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Análise: Violência 'consentida' abre caminho para racha da Ucrânia
DANIEL SANDFORD
DA BBC NEWS, EM SOCHI
O gatilho da recente violência em Kiev parece ter sido a sessão parlamentar da última terça-feira.
O porta-voz da Rada (parlamento), Volodymyr Rybak, se recusou a permitir o debate sobre a movimentação da oposição em prol de emendas à Constituição. Milhares de manifestantes foram à Rada para a sessão e, ao pressionarem a polícia de choque que protegia o Parlamento, o conflito começou.
O que veio a seguir foi impiedoso de ambas as partes. Ao menos 25 pessoas morreram e mais de 200 foram parar no hospital.
Isso não parece mais ser um debate democrático sobre a relação da Ucrânia com a Rússia. É uma violenta luta pelo poder. A violência foi contida - e acontece principalmente em uma área de 4 km2 no centro de Kiev -, mas a determinação dos manifestantes mais ativos não deve ser subestimada, assim como a determinação do Presidente Viktor Yanukovych de sobreviver.
É improvável que algum líder democrático da Europa Oriental ainda estivesse em seu posto se eventos semelhantes ocorressem nestes países. Mas, apesar dos manifestantes violentos, muitos deles inspirados pela política de extrema direita e agora focados na revolução, eles são poucos. Sozinhos não poderiam derrubar o governo.
Mas o que torna a crise tão séria é o apoio silencioso que muitos da Ucrânia oriental, particularmente em Lviv, estão dando à violência.
Isso significa que uma separação entre a Ucrânia oriental e a Ucrânia ocidental está sendo discutida abertamente, apesar de poucas pessoas afirmarem querer isso. Essa separação permitiria que aqueles ao leste continuassem próximos da Rússia e permitiria à Rússia tomar de volta a Crimeia, o que é muito importante para ela historicamente e estrategicamente.
Mas uma separação tranquila sem mais derramamento de sangue é improvável. Não está claro onde as fronteiras seriam. Então, há fortes razões para evitar uma separação já que ela pode levar a uma guerra civil.
Para essa guerra ser evitada, a oposição parlamentar e o governo precisarão em algum momento negociar um acordo, mas os líderes da oposição, Vitaly Klitschko e Arsenity Yatsenyuk, sabem que, se eles fizerem muitas concessões, isso seria visto como uma traição por manifestantes linha-dura.
Tudo isso se parece a um violento jogo de xadrez, e ninguém consegue enxergar muitos movimentos à frente para saber qual será seu resultado.
Folha de S. Paulo
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