool produzido no Estado de São Paulo eram provenientes de uma única variedade de cana-de-açúcar, conhecida como NA e originária do norte da Argentina.

"Mais recentemente, na última safra, foram plantadas canas de, pelo menos, 250 variedades distintas no Estado, que hoje tem um estoque de mais de 500 variedades. E o estoque de variedades de eucalipto do Brasil - também com mais de 500 tipos - é maior que o da Austrália", apontou.

Curso de patentes para cientistas
O setor químico no Brasil, segundo Galembeck, produz e exporta tecnologias, gera patentes, opera em redes e emprega doutores, a exemplo de grandes empresas privadas de sucesso que têm na pesquisa científica o ponto de partida de seus negócios, como Braskem, Orbys, Oxiteno, Aché e Bunge.

"Na Oxiteno, por exemplo, 54% da produção atual provém de projetos recentes de pesquisa e desenvolvimento. Ou seja, se não tivesse pesquisa, não existiria faturamento", destacou.

O professor da Unicamp chamou a atenção ainda para a falta de interesse dos estudantes universitários brasileiros, de modo geral, com relação à aquisição de informações relacionadas aos direitos de propriedade intelectual.

"Do Oiapoque ao Chuí, com paradas no Rio de Janeiro e em São Paulo, os estudantes, que vão se tornar pesquisadores inovadores e interagir com a indústria, leem dezenas de livros, fazem cursos e escrevem artigos científicos, mas não leem patentes, matéria que só aparece nos currículos das faculdades de direito", apontou.

E nessa linha de raciocínio, segundo Galembeck, os cientistas brasileiros também têm duas opções: descobrir algo, escrever um artigo e ser reconhecido pela comunidade científica e pela imprensa ou, então, inventar algo e transformá-lo em um negócio.

"Será que antes de publicar em revista científica os pesquisadores não deveriam pensar em depositar uma patente e proteger sua invenção?", indagou.


 Inovação Tecnológica
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