A onda de assassinatos a trabalhadores rurais no Norte do País contabiliza mais uma vítima. Obede Loyla Souza, de 31 anos e pai de três filhos, foi executado na última quinta-feira (9), no Acampamento Esperança, município de Pacajá, no Pará. Este é o quinto homicídio no campo registrado no Estado em menos de um mês.
Souza teve o ouvido atingido por um tiro de espingarda, conforme informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT). A Força Nacional levou o corpo do trabalhador, encontrado somente na tarde de sábado (11), para Belém, onde passou por perícia. O sepultamento ocorre nesta terça-feira (14) em Tucuruí.
O assassinato aconteceu por volta do meio-dia no Acampamento Esperança, município de Pacajá. Segundo a CPT, moradores relataram que, no dia do crime, viram uma camionete de cor preta com quatro homens entrando no local. Souza foi executado a 500 metros de sua casa. A entidade ainda não sabe o motivo exato da execução.
- Sabe-se somente que, pelo mês de janeiro ou fevereiro, Souza teria discutido com alguém que representa, na região, o interesse de grandes madeireiros, pelo fato de estarem extraindo madeira de forma ilegal, principalmente castanheira, que é proibido por lei, e por estarem deixando as estradas de acesso ao Acampamento Esperança e aos Assentamentos da região, intrafegáveis nesse período de chuvas - diz a CPT em nota.
No mapa, os lugares onde ocorreram as cinco mortes de
trabalhadores rurais no Pará (foto: reprodução)
Com a morte de Souza, sobe para seis o número trabalhadores rurais assassinados nas últimas três semanas no Norte do Brasil. Além dos 5 casos ocorridos no Pará, foi registrada a morte de Adelino Ramos, o Dinho, líder do Movimento Camponês Corumbiara, executado a tiros no distrito de Vista Alegre do Abunã, Porto Velho (RO), em 27 de maio.
Três dias antes, o casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria Bispo do Espírito Santo foi assassinado próximo a Nova Ipixuna, sudeste do Pará. As vítimas haviam denunciado a extração ilegal de madeira, assim como Obede Loyla Souza.
Naquela semana, no Assentamento Praialta-Piranheira, o mesmo onde morava o casal de extrativistas, foi encontrado sem vida Herenilton Pereira dos Santos. O trabalhador rural era apontado como uma das testemunhas no caso do duplo homicídio.
No dia 2 de junho, o corpo do agricultor Marcos Gomes da Silva foi localizado em uma estrada vicinal, em Eldorado do Carajás, mesmo município onde aconteceu o massacre de 19 sem-terra no ano de 1996. Morta a tiros, a vítima teve a orelha decepada, a exemplo do que ocorreu com o extrativista Zé Cláudio.
Fonte: http://terramagazine.terra.com.br