Classe D já supera B em poder de consumo
Geografia

Classe D já supera B em poder de consumo


Pela primeira vez essa faixa ocupa segundo lugar no ranking, atrás apenas da Classe C

Pela primeira vez neste ano, a massa de renda das famílias da classe D vai ultrapassar a da classe B, apontam cálculos do instituto de pesquisas Data Popular. Em 2010, as famílias com ganho mensal entre R$ 511 e R$ 1.530 têm para gastar com produtos e serviços R$ 381,2 bilhões ou 28% da massa total de rendimentos de R$ 1,380 trilhão. Enquanto isso, a classe B vai ter R$ 329,5 bilhões (24%). A classe B tem renda entre R$ 5.101 e R$ 10.200.

O maior potencial de compras, no entanto, continua no bolso da classe C: R$ 427,6 bilhões. "Mas é a primeira vez que a classe D passa a ser o segundo maior estrato social em termos de consumo", afirma o sócio diretor do Data Popular e responsável pelos cálculos, Renato Meirelles. Ele considerou nos cálculos a expectativa de 7% para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

De oito categorias de produtos avaliados pelo instituto de pesquisas, em quatro delas o potencial de consumo da classe D supera o da B para este ano. São elas: alimentação dentro do lar (R$ 68,2 bilhões); vestuário e acessórios (R$ 12,7 bilhões); móveis, eletrodomésticos e eletrônicos para o lar (R$ 16,3 bilhões) e remédios (R$ 9,9 bilhões).

Em artigos de higiene, cuidados pessoais e limpeza do lar, os potenciais de consumo das classes D e B são idênticos (R$ 11 bilhões). Os gastos da classe B são maiores que os da D em itens diferenciados: a alimentação fora do lar; lazer, cultura e viagens e despesas com veículo próprio.

A dança das cadeiras das classes sociais no ranking do potencial de consumo reflete, segundo Meirelles, as condições favoráveis da macroeconomia para as camadas de menor renda. Isto é, o aumento do salário mínimo, benefícios sociais, como o Bolsa Família, e a geração de empregos formais.

Entre abril de 2003 e janeiro deste ano, o salário mínimo teve aumento real (acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor ? INPC, que avalia o custo de vida para as famílias com renda entre um e seis salários mínimos), de 53,7%. "Nenhuma categoria teve esse ganho de renda no mesmo período", observa o assessor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sérgio Mendonça. Ele explica que geralmente a renda da classe D está atrelada ao salário mínimo.

Só em janeiro deste ano, por exemplo, foram injetados na economia R$ 26,6 bilhões ou 0,70% do PIB por causa do reajuste de 9,67% do mínimo. Muito provavelmente esse montante foi para as famílias de menor renda.

Além do ganho real do salário mínimo, Mendonça acrescenta dois ingredientes que turbinam o potencial de consumo da baixa renda: a criação de empregos formais e o crédito consignado, aquele com taxa de juros menor em relação à média do mercado, pois o pagamento é feito com desconto na folha de salário das empresas. "Trata-se de uma combinação virtuosa para consumo", diz o economista.

Para Meirelles, do Data Popular, a classe D vive um momento inusitado: tem renda e carência de produtos. Pesquisa nacional feita pelo instituto no segundo semestre do ano passado com 5 mil entrevistados de todos os estratos sociais revela que o déficit de produtos das famílias da classe D é gigantesco, quando comparado com o da classe C.

De acordo com a enquete, 81% das famílias da classe D não têm forno de micro-ondas e aspirador de pó; 82% não possuem TV de LCD(com monitor de cristal líquido, na sigla em inglês) ou de plasma e computador. Já 49% ainda não compraram lavadora de roupa e geladeira. Na classe C, faltam aspirador de pó e forno micro-ondas em 42% dos lares; TV de plasma ou LCD e computador em 40% das casas; geladeira e máquina de lavar roupa em 14% das famílias.

Meirelles observa que, no caso da classe D, a combinação de poder de compra com carência de produto faz com que a renda se transforme rapidamente em consumo. "Já para a classe C, boa parte das compras é de reposição de produtos", diz o diretor do Data Popular. Normalmente esse tipo de compra leva mais tempo para ser feita, mas o valor do produto adquirido é maior. É que, quando o consumidor compra o segundo produto, ele busca equipamento com mais recursos, no caso de eletrodomésticos e eletroeletrônicos.

A máquina de lavar roupa é a estrela do consumo da classe D neste ano. No primeiro semestre, o instituto de pesquisas também ouviu 5 mil pessoas de todos os estratos sociais no País para saber a pretensão de compra do brasileiro. Constatou, por exemplo, que 41% das famílias da classe D pretendem comprar máquina de lavar em 2010. O resultado é quase equivalente à pretensão de compra da classe C para o mesmo produto (49%).

Depois da máquina de lavar, o formo de micro-ondas é o eletrodoméstico mais desejado pela classe D, com intenção de compra de 37% das famílias desse estrato social, seguido pela geladeira (35%), computador (29%), aspirador de pó (28%) e televisão de LCD ou plasma (23%), aponta a pesquisa.

Supermercados. Ao mesmo tempo que o consumidor de baixa renda traça planos para ter a primeira máquina de lavar, ele já ampliou as compras de produtos básicos: alimentos, bebidas e artigos de higiene e limpeza. No primeiro trimestre, as classes D e E aumentaram em 18% a quantidade de produtos de uma cesta com 100 itens básicos e em 15% em valor na comparação com os mesmos meses de 2009, mostra pesquisa da Kantar Worldpanel.No mesmo período, a classe C aumentou em 16% os volumes e em 14% os valores e as classes A e B, em 11% e 15%, respectivamente.

"As classes de menor renda (D e E) foram as que mais incrementaram as compras de alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza no primeiro trimestre deste ano", afirma a diretora comercial do instituto de pesquisa, Christine Pereira. Ela observa que o aumento da renda dos estratos sociais de menor poder aquisitivo permitiu aumentar a aquisição de alimentos mais sofisticados.

Fonte: Márcia De Chiara, de O Estado de S. Paulo




- Como Se Dividem As Classes Sociais?
Muito se fala a respeito das transformações que vem ocorrendo na sociedade brasileira no decorrer dos últimos anos e, mais ainda, da ascensão social da classe C, isto é, a classe média. O interessante é que, com tanta badalação em torno deste...

- Classes Sociais - Você Faz Parte!
Você ouve a toda hora o noticiário falar em classe A, classe B, classe C, classe D, classe E. Você sabe o que isso quer dizer? Sabe a qual classe social faz parte? Para descobrir acesse o texto da Fernanda Salla e leia uma ótima explicação...

- Duarante A Crise De 2009, Um Minlhão De Brasileiros Dixaram De Ser Pobres.
Aos meus deseseis segudores e a que se aventura por aqui, quero dizer que saí alguns dias e não postei durante este tempo. Retorno hoje e vou iniciar as pstagens, aos poucos. Esta é uma boa notícia: A despeito de uma das maiores crises internacionais...

- Ascensão Social No Brasil: Azul Começa Hoje Venda De Passagens Aéreas Em Supermercados
O aumento do poder de compra das classes sociais mais baixas estão provocando mudanças em diversos setores da economia. Num primeiro momento foram os produtos da chamada linha branca (fogões, geladeiras, máquinas de lavar, etc.) que alavancaram os...

- A Nova Classe Média: São 31 Milhões
Tenho passado a vida inteira convivendo com as crises. Ao longo de minha vida, pensava sempre (e já estava quase acostumado) que o Brasil não tinha jeito. Pensava que isso se devesse, aos governos que se sucederam ao longo deste tempo ou devido a...



Geografia








.