Secretário do Interior americano, Ken Salazar, se
disse frustrado com trabalho da companhia. (Foto:
Kevin Lamarque/Reuters)
A empresa British Petroleum (BP) concordou em pagar os custos de limpeza do vazamento de óleo que atinge a região do Golfo do México além do limite de responsabilidade de U$ 75 milhões determinado pela lei americana atual. A informação é do secretário do Interior americano, Ken Salazar, durante entrevista neste domingo (23) depois de visitar a sede da empresa em Houston, nos Estados Unidos.
"Pedimos US$ 75 milhões de indenização e eles aceitaram. Pedimos transparência para que divulguem em seu site um vídeo ao vivo sobre o vazamento e eles aceitaram", disse Salazar. Segundo ele, todas as ações da companhia serão acompanhadas de perto.
De acordo com a Lei de Poluição Petrolífera promulgada em 1990 após o vazamento causado pela embarcação Exxon Valdez no Alasca um ano antes, US$ 75 milhões é o máximo de indenização que pode ser cobrada da BP, embora alguns parlamentares tenham sugerido que, dada a magnitude da atual tragédia, o montante deveria ser maior. Representantes da empresa teriam dito que aceitam pagar o que seria uma "multa extra" pela tragédia.
Frustração e ameaça
Salazar manifestou a frustração do governo pelo descumprimento dos prazos da BP para tapar o vazamento, que, segundo a companhia, derrama nas águas do Golfo cerca de 5 mil barris de petróleo por dia. Outros cálculos estimam entre 25 mil e 95 mil barris.
Se acharmos que não estão fazendo o que deveriam estar fazendo, vamos empurrá-los para fora, da maneira adequada"
Ken Salazar, secretário do Interior dos EUA
"Estou zangado e frustrado, porque a BP tem sido incapaz de parar esse vazamento de óleo e de fazer com que a poluição não se espalhe. Estamos tentando há 33 dias, e prazo após prazo têm sido descumpridos," disse Salazar.
"Se acharmos que não estão fazendo o que deveriam estar fazendo, vamos empurrá-los para fora, da maneira adequada", afirmou o secretário.
Os comentários duros de Salazar foram feitos depois das declarações do presidente Barack Obama, no sábado, que disse que o vazamento de óleo foi causado por um "colapso de responsabilidade" na BP. O desastre, ainda em andamento, se tornou uma das maiores prioridades na já lotada agenda doméstica de Obama.
O secretário anunciou que um grupo de cientistas e especialistas de todo o mundo trabalharão com três dos melhores laboratórios do país para encontrar uma solução ao problema. "Se há alguma maneira de parar este vazamento, eles a encontrarão", assegurou.
Trabalhadores contratados pela British Petroleum limpam praia no litoral da Louisiana, nos EUA. (Foto: Lee Celano/Reuters)
Além disso, anunciou que uma equipe de especialistas avaliará o derramamento para determinar quantos litros por dia são despejados no mar. "Haverá uma estimativa do governo dos EUA, e não da BP", enfatizou o secretário.
Empresa reconhece 'catástrofe'
Também neste domingo, o diretor de gestão da BP, Robert Dudley, reconheceu que o vazamento de petróleo é uma grande tragédia. "É uma catástrofe ambiental para BP e para as pessoas que estão trabalhando para tentar conter o derramamento", disse Dudley em entrevista ao programa dominical "State of the Union" da rede "CNN".
Dudley lamentou as críticas que a companhia vem recebendo de distintas comissões e painéis de analistas que ocorreram durante a semana no Congresso dos EUA, porque após um mês do acidente a BP ainda não conseguiu acabar com o vazamento."Estamos mobilizando equipes, máquinas e profissionais de todo o mundo "para interromper o vazamento e depois fazer a limpeza. Não há dúvida que levará tempo até a limpeza total do oceano", admitiu, mas assegurou que existem técnicas para reduzir o impacto no longo prazo.
"Não há ninguém mais desolado com isso do que a BP, ninguém quer mais que a BP que tudo isto acabe", acrescentou o Dudley.
O chefe da Guarda Costeira, almirante Thad Allen, reconheceu no domingo que o governo é obrigado a confiar na BP e no setor privado de petróleo para tentar tampar o poço que jorra, incessantemente. Ao mesmo tempo, a BP disse que o método de contenção que estava tentando usar no fundo do oceano, está captando muito menos óleo do que há três dias.
Engenheiros da companhia estavam preparando outras soluções de curto prazo, sendo que a próxima deverá começar na terça-feira (25). Mas Dudley disse que não havia nenhuma certeza de sucesso nas profundezas nas quais as medidas estão sendo aplicadas -- 1,6 quilômetros de profundidade no Golfo do México.
*Com informações da Reuters e da EFE