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Especialistas investigam riscos dos vazamentos de petróleo à saúde humana
Falta de dados sobre o tema surpreende os próprios cientistas e autoridades de saúde em evento nos Estados Unidos
Uma variedade de problemas de saúde causados pela exposição a elementos químicos ameaça os operários e voluntários que atuam na limpeza do petróleo derramado da plataforma Deepwater Horizon. As pessoas que vivem em comunidades da região do Golfo do México também estão em risco.

Mas, segundo pesquisadores e autoridades de saúde que participaram de um seminário realizado em 22 e 23 de junho em Nova Orleans, Louisiana, não existe monitoramento suficiente para se determinar exatamente como as populações vulneráveis podem ser afetadas ? o que levou os especialistas a convocarem agências governamentais e comunidades locais para discutir a saúde humana e, dessa forma, evitar os erros cometidos nos derramamentos anteriores.

No encontro, convocado pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos e organizado pelo Instituto de Medicina, entidade sem fins lucrativos das Academias Nacionais dos Estados Unidos, o secretário de saúde pública do Estado de Alabama, Donald Williamson, lembrou o vazamento do petroleiro Exxon Valdez, em 1989. "Não fizemos o acompanhamento longitudinal de longo prazo que poderia nos ter fornecido os dados de que precisamos agora. Como posso dizer às comunidades litorâneas que tudo vai dar certo? Precisamos responder ao problema com o melhor que a ciência pode oferecer", observou.

Pesquisadores e autoridades da saúde disseram que, assim que possível, serão coletadas amostras de sangue ? inclusive do cordão umbilical ?, do leite materno e de saliva da população costeira do Golfo, o que ajudará a estabelecer dados de base.

"Estamos ansiosos para agir de imediato em nível local, e da forma mais científica possível", declarou Maureen Lichtveld, especialista em saúde ambiental da Universidade Tulane de Nova Orleans.

"Já passou da hora de coletarmos alguns tipos de informação que se tornarão muito importantes. Não sabemos hoje o que iremos precisar nos anos que virão", acrescentou John Bailar III, perito em epidemiologia do Departamento de Estudos de Saúde da Universidade de Chicago.

Os efeitos potenciais para a saúde incluem sintomas respiratórios e náusea ? já reportados por alguns trabalhadores ?, assim como problemas das vias aéreas inferiores decorrentes da inalação de compostos orgânicos voláteis. As comunidades costeiras também poderão sofrer consequências mais graves no longo prazo, como efeitos neurológicos nas crianças e fetos em desenvolvimento, além de mutações genéticas.

Operários em navios próximos aos locais onde as plumas de petróleo continuam emergindo são os que correm o maior risco de entrar em contato com dispersantes químicos concentrados e vapores tóxicos, como o benzeno, um dos hidrocarbonetos voláteis do petróleo.

Mas, como observou Edward Overton, químico ambiental na Universidade Estadual de Louisiana, em Baton Rouge, os pesquisadores estão encontrando dificuldades em quantificar os níveis de exposição a compostos voláteis, dado que o petróleo continua jorrando e a sua distribuição no Golfo não é uniforme.

Os milhares de voluntários e operários federais que limpam o petróleo já degradado, e que, portanto, perdeu muitos dos seus compostos voláteis mais tóxicos, ainda assim podem estar expostos a toxinas ? particularmente os que removem seu equipamento protetor ou não são suficientemente treinados no manejo dessas substâncias.

Os Estados de Louisiana, Alabama, Flórida, Mississipi e Texas têm sistemas próprios de monitoramento da exposição. Os sintomas reportados são registrados em bancos de dados locais, que comparam os relatórios de hospitais, clínicas de saúde e postos de primeiros socorros de todo o Estado. Louisiana também está comparando os relatos de sintomas de doenças respiratórias com os dos últimos três anos, para investigar se houve aumento do número de casos. Até agora, porém, não foram constatadas variações desse número, e as mensurações da qualidade do ar por enquanto também não indicam comprometimento.

Em termos de efeitos de longo prazo à saúde, entre os 38 principais derramamentos de superpetroleiros registrados até hoje em nível mundial, apenas sete foram pesquisados. Um deles foi o do navio-tanque Prestige, que afundou em 2002 ao largo da costa noroeste da Espanha e poluiu milhares de quilômetros do litoral do país e da França.

Os resultados do estudo foram apresentados durante o seminário por Blanca Laffon, toxicologista genética da Universidade de La Coruña. Segundo ela, sua equipe retirou amostras de sangue de voluntários que limparam pássaros cobertos de petróleo durante apenas cinco dias, assim como de operários contratados por vários meses pelo governo para a limpeza de praias e rochas.

Uma das descobertas foi que os dois grupos mostraram aumento de alterações do DNA cromossômico, sendo o aumento diretamente proporcional ao tempo de exposição. Embora os danos tenham sido eventualmente reparados entre os que trabalharam cinco dias, disse Laffon, no segundo grupo o efeito persistiu. A equipe agora analisa novas amostras, retiradas no ano passado, para investigar se os danos continuam presentes.

"Isso não significa que as pessoas que mostraram parâmetros elevados desse dano citogenético irão necessariamente desenvolver câncer. Mas elas têm o risco aumentado, semelhante ao de pessoas que vivem em cidades muito poluídas ou são fumantes", ela observou.

Maureen Lichtveld ressaltou que um dos seus objetivos no seminário seria discutir a estruturação de uma pesquisa semelhante no Golfo do México ? pesquisa que, para alguns participantes, deveria ser coordenada por uma única agência independente.

Debates à parte, uma unanimidade entre os pesquisadores e autoridades da saúde presentes no evento foi a impressionante falta de dados sobre os efeitos da exposição dos humanos ao petróleo.

Jimmy Guidry, diretor de saúde do Estado de Louisiana, foi enfático: "Há muitas coisas que desconhecemos. O que estamos vendo é muito mais que um derramamento ? é um vazamento contínuo de produtos químicos, que tentamos anular com a adição de outros. Estamos nos sentindo como cobaias de laboratório."

Scientific American Brasil




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