Geografia
Sob este frio de Curitiba, evidências contra a tese do aquecimento global antropogênico
Ontem eu vi um pouquinho de neve cair, durante alguns minutos, da janela do meu apartamento. Só deu para molhar o chão já molhado, mas eu jamais tinha visto isso no Brasil. Engana-se, porém, quem pensa que eu vou usar esse episódio isolado para falar contra a tese do aquecimento global antropogênico - AGA. Não sou especialista no assunto, mas nem por isso me rendo à tentação de fazer generalizações a partir de casos isolados quando as estatísticas não vêm em socorro. Ao invés disso, vou lembrar um documentário recheado de estatísticas sobre o assunto, e que já tem alguns anos, intitulado A grande farsa do aquecimento global.
Esse documentário foi exibido recentemente pelo Centro Acadêmico de Geografia da UFPR - Cageo (que merece parabéns pela iniciativa), e pode ser visto também na internet. É um documentário realmente muito bom e, por ser extenso, vou comentar apenas a sequência inicial, de 34 minutos. A única falha nesse trecho do documentário é apelar para uma teoria conspiratória terceiro-mundista no intuito de desqualificar a tese AGA. Trata-se da ideia de que essa tese ganhou força por servir ao suposto interesse de países desenvolvidos de impedir o desenvolvimento de países pobres, especialmente os da África.
Tenham dó! A primeira fragilidade lógica dessa explicação está em pensar o sistema econômico mundial como se fosse o palco de uma guerra em que uns só podem ganhar se outros perderem, o que é completamente falso. Se o documentário ainda tivesse se dado ao trabalho de entrevistar algum teórico do intercâmbio desigual que procurasse detalhar um pouco como e porquê seria assim, vá lá, mas nem isso! Já a segunda fragilidade está em falar dos países desenvolvidos como se fossem agentes econômicos homogêneos, e não entidades políticas sob as quais se relacionam e se organizam instituições públicas e privadas com interesses e modos de ver o mundo heterogêneos e conflitantes, tais como governos, partidos, sindicatos, empresas de diversos setores, ONGs, e assim por diante! São duas simplificações típicas dos debates sobre relações internacionais, por sinal.
Por conseguinte, a maior prova empírica da falsidade dessa explicação é que, desde o final dos anos 70, dois dos países que mais crescem no mundo são China e Índia, justamente aqueles que concentravam as maiores populações de miseráveis do planeta! E esse crescimento, especialmente no caso chinês, vem sendo puxado por vultosos investimentos de multinacionais que têm sede em países desenvolvidos! Se o crescimento de países pobres no sul e leste da Ásia teve um potente efeito dinamizador sobre a economia mundial, beneficiando a todos, quem é que não teria interesse em ver o mesmo florescimento no continente africano?
Vamos ao bom debate
Tirando esse momento infeliz, o documentário, mesmo considerando apenas essa primeira sequência, traz toneladas de bons argumentos e de evidências empíricas para mostrar a falsidade da tese AGA. De forma esquemática, podemos citar os seguintes:
- É mentira que o IPCC reúne de 1500 a 2500 dos melhores cientistas do planeta. Trata-se de uma organização política, não científica, e que classifica como "grande especialista" em clima qualquer profissional que colabore de algum modo com seus trabalhos
- A tese do aquecimento global canaliza recursos para os cientistas que estudam o tema e gerou milhares de empregos no mundo, e não só no campo científico. Logo, é falso supor que os defensores da tese AGA são gente desinteressada em luta contra mercenários das empresas de petróleo
- Os dados recentes depõem contra a tese do AGA, pois o período em que houve maior elevação da temperatura do planeta se deu até 1940, não depois
- Durante a Idade Média, a Europa passou por um período de prosperidade gerado pelo aquecimento do planeta. Naquela época, esse continente era bem mais quente do que nos dias de hoje
- O CO2 representa uma parcela muito pequena dos gases atmosféricos, medida em partes por milhão
- O vapor de água tem muito mais poder para gerar o efeito estufa do que o CO2, e é muito mais abundante na atmosfera do que este último gás. Por que então o CO2 faria grande diferença?
- Os vulcões e os seres vivos emitem muito mais CO2 do que a humanidade. Ainda que esse gás fizesse diferença, por que o homem seria o maior responsável pelo seu nível de concentração?
- Al Gore mentiu ao dizer que os estudos feitos em amostras de gelo comprovam que o aumento do CO2 leva ao aquecimento global. Na verdade, os dados que ele mostrou em seu documentário provam que a relação é inversa: cada vez que o planeta se aquece, ocorre um aumento do CO2 na atmosfera, e com um atraso de aproximadamente 800 anos!
- Isso ocorre porque o aquecimento dos oceanos provoca liberação de parte do CO2 dissolvido em suas águas para a atmosfera, de modo que é o aquecimento do planeta que eleva as concentrações de CO2, e não o contrário. Os séculos de intervalo entre a causa e o efeito se devem ao fato de que, como a massa de água oceânica é muito grande, demora esse tempo para que o aquecimento seja suficiente para liberar CO2 em quantidade significativa
- As variações da atividade solar é que determinaram a elevação recente da temperatura média do planeta. Gráficos exibidos no documentário mostram claramente que as variações da temperatura média do planeta para mais ou para menos não acompanham as mudanças na concentração de CO2, mas seguem bem de perto as alterações nos níveis de incidência de radiação solar.
Encerrando
Não sou especialista no assunto, mas estou entre os céticos quanto à tese AGA. E sou cético pelo simples motivo de que existem toneladas de evidências empíricas para contestar essa tese - e cada vez melhores, já que a elevação das temperaturas médias do planeta parou desde meados dos anos 1990, apesar do grande aumento das emissões de CO2 nesse período. O debate racional sobre o tema prescinde de teorias conspiratórias, tanto do lado dos que defendem a tese do AGA quanto daqueles que, com muitos e bons motivos, a rejeitam.
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