Pesquisadores americanos declaram ter ferramentas para parar ? ou amenizar ? fortes tempestades. Mas, seus esforços estão sendo barrados pela falta de recursos e questões legais delicadas. Até recentemente o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos esteve investigando se aplicar aerossóis (partículas suspensas em gás) em nuvens de tempestade ajudaria a reduzir ciclones tropicais. Modelos de computador sugerem que essas substâncias podem gerar ?um impacto considerável na intensidade de um ciclone tropical?, escreve William Cotton, cientista da atmosfera na Colorado State University. Ele e seus colegas revisaram esse trabalho no Journal of Weather Modification e, de fato, a poluição humana pode contribuir para a redução da força das tempestades, incluindo o furacão Irene, em agosto. ?Todos os modelos previam que a intensidade do Irene seria muito maior do que realmente foi?, observa Cotton. Será que isso foi porque eles não contaram com os efeitos do aerossol?
Outras pessoas interessadas em bloquear tempestades em formação ? incluindo o bilionário Bill Gates, da Microsoft ? pensaram em misturar água fria a tempestades quentes para reduzir seu ímpeto. O plano propõe que uma frota de balsas espalhe a água mais fria do oceano, bombeada do fundo, em tempestades que estão se iniciando. O problema com esse processo é que ele pode ser difícil de executar, porque demandaria centenas de dispositivos e porque tempestades são difíceis de rastrear ? atingi-las seria um desafio ainda maior. O conceito será testado de alguma maneira no Hawaii. A Marinha norte-americana planeja enviar um dispositivo protótipo que extrai energia da diferença de temperatura entre a água da superfície e a do fundo do oceano. O equipamento envolverá o bombeamento de água fria para a superfície do oceano, da mesma maneira que seria necessário para parar um tufão.
Seria uma boa ideia dispersar tempestades com água fria? Ciclones tropicais, apesar de toda a sua força destrutiva, são uma das maneiras do planeta de redistribuir calor dos trópicos para os pólos. Acabar com isso poderia ter consequências imprevisíveis. Além disso, mudar o curso de uma tempestade poderia gerar problemas para pessoas que estivessem na nova rota, conforme uma equipe de engenheiros, especialistas em políticas públicas e cientistas da atmosfera escreveram em Environmental Science and Technology em abril.
De qualquer modo, apesar de seu poder, ciclones tropicais são sensíveis. Para explorar essa sensibilidade, cientistas necessitariam de informação precisa sobre o curso de uma tempestade futura, afirma o meteorologista Ross Hoffman, do Atmospheric and Environmental Research. Mas o governo norte-americano tem cortado recursos para os satélites que tornam possíveis esse rastreamento e previsão. Por enquanto, mapas de enchentes e planos de evacuação seguem sendo a melhor proteção.
Scientific American Brasil