Finalmente – depois de terem sido vítimas durante mais de dois séculos de guerras, invasões e golpes de estado por parte dos Estados Unidos – os povos da Ásia, África e América Latina decidiram que era tempo de acabar com isso. A ideia genial foi a de adoptar os mesmos métodos de Washington, mas para uma causa justa. Assim, constituiu-se um Grupo de Acção para os Estados que, graças a reuniões de peritos, elaborou o plano, denominado "estratégia do Grande Ocidente". A intervenção foi assim explicada: nos EUA está no poder desde há mais de dois séculos o mesmo presidente que, ao personificar-se num político republicano ou democrata, representa os mesmos interesses da elite dominante. A Comunidade internacional deve portanto agir para por fim a este regime ditatorial. Preparando-se para depor o presidente Obama, uma comissão de dissidentes escreveu uma nova Constituição dos Estados Unidos da América, que garante uma democracia real no interior e uma política externa respeitosa dos direitos dos outros povos. Ao mesmo tempo (com a ajuda de peritos consultores cubanos, iraquianos e líbios) o Grupo de Acção impôs um embargo de ferro aos Estados Unidos, congelando todos os capitais estado-unidenses e encerrando todas as actividades das suas multinacionais no estrangeiro, inclusive os
fast food McDonald e os distribuidores da Coca-Cola. Na sequência do bloqueio das especulações financeiras e da exploração da mão-de-obra e das matérias-primas da Ásia, África e América Latina, Wall Street ruiu e a economia estado-unidense afundou na crise. O México foi obrigado a erguer uma barreira metálica ao longo da fronteira, vigiada por veículos e helicópteros armados, para impedir que clandestinos estado-unidenses entrassem no seu território em busca de trabalho.
A estas medidas juntaram-se outras, militares, para atacar no interior conforme a estratégia da "guerra não convencional". Na América Latina foram constituídos campos militares, nos quais são treinados e armados rebeldes estado-unidenses: trata-se sobretudo de nativos americanos, descendentes das populações exterminadas pelos colonizadores e afro-americanos descendentes dos escravos cuja exploração (mesmo após a abolição da escravatura) permitiu às elites dominantes construir fortunas colossais. Sob a bandeira do "Exército americano livre", os rebeldes retornam aos Estados Unidos. Ao mesmo tempo são infiltradas forças especiais africanas, latino-americanas e asiáticas, cujos comandos (escolhidos entre aqueles que dominam a língua) podem ser confundidos com rebeldes estado-unidenses. Eles estão dotados de armamento e de sistemas de comunicação refinados, que lhes permitem efectuar ataques e sabotagens temíveis. Dispõem além disso de grandes quantidades de dólares para corromper funcionários e militares. Como o núcleo duro da Presidência, formado pelos chefes do Pentágono e do aparelho militar-industrial, continua a bater-se, o grupo de acção redigiu uma "kill list" dos elementos mais perigosos, que são eliminados por agentes secretos ou por
drones killers. A batalha já faz estrondo nas ruas de Washington e diz-se que o presidente Obama está prestes a fugir. Londres e Paris estão cada vez mais preocupadas: sabem que são os próximos objectivos da estratégia do Grande Ocidente.