O artigo que reproduzo a seguir, de autoria de Luciana Coelho, correspondente da Folha de S. Paulo em Washington, é a melhor análise sobre o que foi e o que representa a vitória do candidato democrata nas eleições presidenciais dos Estados Unidos deste ano.
Unidos pela vitória
As previsões se confirmaram, e Barack Obama venceu por uma margem apertada, que reflete um país extremamente dividido em termos políticos, sociais, geográficos e étnicos. Para governar, agora, a palavra de ordem é conciliação.
Foi uma vitória da estratégia mais do que da paixão, calcada em planilhas e mapas mais do que discursos, como um jogo de War. Obama ganhou porque fez uma campanha eficiente e transformou o debate em um julgamento de seu rival, Mitt Romney, e não de seu mandato, como costuma ser em reeleições.
Neste ano, foi mais importante lotar os Estados-pêndulo de comitês e convencer as pessoas a votarem do que convencer o eleitor de que sua proposta era melhor.
Na maior parte do tempo, Romney e Obama se concentraram em assustar o eleitor pintando o rival como uma ameaça (socialista, no caso de Obama, e sem noção do mundo real, do lado de Romney).
A vitória de Obama ontem foi mais motivo de alívio dos que temiam o republicano do que de festa dos que acreditavam no democrata ? e seria o mesmo se fosse o contrário.
Mas como conciliar é preciso (é vital), e o presidente já prometeu chamar seu ex-rival para uma conversa.
?Tenha eu merecido ou não o seu voto, eu escutei sua voz. E voltarei à Casa Branca mais inspirado do que nunca?, disse o presidente. Para mim, foi a frase mais importante de seu discurso. Curar feridas é sua missão número 1, a ver se ele se sai bem.
Se mais pálidas, porém, as promessas de Obama foram também mais realistas. A oposição, que precisa seriamente repensar sua rota, também já ensaia alguns acenos.
Os comentários do governador de Nova Jersey, Chris Christie, sobre o presidente pareceram sinceros e mostram que talvez o país esteja batendo no fundo do poço do entrincheiramento político para agora subir de volta à superfície.
Os republicanos vão recolher os cacos e repensar como ampliar seu discurso, como incluir. Não adianta convidar negros e latinos e mulheres e jovens para falar em sua convenção, é preciso falar PARA negros e mulheres e latinos e jovens.
O partido, como mostram as pesquisas de boca de urna, embranquece e envelhece, e isso é complicado em um país onde as minorias crescem.
A tarefa do presidente não é menos difícil. Ele precisa se reinventar num mundo mais rispido sem perder seu prumo, sem perder aquilo que faz de Obama o Obama ? a capacidade de inspirar.
No discurso da terça, esse Obama renovado se deixou entrever em alguns momentos, ao acenar pela união, ao prometer ouvir e, ao mesmo tempo, afagar a coalizão de minorias (minorias? as mulheres já são maioria) que o elegeu.
Foi uma eleição doída, uma campanha triste de acompanhar, que deixou marcas negativas dos dois lados.
Mas este parece ser um consenso por aqui. E a existência de um diagnóstico comum já é um ponto de partida para a solução.
Assista a seguir o pronunciamento de Obama logo após a confirmação de sua vitória.
Fonte: Folha de S. Paulo - Eleições nos EUA - Decisões em tempos de crise, publicado em 07/11/12.
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