Carta Maior
11/10/2011
Greve chega ao 15º dia e bancários pedirão audiência com Dilma
Segunda e última proposta da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), com reajuste de 8%, foi feita em 23 de setembro. Bancários querem 12,5%, dizem que já há 9.090 agências fechadas em todo o país e pedem reunião com presidenta Dilma Rousseff. "Estamos sofrendo pressões de todos os lados", diz Carlos Cordeiro, da Contraf-CUT.
Marcel Gomes
SÃO PAULO - Um ato realizado pelos bancários no centro de São Paulo, nesta terça-feira (11), marcou o 15º dia da greve da categoria. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT), há 9.090 agências fechadas em todo o país.
As negociações entre o comando de greve e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) estão suspensas. A segunda e última proposta apresentada pelos banqueiros foi feita em 23 de setembro, quando a oferta de reajuste foi elevada de 7,8% para 8%. O bancários pedem 12,8%, o que garantiria um aumento real de 5%.
"Nós já enviamos uma carta aos bancos solicitando a reabertura das negociações, mas sequer obtivemos resposta", disse à
Carta Maior o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. Segundo ele, a estratégia dos banqueiros tem sido de "ameaças, corte de salários e demissões". "Estamos sofrendo pressões de todos os lados, mas a ordem é reforçar a greve".
Para pressionar por uma nova rodada de negociação, o comando de greve decidiu solicitar um encontro com a presidenta Dilma Rousseff. Os bancários ainda não sabem se o encontro ocorrerá. Mesmo o presidente Lula, próximo aos sindicalistas, costumava optar pela distância durante as greves do setor realizadas em seu governo.
Contatada pela Carta Maior, a assessoria de comunicação da Febraban disse que a entidade mantém sua última proposta e que "não há fatos novos para comentar". O último comunicado oficial divulgado pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), o braço sindical da Febraban, foi divulgado em 29 de setembro.
?A solução não é apresentar propostas sucessivas unilaterais para serem liminarmente rechaçadas, como o foram as duas já apresentadas. Isso criaria mais entraves à negociação e, consequentemente, ao acordo?, dizia o diretor de relações do trabalho da Fenaban, Magnus Apostólico. ?Uma nova proposta deve resultar de negociações, de conversas entre bancos e bancários, que levem à construção de pontos consensuais?.
Além de melhoria salarial, os bancários também focam a pauta da greve em avanço nas condições e relações de trabalho. Eles reclamam da alta rotatividade dos empregados, da pressão pelo cumprimento de metas e da desigualdade de remuneração entre homens e mulheres. Além disso, querem uma maior participação nos lucros e resultados.
Os seis maiores bancos que operam no Brasil (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Caixa, Santander e HSBC) lucraram R$ 25,9 bilhões no primeiro semestre de 2011, alta de 20,11% sobre o registrado no mesmo período de 2010.
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Além dos lucros, alta rotatividade e questão de gênero motivam greve
Fotos: Osíris Duarte/Seeb Florianópolis
Carta Maior
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