Geografia
Metal Pesado e Meio Ambiente
Marina Granado e Sá
Instituto de Biociências ? USP
Há muito tempo o tema metal pesados vêm incomodando e afetando a saúde do homem, já que foram inseridos no meio ambiente devido à poluição causada pelo próprio homem. Uma vez causados os prejuízos à saúde, alguns laboratórios (grupos de pesquisas) passaram a estudar o efeito de metais pesados no homem, porém ainda não é possível fazer estudos diretamente no homem. No entanto, a ingestão de metais pesados pelo homem se dá através da água e neste caso específico a alimentação.
Alguns grupos de pesquisa decidiram desenvolver projetos utilizando crustáceos que são amplamente consumidos no Brasil, principalmente no litoral brasileiro e são considerados animais bio-indicadores, ou seja, a análise de seus tecidos e fluidos (sangue) indicam numericamente o que ocorre no meio ambiente. Mas não é qualquer metal pesado que prejudique o homem, já que o grupo de metais é dividido em metais essenciais e não essenciais, uma vez que os essenciais são como o próprio nome diz, essenciais ao desenvolvimento do organismo como um todo e um exemplo desses metais é cobre, zinco, prata, alumínio, ferro, dentre outros.
Levando-se em conta a aplicação ambiental do estudo, foi desenvolvido um projeto para estudo dos efeitos do cobre em caranguejos estuarinos (mangues) destinados à alimentação e são de importância econômica.
Vocês me perguntam....Por que estudar cobre?
Primeiro porque cobre é um micronutriente essencial ao organismo (de caranguejos porque o cobre auxilia o transporte de oxigênio e em humanos por auxiliar na defesa do organismo contra organismos externos que causam doenças) e depois por ser um metal extremamente presente no meio ambiente devido à poluição do ambiente através de tubos de televisão, fios de telefone, enlatados e etc.
Então, dessa forma, com esse apelo ecológico o grupo decidiu estudar a absorção de cobre através de uma dieta enriquecida em cobre em caranguejos que habitam 3 níveis (locais) diferentes do mangue, isto é, uma espécie habita a região mais úmida, o outro a mais seca e a terceira espécie uma região intermediária entre as duas espécies anteriores.
O estudo de absorção consistiu em alimentar os animais durante 15 dias com 3 diferentes concentrações de cobre. Após este período, os animais foram sacrificados para retirada de tecidos que as pesquisas indicam como órgãos alvo e tecidos que são ingeridos juntamente com a carne (musculatura) durante a alimentação feita pelo homem. Estes tecidos consistem em: brânquias (órgão respiratório, com a mesma função dos pulmões dos humanos), hepatopâncreas (órgão que incorpora fígado e pâncreas), glândula antenal (mesma função dos rins de vertebrados). Uma análise muito importante feita neste projeto foi de análise da hemolinfa (sangue) e fezes, uma vez que os metais também são eliminados nas fezes, e assim contaminam o sedimento que servirá de alimento e substrato dos demais organismos.
Após as análises químicas realizadas nos tecidos citados anteriormente houve correlação da concentração de cobre presente nos tecidos e o nível de terrestrialidade, ou seja, quanto mais terrestre for o animal, menor será a concentração de metal nas brânquias, enquanto que o acúmulo de cobre nas glândulas antenais foi detectado somente no animal que ocupa a área mais terrestre/seca do mangue. Assim, como o sangue do homem, a hemolinfa (sangue de crustáceos) ?transporta? /carrega as moléculas de cobre para os órgãos de acúmulo, bem como brânquias, hepatopâncreas e glândula antenal.
Dessa forma, os resultados obtidos em caranguejos podem ser encontrados em seres humanos. Como?!?!?!? O homem se alimenta de caranguejos que muitas vezes estão contaminados com o cobre, esta contaminação do caranguejo aconteceu no mangue e desse modo, após digestão e absorção há absorção do metal no organismo do homem. Se há aumento da ingestão pode haver alta probabilidade de acumular metal. No entanto, quando há absorção, precisamos lembrar que há eliminação de metal, já que o organismo não absorve 100% de nenhum nutriente. E desta eliminação, as fezes e urina são destinadas à locais de tratamento, porém os tratamentos dados atualmente à água e ao lixo produzido não é suficiente para quebrar as moléculas de metal pesado.
Concluindo o pensamento desta reflexão, o povo precisa se conscientizar de que toda ação gera uma reação, então tudo que acontece com o homem, muitas vezes têm sua origem na poluição gerada pelo próprio homem.
Revista Eletrônica de Ciências
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