Um, dois, feijão com arroz...
Geografia

Um, dois, feijão com arroz...




Vou postar na íntegra uma matéria que achei muitíssimo interessante e que reflete muito bem a mudança dos hábitos alimentares do brasileiro.

O ritmo de vida alucinante nos tem levado a adotar certos costumes em detrimento de outros.

Infelizmente, a forma que temos nos alimentado não está sendo nada saudável, principalmente se considerarmos toda essa loucura que estamos enfrentando em nosso dia-a-dia.

A autoria do artigo é de Daniela Santarosa e sua publicação foi feita no Portal Terra, mais precisamente no suplemento ?Vida e Saúde?.

Vale a pena ler com atenção.

Não é nenhuma novidade afirmar que o padrão alimentar mudou - e muito - no Brasil nas últimas décadas. Com a oferta cada vez mais rica de produtos congelados, industrializados e prontos para o consumo, a tradicional cena do arroz com feijão têm sido cada vez menos freqüente no prato dos brasileiros. Essa mudança é responsável, em parte, pela diminuição do consumo dessa dupla, considerada perfeita em termos nutricionais. Mas será que vale a pena deixar de comer o feijão com arroz de cada dia?

"Os novos produtos alimentares criados pela indústria têm conquistado um público crescente, principalmente nos grandes centros, onde também o fast-food é uma realidade para milhões de brasileiros", afirma Suzana Inez Bleil, mestre em Sociologia Rural pela Unicamp. Segundo ela, devido a essa mudança, não só o feijão, mas também a farinha de mandioca, o arroz e a farinha de milho - alimentos mais tradicionais na dieta do brasileiro - têm amargado uma redução significativa em seu consumo.

Sabe-se que a chamada "dieta ocidental" (rica em gorduras, especialmente as de origem animal, açúcar e alimentos refinados e reduzida em carboidratos complexos e fibras) iniciou nos Estados Unidos, de forma lenta, ainda na segunda metade do século XIX e durante o século XX. Estas mudanças nos países em desenvolvimento ocorreram há bem menos tempo, mas já refletem nos números de mercado: no Brasil, o consumo de feijão, por exemplo, vem apresentando uma curva decrescente nos últimos 40 anos. Já o consumo de arroz - que varia de 74 a 76 quilos/habitante/ano - está estagnado, apenas acompanhando o crescimento populacional, provocando preocupação nos produtores, que não sabem como lidar com os estoques excedentes.

Para se ter uma idéia, na década de 70, o consumo per capita do feijão chegava a 21,50 quilos/ano, conforme dados do IBGE. Nos anos 80, baixou para 16,39 quilos/ano e, na década de 90, teve um ligeiro aumento, para 16,80 quilos/ano. Porém, após o Plano Real, em 1996, o consumo teve nova queda. Hoje, não passa dos 16 quilos/ano. O balanço de três anos do Plano Real feito pelo Ministério da Agricultura mostrou que o consumo per capita de carnes aumentou de 57 para 65 quilos e o de leite, de 111 para 138 litros por ano, com aumento nas vendas de iogurtes (98%), cereais matinais (223%), leite longa vida (148%) e consumo de bebidas esportivas (757%).

Conforme a Embrapa, há argumentos tradicionais utilizados para justificar a redução do consumo de feijão. Os economistas afirmam que o produto tem elasticidade de renda negativa, ou seja, à medida que a renda do consumidor aumenta o consumo do produto diminui. Por sua vez, outros afirmam que ocorreu um crescimento do preço real do feijão em comparação a outros alimentos. Outros ainda apontam a dificuldade de preparo caseiro e o tempo de cozimento que se contrapõe à necessidade de redução do tempo de trabalho doméstico. Além disso, há maior número de pessoas fazendo suas refeições fora do lar e a substituição do feijão por outras fontes de proteína.

O fato mais preocupante desta nova forma de alimentar-se diz respeito à carência de nutrientes, reflexo de uma dieta mal planejada. Uma parcela importante da população encontra-se fora das recomendações para ferro e cálcio, conforme aponta o último "Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar", divulgado pelo Ministério da Saúde e realizado em cinco cidades brasileiras (Campinas, Curitiba, Goiânia, Ouro Preto e Rio de Janeiro). O agravante, segundo o relatório, é que há um consumo desproporcional de gordura saturada e colesterol.

No Rio de Janeiro, por exemplo, 58% dos homens e 43% das mulheres consomem mais do que 300mg de colesterol por dia, bem acima do recomendado pelos médicos. Segundo o estudo, também há uma diferença de padrões alimentares de acordo com a renda familiar. Até meio salário mínimo per capita, o arroz, óleo, açúcar, feijão, leite e macarrão são os alimentos mais consumidos, em ordem decrescente; já para a última faixa de renda (entre 10 e 15 salários mínimos per capita) estes alimentos são pão de forma, arroz, óleo, açúcar, pão francês e leite.

O arroz com feijão ainda são prioridade para os indivíduos de renda menor, de acordo com o levantamento do Ministério. Mas para os mais abastados, estes alimentos ocupam posições menos privilegiadas. Em Campinas (SP), por exemplo, itens como o refrigerante, a bolacha doce e a salsicha estão entre os principais itens que garantem o aporte energético diário dos moradores.


http://saude.terra.com.br/interna/0,,OI918841-EI1501,00-Nao+tire+o+feijao+com+arroz+do+seu+prato.html




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