Os predadores internos e os inimigos externos
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Os predadores internos e os inimigos externos


Foto: João Rodrigues/Estadão

Depois de um 2014 extremamente agitado, não podia começar o ano sem fazer uma referência ao discurso de posse da presidente Dilma Roussef, principalmente porque uma parte de sua fala em especial só veio a reforçar o meu pensamento para um aspecto que exige a maior das atenções: o cuidado que se deve ter para que os casos de corrupção envolvendo a Petrobras não sejam confundidos com a importância estratégica da empresa para o Brasil como um todo.

Em um mundo cada vez mais marcado pela competitividade, não é a primeira vez que ressalto que o controle do setor de energia é fundamental para a soberania de qualquer país. E se a agressividade é a tônica de nossos dias, quando se trata de petróleo, a principal matriz energética de nossos dias, os "predadores internos e inimigos externos" aos quais a presidente se referia estão longe de representar algum tipo de devaneio em cima de uma tese conspiratória que tenha por fim apenas um justificativa barata para os casos de desvios de recursos públicos do chamado Petrolão.

É claro que os casos de corrupção devem ser investigados e que todos aqueles envolvidos devem ser punidos de forma exemplar, independentemente de quem tenha recebido propina das empreiteiras, participado dos esquemas de lavagem de dinheiro, de contratos fraudulentos ou mesmo do superfaturamento da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

Por outro lado, não se pode perder o foco para o que realmente precisa ser averiguado. Toda essa intensa campanha difamatória desencadeada contra a Petrobras, referência na prospecção de petróleo em grandes profundidades (e olha não vou falar do Pré-Sal), ultrapassa as questões de cunho meramente administrativo e pode perfeitamente atender a interesses maiores e nem tão ocultos assim.

Finalizando, confesso que fico um tanto quanto preocupado quando vejo a ferocidade e a irracionalidade de certas manifestações que associam a imagem da estatal aos escândalos de corrupção. Ainda que a oposição faça a festa com o teor das notícias veiculadas com o maior deleite pela mídia, há que se ter bom senso para que os fatos divulgados sejam analisados com discernimento. Já vi esse filme na década de 1990. E, para o bem do Brasil, seria uma lástima se essa história de dilapidação do patrimônio nacional se repetisse.




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