Cota social pune os pobres que realmente merecem entrar para a universidade
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Cota social pune os pobres que realmente merecem entrar para a universidade


O fator mais importante para o ingresso de pessoas de origem pobre nas universidades é a disposição das famílias para investir em educação, mesmo que isso implique fazer pesados sacrifícios para poupar dinheiro, e cobrar dos filhos resultados na escola.

Como já escreveu Claudio de Moura Castro, os descendentes de japoneses representam só 0,5% da população brasileira, mas chegam a ocupar cerca de 20% das vagas em alguns dos cursos mais procurados das universidades, especialmente na área tecnológica. Os asiáticos conferem uma importância extrema à educação e, por isso, fazem sacrifícios para que seus filhos estudem em boas escolas privadas e exigem deles uma dedicação à altura do investimento. Não é à toa que os dados dos Censos Demográficos e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, demonstram que os amarelos têm mais anos de estudo do que os brancos e, por isso, recebem salários bem mais altos (ver aqui). 


Mas isso não significa que somente os asiáticos agem dessa forma, é claro, pois há famílias pobres ou remediadas de outras origens que, muito embora se esforcem para dar a seus filhos a melhor educação possível, estão sendo punidas pela política de cotas sociais. É o que demonstra uma excelente matéria da jornalista Natália Spinacé, intitulada No limbo das cotas. Abaixo, reproduzo os parágrafos iniciais:
O taxista Alexandre de Oliveira, de 41 anos, e a dona de casa Márcia da Luz Oliveira, de 46, tentaram colocar as filhas Drielly, de 17, e Isabele, de 10, numa escola da rede pública perto do bairro onde moram, em Guarulhos, São Paulo. Mudaram de ideia quando, num dia de chuva, foram chamados à escola para buscar a filha mais velha, na época com 6 anos. "A sala de aula estava inundando, e ela estava em cima da mesa, fugindo da água", diz Márcia. "Depois disso, resolvemos que nos sacrificaríamos para dar condições melhores para nossas filhas estudarem e garantirem uma vaga numa universidade pública." Para pagar o colégio particular e o curso de inglês das duas filhas, Alexandre trabalha 15 horas por dia. A longa jornada é mantida há dez anos e, segundo ele, afeta sua saúde. Alexandre tem dores crônicas nas pernas e está acima do peso. A casa onde a família mora é alugada, e os momentos de lazer são poucos. "A prioridade sempre foi a educação das meninas, e, para isso, abrimos mão de muita coisa", diz Márcia.
O esforço de Alexandre e Márcia para garantir a suas filhas o acesso a uma boa universidade pode ter sido em vão. Com a entrada em vigor da lei de cotas sociais, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em agosto do ano passado, os alunos que fizeram o ensino médio na rede pública têm agora mais chances de conseguir uma vaga em universidades públicas federais.
Defender que o mérito seja o critério definidor das chances de ingresso na universidade não é apenas uma forma de premiar o aluno que se esforça, mas também uma recompensa para as famílias que se esforçam. A política de cotas é perversa por reduzir as chances de ingresso dos alunos cujos pais, embora pobres, pouparam o que tinham e o que não tinham para que eles estudassem em escolas que nem são das melhores da rede privada, mas que ao menos oferecem uma boa infraestrutura. É bem o exemplo do casal citado na matéria. Agora, suas filhas terão de disputar um número reduzido de vagas com os alunos de classe média e alta, os quais estudaram em escolas privadas de primeira linha às quais elas não tiveram acesso mesmo com todo o sacrifício que seus pais fizeram. Muito injusto!




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