Quando campanha pelo impeachment é golpe e quando não é
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Quando campanha pelo impeachment é golpe e quando não é


Um leitor mandou um comentário ao post anterior, que trata do possível impeachment de Dilma Rousseff, e eu avaliei que a resposta que escrevi merecia estar num post próprio.

Quando lemos o documento "Denúncia por Crimes de Responsabilidade Contra o Sr. Presidente da República, Fernando Affonso Collor de Mello", que serviu de base para a votação que derrubou ele, fica claro que já existem razões mais do que suficientes para, no mínimo, abrir investigação contra Dilma Rousseff. O documento citado está aqui:

De fato, a denúncia contra Collor alegou que: "O impeachment não é uma pena ordinária contra criminosos comuns. É a sanção extrema contra o abuso e a perversão do poder político. Por isso mesmo, pela condição eminente do cargo do denunciado e pela gravidade excepcional dos delitos ora imputados, o processo de impeachment deita raízes nas grandes exigências da ética política e da moral pública, à luz das quais hão ser interpretadas as normas do direito positivo".


Então, se o PT apoiou o impeachment de Collor e agora fala em "golpe", temos aí nada mais nada menos que a enésima demonstração de hipocrisia suja típica de políticos e simpatizantes do PT. Afinal de contas, o "petrolão" sangrou cerca de R$ 21 bilhões da Petrobrás, segundo estimativas baseadas nas delações premiadas, as quais informaram também que parte substancial desse dinheiro foi embolsado pelo partido no poder, inclusive para financiar a campanha eleitoral de Dilma. 

Já existem motivos de sobra para investigar Dilma do mesmo modo que Collor foi investigado: quebra de sigilos fiscal, telefônico e bancário. E, se confirmada alguma das mil denúncias já arroladas oficialmente, abrir processo de impeachment com as mesmas alegações de motivos feitas em 92.

Golpe é isso

Além disso, cumpre dizer que o "Fora FHC" não foi simplesmente "um lema, uma palavra de ordem de sentido simbólico e não efetivo", conforme você escreve, leitor. Quando veio a crise econômica de janeiro de 1999, Tarso Genro apareceu na televisão pedindo a renúncia de FHC por suposta incapacidade para continuar governando. Nessa época, conforme frase que eu reproduzi na barra lateral do blog, José Dirceu e outros políticos petistas defendiam abertamente que FHC deveria renunciar ou então ser submetido a processo de impeachment, posto que a crise estaria tornando o país ingovernável!

Portanto, quando as milícias fascistoides do PT, CUT, MST, UNE e outros "movimentos sociais" bradavam "Fora FHC" nas ruas, era no intuito de convencer a opinião pública de que o país estava ingovernável mesmo para forçar FHC a renunciar ou o Congresso a abrir processo de impeachment.

Então, se nunca chegou-se a abrir processo de impeachment contra FHC, foi porque não havia denúncia de corrupção à época que justificasse isso e também porque a conversa de ingovernabilidade era uma mentira que não colou. O "Fora FHC" foi uma tentativa de golpe, sem sobra de dúvida, mas, como ninguém comprou a ideia de ingovernabilidade, os hipócritas ficaram só no grito.

E dizer que existe um movimento crescente e significativo de pessoas pedindo intervenção militar é falso. São grupos absolutamente minoritários e inexpressivos. Ademais, conforme pesquisa publicada no livro A cabeça do brasileiro (já comentado neste blog) aqueles que tendem a ser mais tolerantes com a corrupção e mais favoráveis à censura à imprensa são as pessoas de baixa escolaridade. Justamente o grupo que elegeu Dilma e que menos tem comparecido às ruas para protestar contra o governo!

Portanto, se quisermos defender a democracia e o Estado de Direito, o brado que deve ecoar mais alto nas passeatas é este: "Fora, Dilma". Nenhum grupo golpista vai se beneficiar disso, pois, na hipótese de as investigações serem feitas, e provarem o mal feito, o novo presidente será Michel Temer, do mesmo modo que o presidente empossado depois da queda de Collor foi o Itamar Franco.

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