Apolônio de Carvalho - Vale a Pena Sonhar
Geografia

Apolônio de Carvalho - Vale a Pena Sonhar



Muito já se disse que um povo sem memória é um povo sem história. E bem pior do que o desconhecimento sobre as coisas que tanto contribuíram para a formação de nossa identidade, o total descaso de que essa liberdade desfrutada de forma tão sem sentido seja resultado do sangue e do suor de muita gente que se sacrificou em prol de uma determinada causa.

Quando se trata de valorizar personagens que se dedicaram ao bem comum, colocando seus princípios e ideologia à frente de uma vida cômoda e confortável, chega a ser cruel que esses verdadeiros heróis não sejam reconhecidos por tanta dedicação e abnegação.

Assim foi pautada a vida de um grande homem, um brasileiro de nome Apolônio de Carvalho (1912-2005).

A sua trajetória foi marcada por uma intensa participação na luta contra a opressão não só no Brasil, mas também no exterior. Seja na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), como voluntário das Brigadas Internacionais, atuando ao lado dos republicanos no confronto contra o fascismo de Franco, ou fazendo parte da Resistência Francesa, juntamente com os partisans, contra a ocupação alemã e os franceses colaboracionistas dos nazistas na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), se as crenças deste verdadeiro cidadão do mundo deram origem à autobiografia Vale a Pena Sonhar (Editora Rocco, 1997), seria um desperdício que tamanha força de viver não fosse transposta para as telas, num filme homônimo ao livro, dirigido por Stella Grisotti e Rudi Böhm, numa produção da Cinematográfica Superfilmes, de 2003.


A rica experiência de Apolônio de Carvalho é um exemplo que transcende o tempo ou tendências. É uma prova incontestável que a força de um ideal é capaz de superar qualquer barreira ou fronteira, mesmo com seguidas derrotas e esporádicas conquistas - entre elas, talvez a mais marcante seja justamente a definitiva, o encontro com a sua esposa e companheira de jornada, Renée France de Carvalho, a quem conheceu através de sua participação no movimento pela libertação da França.

E a lição que fica é que, mais do que sonhar, vale muito a pena acreditar.


Sinopse do livro:

Escrita por um homem que pode olhar o passado certo de que deu conta da sua tarefa muito além do que requeria o dever, esta autobiografia de Apolônio de Carvalho é um marco. É livro de alguém dotado da rara capacidade de viver rigorosamente conforme as suas convicções, no caso, convicções socialistas. Desde sua infância em Corumbá até a militância, Apolônio desenrola o rico painel da história política do século. Do alto de seus 85 anos, revê a Revolução de 30, o Estado Novo, a Guerra Civil Espanhola, a Resistência Francesa ao nazismo, o período brasileiro do pós-guerra, o golpe militar de 64, a resistência armada à ditadura, e os novos caminhos da esquerda.

Além disso, relembra sua própria participação direta em todos esses momentos. Militar de esquerda preso pelo governo Getúlio, combatente internacional na Espanha contra o golpe franquista, guerrilheiro na França contra a ocupação alemã, ativo militante comunista que após o golpe de 64 no Brasil funda com outras lideranças o PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), foi preso e torturado na década de 60 e, de volta do exílio, tomou parte ativa na construção do PT (Partido dos Trabalhadores).

As páginas de Vale a Pena Sonhar mostram-nos um militante de esquerda com alma de poeta, um revolucionário romântico, um combatente das causas justas, desses que floresceram na primeira metade do século. Viveu inúmeras derrotas, no Brasil, na Espanha, no mundo, algumas vitórias (como a da Resistência Francesa contra a ocupação nazista), mas o que ressalta nessas linhas, escritas com sinceridade e paixão, é o personagem que não se deixa abater, que sabe mudar de rumo, adaptar-se a novos tempos, sem jamais perder o que lhe dá a estatura de um vencedor - a capacidade de sonhar com um mundo mais fraterno e menos desigual.

De tudo Apolônio conheceu: o cárcere, a opressão, a morte de companheiros, os bombardeios fascistas, a dureza da vida clandestina e do exílio. Nunca, porém, se esvaneceu nele a face humana, a alegria de viver, o jeito galanteador, idealista e conciliador, o fervor pela luta em prol dos marginalizados. Nunca se esvaneceu nele, enfim, a esperança e a crença nos destinos da humanidade.

E as memórias de Apolônio de Carvalho ainda abrem espaço para o amor desde os namoricos da adolescência e juventude até a união definitiva com a eterna namorada, a francesa Renée, jovem comunista que já aos 17 anos combatia os alemães em sua terra natal. A tal ponto nestas páginas Apolônio mostra sua paixão por Renée, que por vezes se torna difícil dissociá-los e vê-los separadamente.

A vida de Apolônio de Carvalho, uma das figuras mais marcantes da esquerda brasileira de todos os tempos, confere-lhe autoridade única para seguir afirmando a vitalidade das idéias socialistas, as quais se dedicou com uma bravura e uma lucidez que o leitor poderá verificar nesta fascinante narrativa autobiográfica.





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