Encontrada água congelada pela primeira vez na superfície de um asteroide | ||||||
Themis 24 tem material orgânico e uma camada de gelo, reforçando teorias de que asteroides podem ter semeado a Terra com a água | ||||||
por John Matson | ||||||
Duas equipes de pesquisadores relataram observações complementares do asteroide de 200 km de largura, conhecido como Themis 24, no dia 29 de abril da revista Nature. (Scientific American faz parte da Nature Publishing Group). Ambas as análises são baseadas em observações espectroscópicas do telescópio da Nasa em Mauna Kea, no Havaí, que apresentam características de absorção indicativas de presença de água e compostos orgânicos não identificados. O gelo parece revestir o asteroide inteiro, como uma fina camada de geada. A prova de existência de água no Themis 24 já tinha sido apresentada em conferências pelos dois grupos em 2008 e 2009, mas só agora está aparecendo em uma revista. "Eles encontraram algo que vários pesquisadores, inclusive eu, têm perseguido no Sistema Solar por um longo tempo: água e material orgânico", diz Dale Cruikshank, cientista planetário do Nasa Ames Research Center, em Moffett Field, Califórnia. Esse asteroide possibilitou muitas conclusões, em parte porque compartilha uma órbita semelhante à de alguns dos chamados cometas do cinturão principal, que têm cauda devido ao gelo derretido pelos ventos solares. Já que Themis 24 provavelmente teve a mesma origem, parecia ser plausível que poderia abrigar gelo também. Cruikshank nota que alguns meteoritos contêm água e compostos orgânicos. Agora, parece que o Themis 24 poderia ser enquadrado nesse esquema. "Esses recém-descobertos cometas do cinturão principal, e agora o Themis, são objetos muito interessantes e, potencialmente, uma das fontes dos oceanos da Terra". Os dois estudos dão uma visão bastante abrangente do asteroide. Um deles mostra Themis 24 em vários pontos da sua órbita, em breves intervalos de vários anos, enquanto o outro seguiu o asteroide por várias horas tentando detectar quaisquer alterações na rotação do corpo em seu eixo. "Pensei: deve haver algo nessa família de asteroides que está fazendo esses pequenos objetos se comportarem como cometas", diz Humberto Campins, professor de astronomia na University of Central Florida e coautor do estudo baseado em sete horas de observação do Themis 24 em 2008. Os autores do estudo observaram o asteroide outras sete vezes entre 2002 e 2008, antes de se convencerem. Como os astrônomos conseguem olhar mais longe no Sistema Solar com a constante melhoria telescópios e instrumentação, Campins acha que poderão achar gelo em mais asteroides. Cruikshank diz ser surpreendente descobrir gelo em um corpo sem ar tão perto do Sol, mas observa que tais revelações estão se tornando uma norma: basta olhar para as recentes manifestações de gelo na Lua. "Estamos muito habituados a ser surpreendidos." Scientific American Brasil |