Geografia
Qual a origem da divisão entre Coreia do Norte e do Sul?
Paula SatoA história da divisão das duas Coreias remonta ao fim da Segunda Guerra Mundial. Desde 1910, o território era ocupado pelos japoneses, que se renderam após a explosão das bombas atômicas. Com a derrota, a Coreia foi dividida entre soviéticos e americanos, exatamente no paralelo 38. A parte que ficava acima da linha imaginária ficou a cargo da União Soviética. Já os coreanos que viviam abaixo da linha passaram para as mãos dos norte-americanos. Em 1948, foram instaurados novos governos nos dois países. Porém, nenhum dos territórios estava feliz com a divisão e ambos queriam controle sobre o país. Em 1950, China e União Soviética ajudaram os norte-coreanos a invadir a Coreia do Sul. Tropas americanas enviaram socorro ao seu território de influência, dando início à Guerra da Coreia. O conflito durou até 1953, quando foi assinado um armistício.
De 1948 até 1980, a Coreia do Norte foi comandada pelo militar Kim Il-Sung, quando o general passou o controle do país a seu filho Kim Jong-Il, que continua no poder. Sob seu comando, a Coreia do Norte permanece como um país socialista dos mais fechados e repressivos do mundo. O governo controla a mídia e impede até que seus cidadãos saiam do país. Hoje, a economia da Coreia do Norte é desastrosa. Com o fim da União Soviética e a falta de parceiros comerciais, o país entrou em uma grave recessão. Enquanto isso, a Coreia do Sul passou por regimes militares ditatoriais por 20 anos e, atualmente, novamente uma república democrática, é um país em rápido desenvolvimento. Apesar de terem se tornado dois países tão diferentes, a separação das Coreias ainda é recente e, para a população civil, o sonho é de um país unificado. "Muitas famílias foram separadas com a divisão do país, mas há um interesse das pessoas em se reaproximar. Desde 2002, os dois governos fizeram acordos que permitiram a viagem de algumas pessoas entre os dois países para se reencontrar", conta Alexandre Uehara, professor de relações internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco e membro do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da USP.
Porém, apesar da vontade popular, hoje os dois países estão mais próximos de um conflito do que de uma aproximação. Isso por que, no momento, a Coreia do Norte ameaça toda a comunidade internacional com testes de armas nucleares e mísseis balísticos. "Há potencial, sim, de que seja iniciado um conflito na região. O governo de Pyongyang é muito isolado e hoje não há nenhum interlocutor que possa negociar com o país. Muitos analistas descartam essa possibilidade por acreditarem que é insano para a Coreia do Norte entrar em um conflito que não pode sustentar. Porém, não se pode descartar essa possibilidade", afirma Alexandre Uehara. O cientista político ainda explica que o governo norte-coreano está usando seu arsenal bélico para ganhar poder na região e que pode tentar exigir mais regalias nas negociações com outros países. "O país é muito pobre, sua população passa fome. Por isso, a Coreia do Norte depende muito da ajuda internacional, principalmente da China e do Japão. E é possível que a nação tente usar seu poder nuclear para barganhar por mais privilégios e até pela possibilidade de negociar diretamente com os Estados Unidos", diz. Porém, se as conversações não trouxerem resultados e os norte-coreanos inciarem uma guerra, o perigo é que ele não fique restrito apenas à Ásia. "Se houvesse o conflito, a China provavelmente se colocaria ao lado do norte, enquanto os Estados Unidos defenderiam o Sul. Seria a terceira maior economia do mundo enfrentando a primeira, o que traria consequências para todo o mundo. Além disso, poderiam se envolver também Rússia, Índia e Paquistão, colocando o Oriente Médio dentro do conflito", diz Alexandre Uehara.
Apesar de tudo isso, será possível imaginar que um dia as Coreias possam se reunificar? No momento, não há nenhum indício de que isso venha a acontecer, mas se a divisão chegasse ao fim, traria vantagem para os dois países. Na conjuntura atual, quem ganharia mais seria a população norte-coreana. "Para se ter uma ideia da diferença econômica entre os dois países, a renda per capita do sul é de 16 mil dólares ano ano. No norte, está em apenas 600 dólares ", explica Alexandre Uehara. Ou seja, para uma nação em dificuldades, unir-se a uma economia emergente poderia ser a salvação. Por outro lado, para os sul-coreanos a unificação significaria paz e maior representatividade na região. "Atualmente, a Coreia do Sul e os países da região vivem sob o perigo constante de um ataque norte-coreano. Se Seul conseguisse eliminar essa ameaça, conquistaria um status mais interessante frente à comunidade internacional", afirma o professor.
Revista Nova Escola
-
Pyongyang - Uma Viagem à Coreia Do Norte
Publicada originalmente em 2003, ?Pyongyang - Uma viagem à Coreia do Norte? é uma história em quadrinhos autobiográfica, do canadense Guy Delisle, que mostra as faces da ditadura comunista no país. Com a abertura do país para investimentos estrangeiros,...
-
Coreia Do Norte: Reencontro Histórico Entre Familiares Separados Desde O Fim Da Guerra Da Coreia
Imagem capturada na Internet para fins ilustrativoFonte: G1 Mundo Há muito tempo, prometi aos meus alunos, publicar uma matéria acerca do encontro entre os parentesque foram separados em razão da Guerra da Coreia (1950-1953) e a divisão da península...
-
Navio Da Marinha Sul-coreana Afunda Perto Da Coreia Do Norte
BBC Brasil 26/03/2010 Navio da Marinha sul-coreana afunda perto da Coreia do Norte Mais de 100 marinheiros estavam a bordo do navio sul-coreano. Cerca de 40 marinheiros estão desaparecidos após o naufrágio de um navio da Marinha sul-coreana nas proximidades...
-
Parada No Tempo, Coreia Do Norte Nunca Esteve Em Paz
DA BBC BRASIL A Coreia do Norte nasceu da Guerra Fria entre o comunismo e o capitalismo e dela nunca conseguiu escapar, mesmo após o fim do bloco comunista. Ao final da Segunda Guerra, a Coreia foi libertada de décadas de ocupação japonesa e parecia...
-
Entenda A Crise Entre As Duas Coreias
DA BBC BRASILA Coreia do Norte realizou disparos de artilharia contra uma ilha sul-coreana, perto da fronteira, voltando a elevar a tensão entre os dois países.A Coreia do Sul respondeu também com ataques de artilharia e colocou o seu alerta militar...
Geografia