Desde os tempos de Villegagnon, é mais do que sabido que os franceses sempre nutriram uma certa simpatia pelas coisas do Brasil. Também é verdade que, revirando o baú da história, a França sempre esteve na vanguarda do pensamento moderno, não combinando em nada com a presença de governos autoritários, conservadores ou reacionários em seus domínios.
E, da mesma forma que croissant e chucrute não se complementam, a subida ao poder do socialista François Hollande fez surgir uma voz dissonante à política de austeridade que tem como sua principal interlocutora a chanceler alemã Angela Merkel.
Esse resgate de uma tradição secular dos bons e velhos franceses pôde ser medido através do primeiro dia de visita oficial ao país da presidenta brasileira, representando uma potência emergente que tem muito o que dizer para aqueles que se vangloriam de seu passado de conquistas nem tão heroico assim.
O discurso afinado entre Dilma e Hollande mostra que não há mais espaço para a adoção de medidas unilaterais em busca da recuperação econômica. Em um mundo cada vez mais "integrado", é necessário que sejam realizados esforços conjuntos em prol do desenvolvimento mundial.
Leia abaixo a matéria publicada no Folha Online e, a seguir, assista a entrevista coletiva dos dois chefes de Estado.
Em visita a Paris, a presidente Dilma Rousseff voltou a defender nesta terça-feira a combinação de medidas de austeridade fiscal e de incentivo ao crescimento econômico como receita para superar a atual crise econômica global. "A responsabilidade fiscal é tão necessária quanto são imprescindíveis as medidas de estímulo ao crescimento", disse.
Dilma discursou no "Fórum pelo Progresso Social: o Crescimento como Saída da Crise", organizado pelo Instituto Lula e pela Fundação Jean Jaurès, em Paris.
Ela também defendeu a criação de uma "efetiva união bancária" na zona do euro como passo fundamental para superar a crise econômica na região, e alertou que cortes radicais de gastos que gerem uma recessão econômica podem agravar a crise, em vez de resolvê-la.
"A recessão econômica e a desordem fiscal tiveram para nós... consequências sociais e políticas muito graves", disse. "O Brasil sabe, por experiência própria, que a dívida soberana dos Estados e as dívidas financeiras dificilmente são equacionadas num cenário de recessão."
Dilma garantiu que o Brasil tem feito sua parte para combater a crise internacional, e tem buscado estimular a expansão da economia, com desonerações de impostos e reduzindo a taxa básica de juros, o que, na avaliação da presidente, tem evitado uma valorização excessiva do real.
"O meu país vem fazendo a sua parte, o que nos permitiu desde o início de 2008 diminuir os efeitos da crise", comentou. "A nossa contribuição nos próximos meses será uma maior aceleração da economia", disse.
A economia brasileira frustrou as expectativas do governo e do mercado ao crescer apenas 0,6% no terceiro trimestre ante o trimestre imediatamente anterior.
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