Por quanto tempo o vulcão da Islândia castigará a Europa? | ||||||
Vulcanóloga da Smithsonian explica como essa erupção pode causar perturbações a longo prazo | ||||||
por Katherine Harmon | ||||||
Pelo menos 800 pessoas foram retiradas da área em torno da geleira Eyjafjallajökull (a cerca de 120 km da capital, Reykjavik, e sob o vulcão que está em erupção), para protegê-las de riscos de enchentes. O nível do rio local subiu cerca de 3 metros acima da média, já que o calor vulcânico derreteu a geleira de 200 metros de espessura, criando um escoamento pela montanha, informou aAssociated Press. O tráfego aéreo na Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Países Baixos, Suécia e no Reino Unido está parcialmente suspenso, pois as cinzas vulcânicas resultantes da erupção (que começou na madrugada de quinta-feira) se espalharam cerca de 6 mil a 11 mil metros de altura na estratosfera a partir do meio-dia, em direção para o leste sobre partes do norte da Europa. Essa altitude também é freqüente para aviões comerciais. A intersecção das cinzas vulcânicas (formadas por partículas de silicatos que podem se derreter e desligar os motores dos aviões) com rotas aéreas congestionadas resultou em cancelamento nos vôos, fazendo com que milhares de passageiros que iriam viajar ou retornar para suas casas fiquem nos aeroportos por mais tempo. Por quanto tempo o vulcão continuará a manter os vôos cancelados? Falamos com a vulcanóloga Sally Kuhn, do Museu Nacional de História Natural, da Smithsonian Institution, para obter explicações. A erupção do vulcão Eyjafjallajökull foi uma surpresa? A erupção inicial aconteceu no dia 20 de março e, há poucos dias, tivemos a sorte de que parou. No dia 13, cientistas sobrevoaram o vulcão e não tinham visto qualquer sinal de lava. As pessoas estavam se perguntando se a erupção teria acabado. A atividade migrou do norte para a parte central do vulcão. A qualquer momento pode ocorrer uma erupção sob uma geleira, de grande potencial destrutivo, o que os islandeses chamam de jökulhlaups. Basicamente é uma inundação gigante de água, a partir de um rápido derretimento da geleira. Vulcões em erupção sob o gelo são raros? Não é incomum na Islândia. Certamente é perigoso, pois pode causar inundações enormes e de forma muito rápida. A atual já causou danos. Agricultores locais disseram que os pastos tinham acabado de ficar verdes e agora estão todos inundados de lama. Será que este vulcão glacial pode afetar o ar? Quando vi pela primeira vez a pluma de erupção, era muito branca e rica em vapor. Agora está muito escura e com muitas cinzas. Realmente as cinzas são a causa do problema. Podem entrar nos motores dos aviões e se derreter, fazendo com que o motor pare de funcionar. Mesmo que o avião não perca os motores, ainda haverá danos muito caros. Então aparelhos como helicópteros ou aviões de hélice, que não têm motores a jato, podem voar nestas condições? Não, porque a cinza pulveriza pedras, que podem riscar o pára-brisa. Ela só não danifica a fuselagem. Eu não gostaria de voar em um helicóptero através das cinzas. Por quanto tempo o subproduto dessa erupção vai manter os aviões parados? Isso depende dos padrões climáticos e de quanto tempo a erupção vai durar ? e se não vai continuar tendo componentes explosivos para a erupção. Acho que os passageiros poderão, eventualmente, chegar até seus destinos. Aviões podem ser desviados, mas evidentemente não seria bom para os passageiros que estão a três horas de distância do seu destino terem seus vôos desviados em 10 horas. Qual foi duração da ultima erupção? É muito difícil de dizer. A última erupção foi muito semelhante a essa. Ela surgiu a partir da cratera central em dezembro de 1821 e passou a janeiro de 1823. Não tenho certeza se a magnitude da erupção foi a mesma durante todo o tempo. Mas é muito, muito difícil de prever. Os cientistas estão trabalhando no local. Eles coletaram amostras das cinzas para analisar e ter uma noção se a química é semelhante à da última erupção. Mas isso leva tempo. Eu acho que é muito cedo para dizer muito sobre o que realmente está acontecendo lá. Scientific American Brasil |