Junto a isso, devem constar informações básicas como dados pessoais, formação acadêmica, atuação profissional, publicações, linhas e projetos de pesquisa, áreas de atuação e domínio de idioma estrangeiros. A intenção do CNPq é aumentar o conhecimento da sociedade sobre as atividades científicas que ocorrem no país. "No século 21, o cientista reconhece seu papel de engajamento na sociedade. Ele sabe que está sendo pago e financiado e que deve uma prestação de contas sobre o que faz", disse o presidente do CNPq, Glaucius Oliva, em entrevista à Agência Brasil.
Segundo Oliva, passou a ser papel dos cientistas dar publicidade às atividades de pesquisa, mostrar experimentos e explicar projetos para o público, além de ligar o trabalho a inovações que contribuam com as políticas públicas e até mesmo para a criação de novos produtos a serem lançados no mercado. A mudança na plataforma Lattes poderá ocorrer em até dois meses. O modelo e a funcionalidade das abas já estão formatados e respeitarão as regras de transparência de informações públicas.
O CNPq muda já na próxima semana o seu portal que, entre outras funções, permite acesso à plataforma Lattes.
BOLSAS DE ESTUDO
Os novos dados informados serão considerados pelos 48 comitês de avaliação do CNPq quando forem aprovar projetos de pesquisa e conceder bolsas de estudo a professores e estudantes universitários. O conselho terá indicadores para avaliação dos trabalhos científicos em quesitos de inovação e de produção em divulgação científica, como ocorre hoje com a cobrança de publicação de artigos científicos, os "papers", em revistas especializadas, incluindo no exterior.
Desde junho do ano passado, o CNPq exige, na submissão eletrônica das propostas de pesquisa e nos relatórios eletrônicos de concessão científica, que sejam descritos, "em linguagem para não especialistas", a relevância do que está sendo proposto e os resultados atingidos. Por ano, cerca de 15 mil propostas de pesquisa são recebidas pelo conselho no edital universal (para todas as áreas do conhecimento). Com a divulgação das propostas e relatórios, a expectativa de Oliva é despertar o interesse de "jovens talentos" para a ciência e criar uma nova cultura acadêmica em quatro anos, aproveitando o aumento significativo de novos mestres e doutores formados no Brasil. Na década passada, esse número dobrou, tendo atingido mais de 50 mil em 2009.
Além de mudar a cultura no ambiente acadêmico, o presidente do CNPq imagina que a divulgação de trabalhos e a educação científica possam alterar o comportamento social. "As pessoas têm que usar a ciência no dia a dia. Entender, por exemplo, que há relações de causa e efeito", observou. "Educar para os valores da ciência e para o método científico na vida pessoal nos protege de extremismos e intolerâncias", acrescentou.