Geografia
Racialismo tenta apartar brancos, negros e pardos, mas é difícil
Comentei no post O Haiti não é aqui que, se nunca houve políticas de segregação racial no Brasil, foi devido à nossa forte miscigenação. E é óbvio que essa miscigenação só é possível graças à convivência de brancos e negros nos locais de trabalho, de moradia e, o que é mais importante, nos mesmos círculos de amizade. Mas o mundo dá muitas voltas, e quem tenta separar brancos, pretos e pardos, hoje, são os racialistas, ou seja, aqueles que insistem em ver o Brasil como um país clivado pelo racismo e que, no intuito de combater esse mal, agem de forma racista! A ironia disso é que, assim como teria sido muito difícil e imprudente segregar as pessoas com base em critérios raciais num país miscigenado, também não é fácil valorizar a cultura negra como se os brancos estivessem excluídos dela. É o que mostra um texto que Reinaldo Azevedo escreveu sobre a discriminação racial na Funarte, o qual reproduzo abaixo.
Boa leitura!
Discriminação racial na Funarte ? 10 bailarinos negros têm espetáculo recusado por ente oficial porque diretor da pessoa jurídica que os representa é? branco!
Reinaldo Azevedo
23/03/2013 às 5:43
Antes que vá ao caso, algumas considerações.
Eu já compro tanta briga, né? Às vezes, confesso, sinto certa preguiça. Mas vá lá? Quando a senadora Marta Suplicy (PT-SP), este monumento do pensamento político nacional ? que ganhou o Ministério da Cultura para apoiar Fernando Haddad ?, lançou o tal ?Prêmio Funarte de Arte Negra?, escrevi o óbvio: ?É discriminação racial!? A portaria é de novembro do ano passado e tem a parceria da Sepir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial). Que se esclareça: não haveria nada de errado em haver um prêmio para manifestações artísticas que tivessem o negro ou a cultura negra como tema ? ou, se quisessem, o racismo. Mas é evidente que ele deveria ser aberto a todos os artistas, com todas as cores de pele que há na raça humana. Qualquer coisa do gênero destinada só a brancos, mesmo promovida por entes privados, terminaria na cadeia.
Aí os cretinos do politicamente correto vomitam: ?Claro! Teria de prender mesmo! Estaria certo! Afinal, branco é maioria!? Pra começo de conversa, diz o IBGE que já não é mais. Ainda que se queira lidar com o conceito de ?minoria sociológica? ? porque discriminada etc. e tal ?, pergunto se não esta subjacente a essa proposta a ideia de gueto, de confinamento. Por que pretos devem concorrer só com pretos? Se a proposta de cotas nas universidades já não se sustenta moralmente, na arte, isso é um escândalo. E é claro que acabaria dando errado.
O primeiro prazo para a entrega de propostas era 4 de janeiro. Prorrogou-se para 4 de fevereiro e, depois, para o dia 25 de março, próxima segunda. Por quê? Por falta de projetos. Sabem por quê? Porque o Brasil, a despeito do que pretendem os racistas às avessas, é um país em que pretos e brancos convivem ? nas artes, diga-se, mais do que em qualquer outra área.
Mas estava lá o edital bucéfalo. Branco está fora! Na Folha deste sábado, informa Gustavo Fioratti o que segue. Volto em seguida.
A Funarte, ligada ao Ministério da Cultura, recusou-se a receber o projeto de dez negros que, sob direção do dançarino Irineu Nogueira, tentaram inscrever o espetáculo ?Afro Xplosion Brasil? no Prêmio Funarte de Arte Negra, cujo prazo de inscrição termina na segunda.Ana Claudia Souza, diretora do Centro de Programas Integrados (CEPIN) da Funarte, disse à Folha que o grupo foi vetado porque está sendo representado pela Cooperativa Paulista de Dança, cujo presidente, o bailarino Sandro Borelli, é branco.
O edital diz que, no caso de representações por pessoas jurídicas, só estão aptas a participar do prêmio ?instituições privadas cujo representante legal, no ato da inscrição, se autodeclare negro?. Ela diz também que os proponentes podem se inscrever como pessoas físicas.
Nogueira considera ?absurdo? o veto. ?Não estou contra a Funarte, estou contra a concepção deste edital que, no afã de fazer uma reparação histórica, não tomou os cuidados para redigir o projeto com cuidado?, diz. Segundo ele, a opção de se inscrever pela cooperativa evitaria o desconto de IR de 27,5 %, que seriam abatidos do orçamento de R$ 150 mil. Segundo Souza, o texto do edital poderá ser rediscutido em suas próximas edições.
Voltei
Dizer o quê? É discriminação racial na veia! Os bananas acreditam que, assim, estão contribuindo, sei lá, para melhorar a condição do negro ou para elevar sua autoestima. Não estão, não! Isso é ruim para um país que tem de se integrar cada vez mais em vez de discriminar. Isso é ruim para a arte, que não pode se fechar num gueto. Isso é ruim para os negros ? menos para os sindicalistas da causa ?, que não podem se ver como um grupo apartado.
Acreditem: coisas assim não se dão nem na África do Sul, que se livrou do odiento apartheid há meros 19 anos. Mais uma contribuição de Marta Suplicy à política, às artes e ao pensamento. O que o Ministério Público fará nesse caso? Nada, ué! E isso também deveria nos cobrir de vergonha.
Por Reinaldo Azevedo
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