O crack e as cracolândias: a globalização como perversidade
Geografia

O crack e as cracolândias: a globalização como perversidade


Gabriel Egidio do Carmo
 Tem uma pedra no meio do caminho

Nossa época é a da globalização virtual. A nossa juventude está mais conectada do que nunca antes na história da humanidade. Mas nem todos os jovens desfrutam destes privilégios e outros se perdem nesse espaço. Na vida real vemos que essa geração vem sendo perdida em outros (des)caminhos. Um destes é tortuoso, cruel e fatal: as drogas. As drogas são feridas sociais. São veias abertas. Dentre todas as drogas, o crack ganhou atenção especial na mídia. E você se cala. Como pode? Porque não entende ou tem medo de entender?

Os jovens de hoje estão mais conectados. As distâncias são encurtadas pela redes de comunicações e de transportes. Mas nesse caminho, que tipo de relações estão sendo construídas? O sensacionalismo televisivo simples e banal, muitas vezes, trata a questão do crack apenas como caso de polícia. É bem mais do que isso. Muito mais. Entre o usuário, o elo mais fraco da corrente, e o grande narcotraficante gira enormes quantias de dinheiro, lucros fabulosos. E toda a sociedade é quem paga os altíssimos impostos desta fortuna ilícita: a perda de uma geração de jovens que poderia contribuir para a construção de um país mais justo e solidário.

E não pense que a sua família está imune desta ameaça. O crack atingem todas as classes sociais. Não existe muro alto o suficiente para evitar que ele chegue até a sua residência. Mesmo aqueles que pensam estar seguros porque tem câmeras de vigilância em frente a seus ?castelos? (a casa do homem é seu castelo) de areia estão enganados. A consciência coletiva dos efeitos devastadores das drogas é necessária. A melhor ação nesse caso é a prevenção. O crack assalta a dignidade humana. E muitas vezes, o assalto é seguido de morte.

Recentemente algumas campanhas veiculadas na mídia, especialmente na televisão que atinge a maioria dos lares brasileiros, alerta a população sobre o risco do consumo do crack. Uma dessas pede aos telespectadores para que não tirem as crianças da sala. São mostradas cenas aterrorizantes de pessoas literalmente destruídas pelo crack. O que é chocante para você? Se você visitasse uma clínica de tratamento de dependentes químicos, pelo sofrimento e pela dor, com certeza entenderia o que falo. Pessoalmente não considero o crack diferente da cocaína ou de outra droga qualquer. Todas causam dependência. É vício do mesmo jeito. Com a única diferença de que o crack vicia quase que instantaneamente, o que a torna mais perigosa, mais letal e acessível a um público maior e de menor poder aquisitivo. O crack é a ?pedra no meio do caminho? da nossa sociedade. As ?crackolândias? continuam a se espalhar por aí. Não é apenas nas periferias das cidades. Nos condomínios, nas festas, nos clubes, nas ruas.... O crack é um problema social.

Consciência e prevenção são atitudes necessárias para evitar a sedução do crack. Uma vez neste mundo a vida parece um pesadelo. Não precisamos de uma pesquisa sobre culpabilidade. A sociedade já condena os usuários de crack. E surgirão mais outros novos usuários. E ninguém assume a responsabilidade e as consequências. O usuário diz que se deixou levar pelas emoções do momento. Você diz que que não tem nada a ver com isso, portanto o problema não é seu. Ninguém tem culpa. Todos tem culpa. Todos e Ninguém não existem. Mas, então deve-se deixar continuar este pesadelo continuar? Que cresça o número de viciados? Que os viciados continuem sendo tratados como lixo? Lembre-se que este lixo é nosso. Só que este é um mundo real e não tem como apagar a ?lixeira?, ?as crackolândias? da vida.

Aqui se põe concretamente a luta pela liberdade. Não será no sentido de a sociedade excluir os jovens usuários de crack, renegando-os. Mas no sentido de libertar estes jovens de sua situação de marginalização: será retirá-los desta situação de degradação humana e evitar que outros entrem nesse caminho. E como fará isso? É sem dúvida, um árduo trabalho.

O governo e as entidades filantrópicas têm um grande campo de ação: dar tratamento aos dependentes. Ao governo cabe também combater rigorosamente o tráfico de drogas de forma implacável. As escolas devem abordar o assunto abertamente com os alunos. Os pais devem conversar mais com os seus filhos e não fugir da questão das drogas. Campanhas de prevenção devem permear todas ações. Parece pouco? É claro, que esta não é uma solução pronta e acabada. São apenas algumas ações necessárias e urgentes.

É preciso criar redes de solidariedade entre todas as esferas de nossa sociedade. Só assim poderemos excluir este triste perfil social de milhões de jovens brasileiros.





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