Micróbios impediram que o petróleo e o gás expelidos do poço em Macondo se tornassem um desastre ainda maior, impedindo que a explosão da plataforma Deepwater Horizon sujasse profundamente a costa do Golfo. No entanto, esses consumidores de hidrocarbonetos contaram com a colaboração do próprio Golfo do México, já que as marés e as correntes predominantes ajudaram a manter os micróbios em atividade, de acordo com resultados de um novo modelo publicado em Proceedings of the National Academy of Sciences, em 9 de janeiro.
Em essência, o estudo procurou responder à pergunta: como cinco famílias de bactérias impediram que 4,1 milhões de barris de petróleo (e bilhões de metros cúbicos de gás natural) se transformassem em um desastre maior? Além disso, por que não extraíram todo o oxigênio da água enquanto trabalhavam?
A dissolução na água assegurou que os 200 bilhões de gramas de hidrocarbonetos injetados no Golfo do México se transformassem, em última instância, em cerca de 100 sextilhões de células microbianas de Colwellia consumidoras de propano e etano, de Cycloclasticus digestoras de aromáticos, de Methylococcaceaa consumidoras de metano e de Oceanospirillales digestoras de alcanos . A mistura na água também assegurou que hidrocarbonetos fossem introduzidos em águas que já continham colônias desenvolvidas de micróbios estimuladas por vazamentos de petróleo e gás anteriores. A equipe de pesquisadores sugere que essa "autoinoculação" ? à deriva de colônias microbiais de volta ao local do derramamento e sua renovada atividade digestiva ? permitiu que os micróbios trabalhassem rapidamente durante os meses de duração do desastre, bem como impedissem que o esgotamento do oxigênio ficasse muito grave em áreas concentradas.
O modelo não é perfeito ? ele não conseguiu reproduzir exatamente as observações do trajeto da mancha de petróleo (e microbiana), mas conseguiu explicar por que o consumo de petróleo e gás pôde acontecer tão rapidamente, mesmo quando são os micróbios (e não humanos) os responsáveis pelo consumo dos hidrocarbonetos.
Scientific American Brasil