Sem usinas nucleares, Japão corta meta de redução de emissões
Desastre de Fukushima provoca paralisação de todos os reatores e leva a aumento do uso de combustíveis fósseis
O Japão anunciou nesta sexta-feira (15) que vai cortar significativamente suas metas de redução de emissão de gases do efeito estufa como consequência do desastre nuclear de Fukushima, há dois anos e meio.
AP
Foto aérea mostra a usina nuclear de Fukushima Daiichi em Okuma, norte do Japão (31/8)
O país havia se comprometido a cortar suas emissões em 25% sobre os níveis de 1990 até 2020, mas promete agora uma redução de 3,8% sobre os níveis de 2005. A nova meta representa na prática uma elevação de 3% nas emissões em relação aos níveis de 1990.
O Japão mantém atualmente todas as suas usinas nucleares paralisadas, o que vem forçando o país a aumentar o uso de combustíveis fósseis. Ao contrário da queima de combustíveis fósseis, a produção de energia nuclear não produz gases do efeito estufa, apesar de gerar resíduos radioativos.
Ao anunciar a mudança de meta, o chefe de gabinete do governo japonês, Yoshihide Suga, afirmou que a meta inicial, estabelecida em 2009 pelo governo liderado pelo Partido Democrático, hoje na oposição, era "totalmente sem fundamento".
"Nosso governo tem dito que uma meta de redução de 25% era totalmente sem fundamento e não era factível", disse ele em Tóquio.
Nível de ambição
Em um discurso na conferência da ONU sobre mudanças climáticas em Varsóvia, na Polônia, o negociador-chefe do Japão afirmou que a mudança foi baseada em novas circunstâncias. "A nova meta é baseada em zero de energia nuclear no futuro. Temos que reduzir nosso nível de ambição", afirmou Hiroshi Minami.
Ele admitiu que a mudança deve ser alvo de críticas, mas disse que a meta será ajustada se a situação das usinas nucleares do país mudar.
Até o terremoto e o tsunami de 2011, que provocaram vazamento na usina de Fukushima, o Japão gerava mais de um quarto de sua energia em usinas nucleares.
Mas desde o desastre, seus 50 reatores foram paralisados para verificações de segurança ou manutenção programada, em meio a uma onda de rejeição popular da energia nuclear.
O último reator em operação, em Ohi, foi desligado em setembro. As companhias de energia já pediram autorização para religar cerca de uma dezena de reatores, mas isso poderia levar tempo por conta das exigências de segurança e das barreiras legais.
O primeiro-ministro Shinzo Abe deseja ver os reatores novamente em operação, já que são uma parte vital de seu plano para reativar a economia.
Desde o desastre em Fukushima, o Japão se viu forçado a importar grandes quantidades de carvão mineral, gás natural e outros combustíveis.
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