Comemorações dos sudaneses do sul com a independência da região
Imagem capturada na Internet (Fonte: Terra/Mundo)
Como já discutimos, em sala de aula, muitos dos atuais conflitos na África são resquícios da herança colonial deixada pelos colonizadores europeus, os quais dividiram o continente segundo os seus interesses, sem levar em conta as estruturas sociais e econômicas existentes.
O processo de partilha e posse do referido continente teve início na metade do Século XIX, após a Conferência de Berlim (1884-1885), que oficializou a partilha do seu território entre as potências colonizadoras (França, Inglaterra, Itália, Bélgica, Alemanha, Portugal e Espanha).
Partilha do continente africano
Imagem capturada na Internet (Fonte: InfoEscola)
Sendo assim, os colonizadores europeus criaram novas fronteiras, deslocaram e dividiram antigas comunidades africanas, destruindo e fragilizando as suas respectivas estruturas internas, étnicas e culturais, as quais serviram de base e constituíram os atuais países. Daí, o caos, os conflitos gerados e os embates diretos (armados) e/ou indiretos.
Sob este contexto histórico, após anos de conflitos e acordos, hoje, foi proclamada a independência da República do Sudão do Sul, o mais novo país do mundo (o 193º país do mundo, reconhecido pela Organização das Nações Unidas/ONU).
O Sudão, ex-colônia inglesa (1899-1955), situado no nordeste da África, teve sua história colonial assinalada por uma administração desigual, que primava por discriminar o Norte e o Sul sob fortes e rígidas restrições no movimento das populações de um lado e de outro, dentro do território, com notório privilégio à população sudanesa do norte.
A região sul, dominada por savanas e florestas tropicais, é habitada por vários grupos étnicos (negros), predominantemente, cristãos e, também, de religião animista (própria da religião africana). Já a região norte, dominada pelo deserto tem uma população de influência árabe, cuja religião é, mormente, islâmica.
A região sul sempre relutou as tentativas de imposição da lei islâmica do país sobre os povos cristãos e animistas.
Além destas diferenças nas esferas de paisagem e de caráter religioso, as riquezas naturais, também, sobressaem, como - por exemplo ? o petróleo.
Enquanto na região norte se encontram os oleodutos e os portos, que escoam o combustível para o mar Vermelho, cerca de 75% das reservas de petróleo do país se concentram na região sul, sobretudo, em Abyei.
Os conflitos e as duas guerras civis que marcaram a história do país, por mais de cinco décadas, entre o governo sudanês (muçulmano) do norte e os rebeldes dos sul, resultaram em mais de dois milhões de pessoas mortas.
Embora a autonomia da região sul em relação ao Sudão já tivesse sido acordada, entre ambas as partes, em 2005, só hoje - 09 de julho de 2011 - a sua independência foi reconhecida oficialmente pelo governo sudanês e pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Mapa de localização - Imagem capturada na Internet (Fonte: Veja)
No dia 09 de janeiro de 2005, Ali Osman Taha, vice presidente do Sudão e, John Garang, líder do Exército Popular de Libertação do Sudão/SPLA (morto em julho de 2005 em um acidente de helicóptero) assinaram em Nairóbi (capital do Quênia), o Amplo Acordo de Paz, mais conhecido como o Tratado de Naivasha, que concedia a autonomia à referida região (Sudão do Sul).
Diversos chefes de estado africanos e, o então, Secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, estiveram presente na cerimônia de assinatura do Acordo.
No dia 05 de dezembro de 2005 foi assinada a Constituição Interina do Sudão do Sul.
Os ex-rebeldes do grupo do Exército Popular de Libertação do Sudão (SPLA) têm ?controlado? a região sul desde 2005.
O Tratado de Naivasha estabelecia, entre outras medidas, a realização de um referendo popular para este ano, que foi feito no mês de janeiro (07/01), a fim de que a população decidisse pela independência propriamente dita ou pela manutenção da autonomia regional, já assegurada pelo referido Tratado.
O resultado do referendo popular foi favorável à independência da região, contabilizando 98,81% dos votos a este processo de emancipação.
A população sudanesa do sul votando no referendo de janeiro de 2011
Imagem capturada na Internet (Fonte: R7 Notícias)
Sendo assim, a região autônoma do Sudão do Sul passou a ser o mais novo país do mundo, através do reconhecimento de sua independência ocorrida, oficialmente, hoje, a 0h01 (hora local).
Após a divulgação de sua independência em relação ao resto do país, a população comemorou nas ruas.
Embora rico em petróleo, o Sudão do Sul emerge como um dos países mais pobres do mundo. Seus indicadores sociais apontam altas taxas de mortalidade materna, taxas de analfabetismo elevadas, com a maioria das crianças fora da escola, bem como entre as mulheres. O país sofre a falta e precariedade de infraestrutura e de serviços, como na área da saúde e na educação.
Com a morte do ex-líder do Movimento Popular de Libertação do Sudão, John Garang, referenciado pelos sudaneses do sul como herói nacional, o atual líder e general - Salva Kiir Mayardit ? é o presidente da nova República do Sul do Sudão.
Presidente da República do Sudão do Sul Salva Kiir Mayardit
Imagem capturada na Internet (Fonte: Wikipedia)
Dados Geográficos
. Nome oficial: República do Sudão do Sul;
. Capital: Juba (também a maior cidade);
. Área Territorial: 619 745 Km²;
. População: entre 7 500 000 e 9 500 000 (Censo de 2008);
. Densidade Demográfica: 13,3 hab/Km²;
. Idioma Oficial: Inglês e árabe;
. Moeda: Dinar sudanês;
. Limites:
. Norte: Sudão;
. Sul: Quênia, Uganda e República Democrática do Congo;
. Leste: Etiópia;
. Oeste: República Centro-Africana
. Presidente: Salva Kiir Mayardit;
. Vice-presidente: Riek Machar;
. Presidente da Assembleia Legislativa: James Wani Igga.
Fontes de Consulta. Proclamada independência da República do Sudão do Sul - AngolaPress. Sudão do Sul redesenha o mapa da África - Extra. InfoEscola. Sudão do Sul se torna o mais novo país do mundo - Notícias Terra. Presidente do Sudão diz que independência do sul é "realidade" R7 Notícias. Revista Veja. Wikipedia
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