Alckmin e Haddad sabem que ceder ao fascismo gera mais fascismo, mas...
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Alckmin e Haddad sabem que ceder ao fascismo gera mais fascismo, mas...


Quando um bando de gente autoritária e disposta a praticar ou legitimar violências exige alguma coisa dos governos, não se pode ceder. Em hipótese nenhuma! Isso já deveria ser sobejamente conhecido pelas décadas de experiência que tivemos com o MST e outros supostos movimentos de "luta pela terra". E os tucanos e petistas sabem disso melhor do que ninguém, embora tenham lutado em campos opostos.

O governo FHC realizou o maior programa de reforma agrária que o Brasil já tinha visto, mas, à medida em que mais e mais famílias eram assentadas, a violência só crescia. Tanto é assim que o número de invasões de terra saltou de 145 para 502 nos anos de 1995 a 1999. Só em 2000 os tucanos se convenceram de que ser generoso com bandos agressivos só serve para incentivar mais pessoas a usar a violência, o que resultou na edição de uma Medida Provisória que eliminou o benefício econômico a ser obtido com invasões. O resultado dessa ação foi que o número de casos de invasão desabou para 236 em 2000, 158 no ano seguinte e para 103 em 2002, conforme dados da Ouvidoria Agrária disponíveis aqui.

Enquanto isso, a abominação ética e política que é o PT explorava a bandalheira de todas as formas. Os radicais do partido apoiavam a violência abertamente, enquanto o dito "PT light" dizia condenar a violência ao mesmo tempo em que culpava o governo pelas invasões, usando o argumento mentiroso de que os investimentos em reforma agrária seriam baixos. Chegando ao poder, Lula deixou de aplicar a Medida Provisória que estava pacificando o campo, o que fez o número de invasões de terra disparar para 222, já no seu primeiro ano de governo, e 327, em 2004. Depois disso, as invasões se estabilizaram num elevado patamar de centenas de invasões anuais, sem tendência de queda.

O mesmo se deu com o Movimento Passe Livre - MPL. Trata-se de uma organização intolerante e autoritária, que se recusa a negociar e convoca gente para ir às ruas com um slogan chantagista: "se a tarifa não baixar, a cidade vai parar". A mesma chantagem expressa no famoso "reforma agrária na lei ou na marra". Assim, quando a violência estourou nas marchas convocadas pelo MPL, seus líderes e representantes avisaram que o governo deveria ceder para evitar a violência e ainda qualificaram as depredações, agressões e até tentativas de linchamento de policiais como "revoltas populares". Exatamente do mesmo modo como os supostos "moderados" do PT faziam diante das invasões de terra dos anos FHC.

Lições da história e lições de política
Nesse sentido, a decisão de Geraldo Alckmin e de Fernando Haddad de baixar as tarifas de transporte público para R$ 3,00 foi desastrosa! Vitorioso, o MPL já avisou que, agora, vai lutar pela tarifa 100% subsidiada e ainda pelas reformas agrária e urbana (ver aqui). Como a estratégia chantagista funcionou uma vez, podemos esperar novas paralisações das principais vias de circulação das grandes cidades, mais depredações, agressões, e assim por diante. Aliás, o MST, acostumado com décadas de tolerância do Estado em relação às suas ações truculentas, já andou bloqueando rodovias para exigir a redução da tarifa de ônibus!

Como tucano, Alckmin sabe que a complacência com grupos chantagistas, autoritários e que justificam a violência mais abjeta só incentiva novos lances de violência e de chantagem. Mas ele é um político. Tal como aconteceu nos anos FHC, os tucanos vão esperar sabe-se lá quanto tempo até que a imprensa e a opinião pública se convençam de que a violência não pode ser tolerada, para só então pararem de ceder ao MPL.

Como aliado do PT, Fernando Haddad está incomodado pelos danos eleitorais que seus antigos aliados do MPL possam provocar, além do prejuízo causado à sua administração pela enorme ampliação dos gastos com subsídios para as tarifas de ônibus. Mas isso também não é novidade para os petistas, como se vê na relação desse partido com o MST. Assim como o aumento das mortes no campo e das invasões de terra não trouxe prejuízos significativos para o projeto de poder de Lula e nem impediu que o MST continuasse a lhe dar apoio, assim também Haddad espera se reeleger, e com apoio de partidos e organizações fascistoides, se usar o dinheiro dos paulistanos para atender às reivindicações insanas desses grupos.

Político é político. O problema todo está na existência de amplos setores da opinião pública e da imprensa impregnados por um estatismo ingênuo, segundo o qual o Estado consegue fornecer bens e serviços de graça, e por uma grande tolerância em relação a discursos e atitudes antidemocráticas e violentas.

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