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Bonitinho, mas predador
Atirado por acidente na Costa Leste dos EUA, o peixe-leão desceu o Atlântico, deixou um rastro de destruição no Caribe, está perto do Brasil e ameaça a população nacional de lagostas
Wilson Aquino


Um peixe fofinho, de cerca de 30 centímetros, que encanta os aquaristas por causa de suas listras coloridas e barbatanas, é apontado pela comunidade científica como o novo terror dos mares. Desde que foi atirado acidentalmente no Oceano Atlântico, na Costa Leste dos Estados Unidos, o peixe-leão-vermelho, contrariando as expectativas dos biólogos, disseminou-se pela América Central e já chegou à América do Sul, deixando um rastro de devastação que, temem os cientistas, pode causar grave desequilíbrio ecológico. Seu apetite voraz o leva a consumir todo tipo de peixe e organismo marinho que caiba na boca ? seu estômago pode se expandir em até 30 vezes, ou seja, comporta muitos camarões, siris e filhotes de lagosta, as vítimas preferidas. E o pior é que o peixinho está cada vez mais perto do Brasil. Foi avistado na costa da Venezuela, a cerca de 1.500 quilômetros do Amapá.

Nativo das águas quentes dos recifes de corais dos oceanos Índico e Pacífico, ele se adaptou bem à temperatura do Atlântico, onde não para de se multiplicar. ?Como não tem predador natural, exatamente por ser exótico, a população dele cresce muito rápido?, explica o professor do departamento de biologia marinha da Universidade Federal Fluminense (UFF) Abílio Soares Gomes.

O peixe-leão-vermelho também não tem presa específica para devorar. ?Nos Estados Unidos, constataram que apenas um peixe-leão pode arrasar um hectare de corais em uma semana?, alerta a diretora-executiva do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, Sílvia Ziller. O peixe-leão-vermelho também ameaça o ser humano, já que seus espinhos venenosos causam dor intensa. ?Os pescadores do Amapá estão sob risco?, adverte Sílvia.

Revista ISTOÉ




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