As muitas formas do capitalismo (concluindo minha resposta)
Geografia

As muitas formas do capitalismo (concluindo minha resposta)


Concluo neste post a resposta que escrevi ao comentário enviado por Angelo Menegatti a este blog (ver aqui). Vou me concentrar na passagem em que ele afirma que ser velho é defender o capitalismo, já que as ideias que sustentam tal sistema "são as mesmas de 500 anos atrás".


Ora, como já disse José Arthur Giannotti, a utopia de construir uma sociedade complexa sem propriedade privada vem desde a Grécia Antiga! Além de antiquíssima, essa utopia só foi posta em prática durante os setenta e poucos anos de socialismo no século XX, e redundou em malogro completo - onde ainda persiste,  em Cuba e na Coreia do Norte, só se vê miséria. O capitalismo, por sua vez, é uma realidade que já conta séculos, mas nem por isso as ideias usadas para explicar a acumulação de capital e seus efeitos sociais permanecem as mesmas, até porque os modelos de acumulação variam enormemente ao longo do tempo. Só pensa o contrário quem, no intuito de defender velhas utopias, escolhe ignorar as muitas formas assumidas pelo capitalismo ao longo da história. 

Alguns historiadores, como Pierre Villar, afirmam que o capitalismo só teve origem no século XVIII, já que apenas nesse momento as relações de assalariamento começaram a se tornar predominantes na Europa. Até ali, estaríamos na fase da acumulação primitiva, a qual foi necessária para o surgimento do capitalismo, mas não era ainda parte da história do sistema capitalista porque as relações de produção continuavam a ser, na sua maior parte, pré-capitalistas (escravismo, servidão e outras formas de trabalho compulsório).

Mas é certo que a maioria dos autores (e estou entre eles) considera que a acumulação primitiva foi, sim, a primeira fase da história do capitalismo, de sorte que as origens desse sistema socioeconômico remontam à época das grandes navegações, ou seja, há cerca de 500 anos. Mas, nessa época, a acumulação de capital se dava principalmente pela expansão geográfica do circuito de trocas comerciais, sendo o Estado mercantilista o principal agente desse processo. E as diretrizes de ação desse tipo de Estado foram explicitadas pela doutrina mercantilista, a qual, em que pesem suas várias vertentes (metalismo, industrialismo, etc.), preconizava basicamente que: a) o Estado, e não os investidores privados, é o principal criador da riqueza; b) isso ocorre porque a riqueza é gerada no comércio e o comércio internacional é um jogo de soma zero (uma nação só pode ter superávit comercial se outra tiver déficit); c) cabe então ao Estado impor barreiras à importação de produtos e se utilizar da diplomacia e das armas para garantir mercados cativos no exterior.

Ora, eu ou qualquer outra pessoa que já se manifestou neste blog contra as teses de esquerda defende o intervencionismo estatal? Claro que não! O capitalismo de 500 anos atrás era tudo, menos liberal. De fato, o liberalismo nem sequer existia.

Por outro lado, é muito fácil ver geógrafos e outros intelectuais críticos do capitalismo falarem como se a riqueza fosse produzida pelo Estado e cobrarem todo tipo de política intervencionista para defender a economia nacional da "globalização perversa". O mesmo se dá com os professores de geografia dos níveis fundamental e médio, os quais dizem para os alunos que o comércio internacional é um jogo de soma zero. Prova disso é que, numa pesquisa que realizei com alunos do último ano do ensino médio, 67,2% afirmaram que o comércio internacional cria necessariamente assimetrias entre países ricos e pobres, já que o superávit comercial de alguns se faz às custas do déficit comercial de outros...

Para terminar, acrescento que os teóricos anticapitalistas se equivocam não apenas quando deixam de lado as muitas formas assumidas pelo capitalismo ao longo da história, mas também quando ignoram as profundas diferenças entre as formas de capitalismo existentes na atualidade. Mas isso é assunto para outro post. Por enquanto, espero ter deixado claro quem foi que envelheceu antes da hora.




- Sistema Capitalista
Querido aluno, é importante saber que o capitalismo surgiu na época da expansão europeia nos séculos XV e XVI, na passagem da Idade Média para a Idade Moderna, em que o feudalismo estava em crise. Nesse período, não existia comércio, mas a troca...

- O Ambientalismo Dos Geógrafos é Demagogia Esquerdista
Um dos mantras que não param de ser repetidos pelos intelectuais e professores brasileiros é o de que o capitalismo é, em si mesmo, antiecológico. Na geografia, vemos isso nos escritos de Ana Fani Alessandri Carlos, Marcelo Lopes de Souza, José W....

- Marcelo Lopes De Souza: A Banalidade Da Geografia
Poucos geógrafos atuais são tão festejados quanto Marcelo Lopes de Souza. E poucos são tão simplificadores quanto ele. Ao discutir a violência nas grandes cidades brasileiras e as contribuições do planejamento urbano para combatê-la, esse autor...

- Economia
ECONOMIA (SERGIO ALBERTO PEREIRA)01) CARACTERIZOU-SE PELA CONQUISTA E OCUPAÇÃO DE VASTOS TERRITÓRIOS DA ÁFRICA, AMÉRICA E ÁSIA PELOS EUROPEUS QUE DELES EXTRAÍAM PRODUTOS VALIOSOS. 02) REUNIÃO ENTRE AS GRANDES POTÊNCIAS EUROPEIAS QUE DIVIDIRAM...

- Questões Para Simples Avaliação Sobre Sistemas Econômicos - 8o Ano
1 ? Dê duas características do capitalismo:2 ? Assinale na alternativa que contenha um país politicamente ainda socialista:a)França        b)Rússia       c)Coreia do Sul    ...



Geografia








.