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De acordo com o relatório, menos de 90%
da população mundial tem acesso a água por meio de fontes melhoradas.
(Guadalupe Cervilla (CC)) |
O documento, divulgado a cada três anos, aponta uma série de pressões
sobre o recurso hídrico no planeta. Entre os exemplos figuram a má
gestão da água pelos governos e as pressões naturais, produzidas, entre
outras causas, pelas mudanças do clima e pelo aumento da população. A
expansão demográfica é um dos fatores que impulsionam a demanda por
energia, mais água tratada e saneamento no mundo.
Estimativas internacionais apontam que a população mundial aumente em
2,3 bilhões de pessoas até 2050, passando dos 6,8 bilhões de habitantes
registrados em 2009 para 9,1 bilhões. O crescimento deve ser
praticamente todo absorvido nos centros urbanos, em decorrência da
migração de pessoas que atualmente vivem nas zonas rurais. E é nas
cidades que a pressão pelo acesso à água potável e ao saneamento ainda
mantém números mais positivos (94% das pessoas têm fontes melhoradas do
recurso).
De acordo com o relatório, menos de 90% da população mundial tem acesso
a água por meio de fontes melhoradas. A maior parte dessas pessoas está
nos grandes centros urbanos. Na zona rural, apenas 76% da população
podem contar com essas fontes adequadas dos recursos hídricos.
Apesar de ainda ?mais bem servida?, a área urbana abriga o desafio
constante de manter os níveis de atendimento da população em
crescimento. ?Se os esforços continuarem no ritmo atual, os
aprimoramentos nas instalações da cobertura de saneamento básico
aumentarão em apenas 2 pontos percentuais, de 80% em 2004 para 82% em
2015?, mostra o relatório.
A estimativa é tímida diante do cenário de deterioração na cobertura de
água e do saneamento registrado entre 2000 e 2008, quando o número de
pessoas sem acesso às instalações básicas nas cidades aumentou 20%.
?O fornecimento de água e de saneamento tem uma prioridade baixa em
muitos países em desenvolvimento, nos quais os investimentos em saúde e
em educação são frequentemente priorizados?, avaliaram os pesquisadores.
De acordo com o relatório, os investimentos em saneamento básico e no
acesso à água potável vem se reduzindo, enquanto os custos com saúde
aumentam nos mesmos países.
Na América Latina e Caribe, onde vivem 581 milhões de pessoas (metade
delas no Brasil e no México), os índices de pobreza têm se reduzido
continuamente nos últimos 20 anos, mas 30% da população (177 milhões)
ainda vivem em situação de pobreza ou de extrema pobreza ? condições
econômicas nas quais o problema da água tratada e dos esgotos é ainda
mais agravado.
Dados do Ministério das Cidades mostram que no país a distribuição de
água não alcança 81,1% da população e apenas 46,2% dos brasileiros têm
saneamento básico. Do total do esgoto gerado no país, apenas 37,9%
recebem algum tipo de tratamento. Com os investimentos feitos nos
últimos anos as ligações foram ampliadas em 2,2 milhões de ramais de
água e 2,4 milhões de ramais de esgotos. O governo tem defendido que a
cada R$ 1 investido em saneamento é gerada uma economia de R$ 4 na área
de saúde, mas o Brasil se mantinha na nona posição no ranking
mundial ?da vergonha?, com 13 milhões de habitantes sem acesso a
banheiro, segundo estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) em 2010.
Edição: Tereza Barbosa