Pela primeira vez, o Brasil não aparece no mapa da fome mundial
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Pela primeira vez, o Brasil não aparece no mapa da fome mundial


Imagem: Brasil Bem Social

Eis aí uma notícia que merece ser amplamente divulgada e comemorada por todos aqueles que acreditam que vale a pena continuar lutando por um país mais justo e menos desigual. 

Segundo divulgado na última quarta-feira (16) através de dois estudos desenvolvidos pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Brasil foi citado como um destaque positivo na adoção de programas sociais que tenham por prioridade o combate à fome e a erradicação da pobreza. De 2002 a 2013, a população de brasileiros considerados em situação de subalimentação caiu em 82%.

Esses dois relatórios complementares, intitulados O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo (Sofi 2014 ? sigla do título em inglês) e O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil mostram que 63 países em desenvolvimento em todo o mundo caminham a passos largos para alcançar a meta estabelecida pela entidade de, até 2015, eliminar a fome de forma definitiva. E como informação adicional, não custa lembrar que o Indicador de Prevalência de Subalimentação, medida empregada pela FAO há 50 anos para dimensionar e acompanhar a fome em nível internacional, atingiu no Brasil nível menor que 5%, abaixo do qual a organização considera que um país superou o problema da fome.

Conforme mencionado em cada uma das publicações, o que faz com que o caso brasileiro seja tão especial é o fato de o país ter construído uma estratégia que objetive não só o acesso de todos à alimentação, mas também por ter diminuído de forma muito expressiva os índices de desnutrição e subalimentação no decorrer dos últimos anos.

Segundo a FAO, contribuíram para este resultado:

  • Crescimento da oferta de alimentos: em 10 anos, a disponibilidade de calorias para a população cresceu 10%.
  • Aumento da renda dos mais pobres com o crescimento real de 71,5% do salário mínimo e geração de 21 milhões de empregos.
  • Programa Bolsa Família: 14 milhões de famílias.
  • Merenda escolar: 43 milhões de crianças e jovens com refeições.
  • Governança, transparência e participação da sociedade, com a recriação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).


Leia a seguir o que foi noticiado na versão brasileira da página da FAO.

Cai o número de pessoas que passam fome no mundo

Atualmente, 63 países em desenvolvimento atingiram a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e a América Latina e o Caribe se destacam com os maiores avanços

Cerca de 805 milhões de pessoas no mundo sofrem de fome, de acordo com o novo relatório das Nações Unidas divulgado hoje. O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo (SOFI 2014, na sigla em inglês) confirmou a tendência positiva global de diminuição do número de pessoas que passam fome, reduzindo 100 milhões na última década e mais de 200 milhões em relação a 1990-1992.

A tendência geral na redução da fome nos países em desenvolvimento significa que o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) de reduzir pela metade a proporção de pessoas subalimentadas até 2015 pode ser alcançado ?se os esforços adequados e imediatos forem intensificados", aponta o relatório. Atualmente, 63 países em desenvolvimento atingiram a meta dos ODM, e mais seis estão próximos de alcançá-la em 2015.

O documento aponta que a erradicação da fome requer o estabelecimento de um ambiente favorável e de uma abordagem integrada, o que inclui investimentos públicos e privados para aumentar a produtividade agrícola; o acesso à terra, serviços, tecnologias e mercados; e medidas para promover o desenvolvimento rural e a proteção social para os mais vulneráveis.

O relatório também enfatiza a importância de programas de nutrição específicos, principalmente para corrigir as deficiências de micronutrientes de mães e crianças menores de cinco anos.

O relatório é publicado anualmente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

A redução da fome acelerou, mas alguns países ainda não avançaram

Apesar dos avanços significativos em geral, várias regiões e sub-regiões ainda não avançaram. Na África Subsaariana, mais de uma em cada quatro pessoas permanecem cronicamente subalimentados. Na Ásia, região mais populosa do mundo, 526 milhões de pessoas passam fome.

A Oceania apresentou uma melhoria modesta na prevalência de desnutrição (1,7% de queda), que era de 1 % em 2012-14. Por outro lado, a América Latina e o Caribe se destacam como a região com os maiores avanços globais no aumento da segurança alimentar.

De acordo com o relatório a proporção de pessoas que sofre com a subalimentação na região América Latina e Caribe caiu de 15,3% em 1990/92 a 6,1% em 2012-2014, totalizando 37 milhões, diferente das 68,5 milhões registradas em 1990-92. Isso significa que em pouco mais de duas décadas, 31,5 milhões de homens, mulheres e crianças superaram a subalimentação.

A América Latina e o Caribe também é região que concentra o maior número de países que alcançaram o ODM relacionado à fome. No total, 14 países já cumpriram a meta e, segundo o SOFI, outros três países estão a caminho de alcançar antes de 2015.

O relatório deste ano traz ainda  sete estudos de caso - Bolívia, Brasil, Haiti, Indonésia, Madagascar, Malaui e Iêmen - que destacam algumas iniciativas de como estes países estão combatendo a fome. Os países foram escolhidos por causa de política, economia, diversidades e diferenças culturais, principalmente no setor agrícola.

Brasil: país cumpriu com ambas as metas

Dos países da América Latina e Caribe, o Brasil foi um dos que cumpriu tanto a meta de reduzir pela metade a proporção de pessoas que sofrem com a fome (meta 1C dos ODM) quanto à meta de reduzir pela metade o número absoluto de pessoas com fome (meta CMA). No período base (1990-1992), 14,8% das pessoas sofriam de fome. Para o período de 2012-2014, o Brasil reduziu a níveis inferiores a 5%.

Para a Representante Regional Adjunta da FAO para a América Latina e Caribe, Eve Crowley, a implementação de um conjunto de políticas públicas de forma articulada e integrada, com o estabelecimento de marcos legais e institucionais permitiram os avanços do país na superação da fome. ?Nos últimos anos, o tema da segurança alimentar foi posto no centro da agenda política do Brasil. Isso permitiu que o país alcançasse tanto o primeiro objetivo do ODM como da Cúpula Mundial da Alimentação?, avaliou Eve Crowley.

Os atuais programas que têm como objetivo erradicar a pobreza extrema no país estão focados na vinculação de políticas para o fortalecimento da agricultura familiar com a proteção social de forma inclusiva. ?Há ainda muito a ser feito no Brasil, mas as conquistas estão preparando o país para os novos desafios que deverão enfrentar?, ressalta a Representante Regional Adjunta da FAO.

Fontes de consulta:

FAO
Revista Globo Rural




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