Desde os tempos dos faraós as felucas deslizam pelo Nilo. Graças às suas velas triangulares, os barcos podem ser facilmente manobrados
O Nilo corre por 6.671 km, desde a sua nascente, no interior da África, até o delta no Mar Mediterrâneo. Em suas margens já vivia, há milhares e milhares de anos, um povo admirável: os egípcios.
As pessoas que viviam às margens do Nilo foram as primeiras a dispor de um calendário. Também escreveram antes de todos os outros povos, com uma escrita muito peculiar. Além disso, haviam desenvolvido um sistema unificado de algarismos, medidas e pesos. Como se não bastasse, ergueram obras arquitetônicas grandiosas, templos com verdadeiras florestas de colunas, câmaras mortuárias cheias de ouro e pirâmides esplêndidas: monumentos que ainda hoje nos deixam perplexos e nos quais os pesquisadores continuam fazendo descobertas extraordinárias.
Naquele tempo, em que tudo isso surgia junto ao Nilo, os europeus, por exemplo, ainda viviam em choupanas. Como isso era possível? O que esse rio dava aos homens?
Às margens do Nilo, estende-se uma faixa verde, com até 20 km de largura. Ali crescem algodão, trigo, arroz e milho. Esse pedaço de terra fértil oferecia as melhores condições para uma vida civilizada. E assim, há cerca de 6.500 anos, cada vez mais comunidades se assentavam no vale do Nilo. Vinham das mais diferentes tribos e clãs. Apesar disso, os desentendimentos entre elas eram raros. E por que haveria de tê-los? O deserto mantinha os inimigos distantes. Alimentos havia de sobra. Enquanto os povos europeus preocupavam-se a cada colheita, os egípcios consideravam celeiros cheios uma coisa natural. Nas cheias, o Nilo levava água e aluvião ricas em nutrientes para os campos.
Quando, de julho a outubro, as lavouras estavam inundadas, os egípcios tinham tempo e lazer. Ao observarem as fases da Lua e o nível da água, eles desenvolveram o calendário. Podiam se dedicar ao artesanato artístico, esculpindo fabulosas figuras em marfim ou tecendo os mais finos panos. Mais tarde, centenas de milhares de camponeses tiveram de trabalhar para o faraó. Sem o trabalho deles, os gigantescos templos de Tebas e as pirâmides de Gizé jamais teriam sido construídos.
Vindos de pedreiras, os blocos eram transportados em balsas até o canteiro de obras. As distâncias, algumas vezes, superavam centenas de quilômetros. A madeira vinha até da distante Síria. As pedras preciosas eram trazidas da África central.
Naquela época, o Nilo era uma das maiores e mais importantes rotas comerciais do mundo. Mercadorias de todos os lugares subiam e desciam o rio, proporcionando riqueza e poder ao Egito. Os monumentos e os tesouros dos faraós ainda hoje falam de maneira impressionante daquele tempo.
Revista GEO